É no mínimo curioso um filme em que Michael Fassbender (o Magnetto de X-men: First Class) atua com uma cabeça enorme de papel marchê e você não consegue ver nenhuma feição do ator durante a trama. Atraído por histórias nonsense, fui conferir o estranho Frank (2014) que estréia nesta semana no país.
Sob o ponto de vista de Jon (Domhnall Gleeson), um compositor frustrado, acompanhamos sua jornada de abandonar seu emprego típico em escritório com o intuito de integrar uma banda com o nome impronunciável, Soronprfbs. Cheia de integrantes no mínimo excêntricos, somos apresentados ao vocalista da banda que se recusa a retirar a cabeça de papel marche. Frank se alimenta apenas através de canudos e fala com dificuldade através dela também.
Após a saída conturbada do tecladista, que tentou o suicídio diga-se de passagem, John aposta na possibilidade de sair em uma Road trip pela Irlanda com a banda experimental e registrar toda a experiência em seu twitter. Só que a jornada não será fácil, hostilizado, John encontra resistência dos outros membros em aceitá-lo durante uma temporada de exílio em uma casa na floresta para a gravação do álbum da banda. O protagonista aqui representa a “normalidade”, o average Joe, em meio a um ambiente conturbado de personagens instáveis emocionalmente.
Clara, interpretada pela sempre ótima Maggie Gyllenhaal (The dark knight), da o tom de “bitch” a sua personagem e confere bons momentos durante a trama. Particularmente, achei o filme bastante melancólico e arrastado muitas vezes, mas a atuação pé no chão e eficiente de Domhnall Gleeson acaba servindo de contraponto em meio a tanta loucura.
Michael Fassbender tem uma limitação evidente em sua atuação neste filme, privar o ator de mostrar sua face deve ser uma tarefa deveras desafiadora para este passar emoção e conseguir se expressar. Fassbander é um caso a parte, ator de mão cheia, faz o público criar simpatia por Frank e toda a sua excentricidade. O desejo de ver o que ele esconde debaixo da máscara acompanha o filme inteiro e o momento de catarse pode acontecer ou não. Sem spoilers, por favor…
Experiência para poucos, Frank deve ser apreciado para aqueles que apostam em uma diversão maluca e muitas vezes sem pé nem cabeça, com o perdão do trocadilho.
Por Marcello Azolino
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