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Fala Série! #3 | Orange is the New Black e o que mais assistir na summer season

Bem vindos de volta ao Fala Série!, a coluna quinzenal sobre TV no Observatório do Cinema. Eu não sei exatamente quais são os seus planos para o fim de semana, caro leitor, mas apostaria um bom dinheiro na possibilidade de que um passeio pela penitenciária de Litchfield está entre eles. A quarta temporada de Orange is the New Black chegou ao Netflix essa sexta-feira (17) após um ano de espera, e sabemos que a vontade de maratonar os 13 episódios da vez é forte demais para qualquer seriador resistir.

A julgar pelas críticas publicadas em antecipação a esse quarto ano, a maratona vai valer a pena. A nova temporada de Orange is the New Black conseguiu uma média 86/100 no Metacritic, que reúne as notas dos principais veículos de mídia americanos. É um número maior que todas as anteriores, com exceção da segunda, que levou 89/100 – mas o que exatamente os críticos tiveram a falar sobre o retorno da série da Netflix?

Bom, os jornalistas tiveram acesso apenas aos 6 primeiros episódios da temporada antes do lançamento, então leve essa como uma avaliação parcial (como qualquer review escrito antes do lançamento de uma série, como vocês já devem saber). A crítica mais positiva de todas, do site Newsday, cravou: “Baseado nesses episódios, é possível dizer que Orange is the New Black continua refrescante, engraçada/triste, esperta, inventiva, bem-escrita e, especialmente, bem atuada”.

No quarto ano, a ação começa quando uma nova leva de detentas chega à Litchfield. Ao mesmo tempo, os guardas da prisão fazem greve organizada em protesto à promoção de Joe Caputo (Nick Sandow), e as detentas escapam por um buraco enorme deixado na cerca da prisão por uma equipe de construção e acabam em um lago próximo à penitenciária. Lá, novas amizades são forjadas, e novas rivalidades também – Suzanne e Kukudio encontram uma conexão especial, Black Cindy revela que se converteu ao judaísmo enquanto várias novas detentas são muçulmanas, Alex confronta um assassino de aluguel, e Piper briga com um grupo novo de mulheres latinas. E esse é só o começo.

Os elogios ao quarto anos continuam no review do Cleveland Plain Dealer, em que o jornalista Mark Dawidziak crava: “A coisa mais notável sobre Orange is the New Black é que, conforme o elenco cresce, a série não perde a clareza ou a energia. Jenji Kohan [showrunner de Orange] mantem sua série tão refrescante, atual e importante quanto sempre foi, e isso não é algo que vemos sempre em uma quarta temporada. Se você está procurando sinais de cansaço, não vai encontra-los aqui”.

Quer uma voz dissidente? Por enquanto a única é de Ken Tucker, do Yahoo Movies, que deu a série apenas 3 de 5 estrelas nessa quarta temporada. O jornalista disse que os primeiros episódios tinham piadas no estilo sitcom mais do que antes, especialmente as que se relacionavam com as condições mais apertadas em Litchfield após a chegada das 100 novas detentas. O Yahoo Movies ainda elogiou as partes lidando com Sofia (Laverne Cox), embora elas não sejam tantas quanto o esperado – talvez pela agenda cada vez mais lotada da atriz.

“Eu diria que, se você ama Orange is the New Black, você vai achar a forma como a temporada se desenrola agradável. Se você é um pouco mais cético da força que a série pode manter com o passar dos anos, você pode sentir, como eu, que alguns dos hábitos mais irritantes da série estão mais frequentes. Orange tem a tendência de dar uma característica única a cada personagem, e usá-la até a exaustão”, escreveu o crítico.

E aí, já começou a ver Orange is the New Black? Já terminou? Não duvidamos nada. O quanto a sua percepção da quarta temporada se alinhou com esses críticos? Sofia fez falta ou não? A pergunta mais importante de todas, no entanto, é outra: o que assistir agora? A summer season, quando a maioria das séries está em seu hiato entre temporadas, pode parecer um deserto de opções, mas não é bem assim. Nós selecionamos algumas séries para preencher sua grade nos três meses até o retorno dos principais títulos da TV americana – não fique sem assistir nada quando terminar Orange.

Se atualize em:

Essa é aquela sessão do artigo para os atrasadinhos, que perderam algumas das primeiras estreias da summer season. Para efeitos de nos concentrarmos nas séries estreantes (que são sempre mais interessantes de se analisar, sejamos sinceros), vamos passar rapidinho pelas novas temporadas de séries veteranas que estrearam nesse mês de junho, quando a seca de títulos no ar começou na TV americana:

• Wayward Pines estreou sua segunda temporada no finalzinho de maio, mas vamos colocar aqui só para avisar quem esteve um pouco desligado. Os fãs do primeiro ano devem conferir, especialmente para ver o destino de alguns dos personagens (a participação de Melissa Leo como Enfermeira Pam é especialmente comovente).

• Bloodline, o drama familiar da Netflix, liberou os 10 episódios de sua segunda temporada no final de Maio, com o retorno de todos os atores que praticamente fizeram sozinhos o primeiro ano. A crítica não gostou tanto, e a média no Metacritic é de 60/100, consideravelmente menor que a da primeira temporada.

• UnREAL, o fenômeno da Lifetime, voltou para segundo ano dia 6 de junho, e terá 10 episódios. O retorno mostrou que o escárnio da série continua afiado, e as interpretações mais ainda. Críticas positivas para todo lado deram à segunda temporada uma média 87/100 no Metacritic.

Duas adaptações de quadrinhos dominaram a cabeça dos fissurados em TV geek esse mês. Preacher estreou com seu tom maluco e violento, uma história cheia de reviravoltas que agradou aos fãs. A série da AMC, mesma emissora de The Walking Dead, estreou com números positivos de audiência e deve ter alguns anos pela frente ainda. No próximo domingo, Preacher chega ao seu quarto episódio de dez que formarão a primeira temporada, então ainda dá tempo de se atualizar na série adaptada dos quadrinhos publicados por Garth Ennis entre 1995 e 2000.

Enquanto isso, a Cinemax aposta em um clima mais pesado e menos satírico com Outcast, a elogiada adaptação dos quadrinhos de Robert Kirkman, o autor de The Walking Dead, sobre possessão demoníaca e exorcismo. Os primeiros dois episódios prenderam a atenção do público, e essa sexta-feira viu o terceiro de 10 ser exibido pela Cinemax – vale a pena pegar essa série antes que ela se torne tão grande quanto está destinada a ser. O autor Kirkman escreve alguns dos episódios de Outcast, o que deve explicar a fidelidade aos quadrinhos, uma característica apontada pelos críticos tanto nela quanto em Preacher. Prato cheio para os nerds de plantão.

Em 2010, o filme Reino Animal rendeu uma indicação ao Oscar (e um estrelato tardio) à atriz Jacki Weaver, por interpretar a matriarca de um grupo irresponsável de criminosos, conhecida por todos pelo apelido “Smurf”. Seis anos depois, quando a TNT resolveu adaptar para a TV as aventuras da família Cody, Smurf continua sendo a melhor razão para assistir Animal Kingdom – dessa vez na pele da incessantemente interessante Ellen Barkin (The New Normal), a personagem é divertida e perturbadora, e é impossível tirar os olhos dela. Animal Kingdom exibe o terceiro de 10 episódios da primeira temporada na próxima terça-feira, 21.

Já BrainDead é a nova criação de Robert e Michelle King, o casal responsável por The Good Wife. Uma sátira política afiada que é inteligente sem ser prepotente sobre isso, a série é estrelada por Mary Elizabeth Winstead (Rua Cloverfield, 10) como a irmã deum senador americano que, durante uma pane governamental, descobre um segredo ainda mais perigoso: uma população de insetos comedores de cérebros invadiu Washington, e está transformando políticos normalmente apenas inúteis em radicais ultra-partidários e violentos. A grande sacada da série, de forma bem típica dos King, não é só a mistura de gêneros diferentes e o aceno aos horrores trash por aí, mas o fato de que a salvação da política americana na série não é o idealismo – pelo contrário, é justamente dos idealistas que precisamos ter medo.

Não perca:

Para quem acha que perdeu o trem das estreias de junho, no entanto, pense de novo: o mês ainda tem algumas surpresas para quem ficar atento às programações das emissoras americanas. Tem inclusive uma velha favorita retornando, série estrelada por atriz brasileira, a primeira produção original de Oprah Winfrey, e a segunda temporada de uma aventura que atraiu muita gente no primeiro ano. Confira tudinho abaixo, começando pelas duas veteranas retornando no finalzinho desse mês:

• Pretty Little Liars chega a sua sétima e provavelmente última temporada com uma leva de episódios que a criadora Marlene King chamou de “uma temporada de voltas para casa”. Os retornos são tantos que já não dá para contar: tem ex-namorada da Emily e um par de galãs que fizeram falta nas últimas temporadas. Ansioso para ver a história das Liars chegar a uma conclusão? Aguarde o dia 21 de junho e fique ligado.

• A igualmente amada e odiada Zoo, ficção científica da CBS em que a população animal do planeta inteiro começa a se revoltar contra os seres humanos, atraiu boa audiência para a summer season, e vai retornar para segunda temporada no dia 28 de junho.

Oprah Winfrey produz e estrela Greenleaf, que promete ser um novelão delicioso ao mesmo tempo em que deve discutir questões polêmicas ao retratar uma família dona de igreja evangélica no famoso “cinturão da Bíblia” americano. Se você acha que a Igreja Universal tem poder demais, espere para conhecer e igreja Greenleaf, para onde uma filha pródiga retorna após ficar sabendo do desaparecimento misterioso da irmã. Winfrey interpreta uma sábia tia, que está ao lado da protagonista ao invés de se alinhar às mentiras contadas pelos donos da igreja, também pais da menina desaparecida. Estreia no próximo dia 21.

Já Queen of the South é adaptação de uma telenovela produzida em solo americano, intitulada La Reina del Sur. A ambientação latina foi mantida, e a nossa Alice Braga (Ensaio Sobre a Cegueira) foi escalada no papel principal, Teresa Mendoza, uma mulher mexicana que foge do país após a morte de seu namorado, um traficante de drogas. Na novela de 63 episódios elogiada pelos críticos latinos, Teresa acaba se tornando uma chefona de drogas na Espanha para vingar a morte do seu amado – a primeira temporada, planejada para 13 episódios, estreia dia 23.

https://www.youtube.com/watch?v=1WnLeNWBoMU

Roadies é a primeira investida na televisão de Cameron Crowe, o diretor/roteirista responsável por clássicos como Quase Famosos (2000) e Jerry Maguire (1996). Hospedada no canal a cabo Showtime, a série tem exatamente o tipo de trama bem solta que se pode esperar de uma criação de Crowe: a linha narrativa acompanha uma equipe que ajuda uma banda de rock em sua turnê americana. Com dez episódios confirmados, a atração estrelada por Luke Wilson e Carla Gugino será inteiramente dirigida por Crowe, mas não inteiramente escrita por ele. Já liberado on-line, o primeiro episódio vai ao ar oficialmente no dia 26.

A série de terror Dead of Summer vem de criadores famosos também: Edward Kitsis e Adam Horowitz tocam Once Upon a Time há cinco temporadas com segurança mesmo tendo em vista às múltiplas histórias e personagens retratados pela série. No misterioso trailer, somos apresentados ao acampamento de verão Camp Clearwater, onde as crianças de férias vão encontrar surpresas aterrorizantes em certo verão dos anos 80 – o estilo é bem em homenagem a época, o que, é claro, a gente ama. E Elizabeth Mitchell, a eterna Juliet de Lost, está no elenco! Vale a pena conferir o piloto no dia 28 de junho.

Espere por:

Julho e Agosto são os meses em que a seca dá um pouco de folga, com algumas das séries voltando antes da hora e dando as caras. Vale mesmo assim montar um pequeno guia do que assistir nesses meses, só para não deixar vocês na mão até o retorno definitivo das séries da fall season. Oportunidades não faltam – três séries de prestígio devem estrear nesse período, além de alguns telefilmes importantes (ou não), e do retorno de preferidas do público, seja na Netflix ou na USA, que parece guardar suas melhores séries para a summer season. Vamos lá:

• Marco Polo finalmente chega com a sua segunda temporada, um ano e meio depois da estreia da primeira, em dezembro de 2014. Os 10 episódios do segundo ano serão postados no dia 1º de julho pela Netflix.

• Mr. Robot é outra que retorna às nossas telas depois de alguma espera, estreando uma segunda temporada que foi inteiramente escrita e dirigida pelo criador Sam Esmail. Os 10 episódios começam a ser exibidos no dia 13 de julho.

• Também na USA, Suits chega a sua sexta temporada como uma das séries mais elogiadas do canal, e a precursora de um renascimento da USA continuado por Mr. Robot. Os 16 novos episódios também começam a passar no dia 13 de julho.

• Dwayne “The Rock” Johnson está de volta à segunda temporada de Ballers, sua comédia da HBO. Após um elogiado primeiro ano, Johnson retorna para mais 10 episódios como o ex-jogador de futebol Spencer Strasmore, começando no dia 17 de julho.

• Fear The Walking Dead retorna com os últimos episódios de sua temporada, após hiato que dura desde 22 de maio. Os dois últimos capítulos do segundo ano serão exibidos dia 21 e 28 de agosto.

• O cavalo boca-suja preferido de todo mundo estreia sua terceira temporada dia 22 de julho, quando os novos 12 episódios das aventuras animadas de BoJack Horseman aparecerem na Netflix.

https://www.youtube.com/watch?v=7BnH0NyrwX0

Três aguardadíssimas e prestigiadíssimas séries, duas da Netflix e uma da HBO, chegam às nossas telas entre julho e agosto. A primeira é The Night Of, aposta da HBO para “nova True Detective” – estrelada por John Turturro (Transformers) e Riz Ahmed (O Abutre), a minissérie em 8 episódios mostra todas etapas da investigação de um assassinato. O ponto de vista da polícia, dos advogados do caso, do juiz e do próprio acusado, que passa o tempo aguardando seu julgamento em uma terrível prisão de segurança máxima, são contemplados. Tudo obra de Steven Zaillian (Os Homens Que Não Amavam as Mulheres). Aposta certa para o Emmy 2017.

Stranger Things, da Netflix, é responsabilidade dos irmãos Matt e Ross Duffer (Wayward Pines). Na trama, o desaparecimento misterioso de um garoto coloca uma pequena cidade, e principalmente sua mãe, interpretada por Winona Ryder, em polvorosa – elementos sobrenaturais e muita homenagem aos terrores infanto-juvenis dos anos 80 permeiam a produção, que também terá oito episódios, todos lançados na Netflix no dia 15 de julho.

Também hospedada no serviço de streaming, The Get Down é a nova série de Baz Luhrmann, o visionário diretor de Moulin Rouge! e O Grande Gatsby. Misturando música com drama, como de costume, Luhrmann conta a história de um grupo de jovens vivendo na Nova York falida e decadente dos anos 70, e de como uma geração considerada perdida deu à luz ao punk-rock, ao hip-hop e à disco music. Promete ser uma viagem cultural com o toque de ousadia visual, o ritmo e idealismo que é a marca de Luhrmann, que criou a série ao lado de Shawn Ryan (The Shield) – no elenco, destaque para Jaden Smith, o filho de Will Smith, que co-estrelou Depois da Terra. O primeiro ano terá 13 episódios, mas só os primeiros seis entram no ar no dia 12 de agosto.

E para fechar a nossa coluna, nada melhor do que lembrar que o dia 31 de julho nos trará o presente que é o quarto telefilme da franquia Sharknado, produzida pelo SyFy. A série de filmes trash chega com um título que já é zoação: The Fourth Awakens, trocadilho com a palavra Fourth (“Quarto”, de quarto filme, em inglês) e o título The Force Awakens (O Despertar da Força). No trailer, um stripper de Las Vegas “rebate” um tubarão com a virilha, enquanto faz uma dança sensual. Nada melhor para aproveitar a summer season.

Mas se você não é fã da franquia trash, temos também um telefilme para você. Dia 23 de julho a HBO finalmente estreia Looking: The Movie, que termina a história da série da emissora cortada em apenas duas temporadas. A trama nos dá destinos finais para todos os personagens da comunidade gay de San Francisco que acompanhamos durante a série.

A Fala Série! retorna dia 1º de julho.

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