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MCU completa 10 anos com sucesso, mas desperdiçando personagens

O grau de coesão construído ao longo dos últimos dez anos no Universo Cinematográfico Marvel é indiscutível. Trabalhando com heróis, à época, mais desconhecidos pelo público geral, a Marvel Studios os tornou famosos – agora, todos conhecem o Homem de Ferro, Thor, Viúva Negra, Capitão América e até o Gavião Arqueiro. Ao longo desse tempo, no entanto, não há como olhar com certa tristeza para todas as oportunidades perdidas, especialmente quando levamos em conta as séries da Netflix baseados em quadrinhos da editora.

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Há uma certa limitação na expansão promovida por cada filme do MCU, até mesmo quando lidamos com os filmes mais “cósmicos”, como Guardiões da Galáxia e Thor: Ragnarok. Ainda que esses tenham introduzidos diferentes planetas, raças e mais, eles não soam realmente importantes para o quadro geral, possivelmente causado por uma demora em vincular as histórias da Terra, com as que se passam no espaço.

Peguemos os filmes dos Guardiões da Galáxia. Eles são fechados em si, como deveriam ser, mas é como se a Terra sequer existisse, há referências, piadas envolvendo o que há em nosso planeta, mas são como setores diferentes de uma grande história, a tal ponto que sequer precisariam fazer parte do mesmo Universo não fossem os filmes crossover.

A Marvel/ Netflix

Onde isso fica mais evidente, claro, é nas produções da Netflix: Demolidor, Jessica Jones, Luke Cage, Punho de Ferro, O Justiceiro e Os Defensores. Mesmo com alguns eventos cataclísmicos, brigas entre super-heróis, destruição de prédios em Nova York, não há mais que passageiras menções ao Universo Cinematográfico Marvel. Mesmo ao enfrentarem grandes ameaças, ninguém considera, por um breve momento, chamar os Vingadores ou algo assim. Por sinal, nem mesmo o Homem-Aranha, o Amigão da Vizinhança, que mora a quadras do Demolidor, dá as caras em qualquer momento.

Sim, a intenção é garantir a importância desses heróis em contextos específicos, mas para propriedades que dão tanto dinheiro para a Disney, não custava entregar ao mínimo um crossover, ou dar um “upgrade” em certos heróis das telinhas, os movendo para o Cinema, mesmo que temporariamente. Ao invés disso, o que temos, são dois universos distintos, o televisivo e o cinematográfico, que os produtores continuam a insistir em chamar de uma coisa só, embora, na prática, sejam apenas alguns easter-eggs inseridos aqui e ali. Se formos levar em conta que tais referências significam que se trata de um universo só, então o Superman existe no filme do Venom, afinal, em certo momento uma personagem fala de kryptonita no meio do filme.

Essas interações, que, apesar dos pedidos dos fãs, jamais devem acontecer, garantiriam histórias diferenciadas, uma fuga daquela fórmula que todos reclamam. Filmes sobre duplas, trios, ou até outras equipes temporárias fugiriam da mesmice que alterna entre filmes de origem e continuações, com ocasionais “filmes eventos” (vide Guerra Civil) no meio. Mais importante ainda, ofereceria motivos a mais para assistirmos certos filmes, afinal, nem tudo no MCU é realmente necessário.

Uma Guerra Civil de Verdade

Permitindo essa quantidade maior de heróis, o Universo Cinematográfico Marvel poderia ter entregado uma Guerra Civil de verdade e não a briga de rua que vimos no filme. Ainda que esse tenha gerado consequências para os Vingadores, não vimos muito mais que isso. Aliás, alguns filmes posteriores sequer são muito afetados e poderíamos ver esse filme depois, muito depois.

Por sinal, toda a questão principal da Guerra Civil sequer é mencionada nas séries da Marvel/ Netflix, que sequer reconhece a existência da Shield e olha que temos Agents of Shield para criar ainda mais conexões.

A mera presença do Justiceiro, do Demolidor, Punho de Ferro, dentre outros no cenário da Guerra Civil teria alterado o filme significativamente. Outra possibilidade seria a Marvel seguir os moldes dos quadrinhos, com histórias individuais mais conectadas com um evento central. Com isso, há uma nítida falta de consequências maiores, que tornam todas essas empreitadas menos impactantes, tirando boa parte da relevância de certos filmes ou acontecimentos.

O problema de Guerra Infinita

Por falar em consequências, chegamos no que pode ser o maior erro do Universo Cinematográfico Marvel e que depende de como tudo será abordado em Vingadores 4.

No fim de Vingadores: Guerra Infinita, e até mesmo antes disso no filme, vimos inúmeros heróis perdendo as suas vidas. Ainda que sua continuação estreia somente um ano depois, é praticamente certo que a maioria desses heróis vão voltar à vida, tirando todo o peso das ações de Thanos, já que nenhum filme se passa entre Guerra Infinita e Vingadores 4.

Não custava fazer algumas produções que nos deixassem sentir mais essa perda, mas a Marvel optou pelo caminho mais seguro, chegando a lançar Homem-Formiga e a Vespa, que acaba quando o estalar de dedos do Thanos ocorre. Faltou coragem em fazer filmes sem alguns dos heróis de destaque, explorar mais esse período conturbado. A solução logo aparecerá no filme de 2019 e, quando esse estrear, pode ser que toda a Guerra Infinita seja apagada – ao menos essa é uma das muitas teorias dos fãs.

Esse seria o tempo de desenvolver alguns personagens secundários. O filme da Viúva Negra, ou um do Gavião Arqueiro se encaixaria bem aqui, especialmente com todo o caos, que deve abrir brecha para tudo quanto é tipo de criminalidade na Terra.

Além disso, poderíamos ver um retorno glorioso de certos personagens em Vingadores 4. O que ganhamos no lugar? Oportunidades perdidas, personagens desperdiçados e histórias óbvias.

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