Durante os primeiros anos do reinado do Marvel Studios como a maior potência cinematográfica do nosso século, a construção do universo estendido de heróis e vilões da franquia era feita de modo bastante convencional – filmes separados para determinados personagens, como os três Homem de Ferro, os dois Thor e o primeiro Capitão América; eventuais aparições que os interligavam, especialmente da parte de Nick Fury e da Viúva Negra, evidenciando a S.H.I.E.L.D. como a liga que unia a história maior da franquia; e a convergência de todos (ou quase todos) em uma só aventura, sob o nome da superequipe Os Vingadores.
A coisa começou a mudar de figura, talvez, em Capitão América: O Soldado Invernal, o primeiro filme de um personagem específico da Marvel (e não de uma equipe) que de fato pareceu ter impacto decisivo para além do universo particular daquele personagem.
Sem contar que o escopo, a grandeza das cenas de ação e a coesão com o restante do universo Marvel foram sublinhadas no segundo filme do Capitão – de certa forma, O Soldado Invernal se pareceu com um mini Vingadores, guardadas as devidas escalas. A direção dos irmãos Russo tem muito a ver com isso, mas o filme serviu de gatilho para a Marvel recriar, no cinema, os “grandes eventos” que reúnem todos os seus personagens nos quadrinhos. E o resultado disso é Guerra Civil.
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Adaptar a polêmica saga dos quadrinhos para o cinema não é exatamente o que a Marvel busca aqui – a versão cinematográfica da obra de Mark Millar provavelmente vai ter enormes diferenças em relação à série publicada entre 2006 e 2007. Na verdade, o que Guerra Civil fará é emprestar a premissa básica da história de Millar e transformá-la a seu bel prazer para os benefícios da franquia, centrando a história no Capitão, inserindo a continuação de seu “resgate” do Soldado Invernal/Bucky, mas abrindo espaço para a participação de toda a gama de heróis da Marvel no processo. As honrosas exceções, como todo mundo já sabe, são Thor e Hulk, que aparecerão juntos em Thor: Ragnarok, no ano que vem.
A ausência dos dois integrantes dos Vingadores, no entanto, não significa que Guerra Civil não possa ser o primeiro “evento” de alçada global da Marvel fora da franquia da superequipe. É bem fácil de entender, e não é só sobre o número de personagens: enquanto os eventos de Thor, Homem de Ferro ou Homem-Formiga impactavam apenas colateralmente o universo estendido da franquia, em Guerra Civil os personagens não só estão quase todos a bordo, criando capítulos novos para suas próprias histórias, como devem passar por momentos transformativos como personagens.
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A pouco mais de dois meses da data de estreia do filme (28 de Abril!), talvez este seja o momento de ficar mais empolgado.