Freddie Mercury faleceu em 1991, e deixou para trás um legado inegável para a comunidade artística e a cultura pop. Até hoje, os hits do cantor são ouvidos no mundo todo.
Assim como muitas outras estrelas, Freddie Mercury brilhou forte e morreu jovem. O artista faleceu devido a uma broncopneumonia causada pela AIDS.
O cantor ganhou uma homenagem no filme Bohemian Rhapsody, no qual foi interpretado por Rami Malek, que ganhou o Oscar de Melhor Ator por sua performance.
No entanto, uma das partes mais tristes da história de Freddie Mercury foi deixada de fora do filme; confira abaixo!
Preconceito e tristeza
Freddie Mercury, assim como inúmeros homens e mulheres nos anos 80, não foi apenas uma vítima de uma pandemia, mas das falhas e do descaso de um governo que ignorou o sofrimento de seus cidadãos.
A incompetente e cruel resposta inicial do governo britânico e organizações de saúde mundiais à pandemia do HIV ajudou a selar o destino do vocalista do Queen. E nada disso foi mostrado em Bohemian Rhapsody.
Nos anos 80, quando a epidemia de HIV começou a ser sentida nos Estados Unidos e Inglaterra, os governos apenas viraram as costas para aqueles que sofriam.
Obviamente, isso aconteceu pois as primeiras comunidades afetadas já eram estigmatizadas e sofriam com o preconceito da sociedade geral.
Grande parte do público acreditava que as pessoas contraíam HIV como uma espécie de “punição”, já que se envolviam em “comportamentos de risco”. A AIDS não era vista como uma ameaça para “pessoas normais”.
Sendo assim, governos e a sociedade civil deixaram as vítimas do HIV à sua própria sorte. Na época, o preconceito era tão grande, que a doença passou a ser conhecida como GRID, uma sigla que significa “imunodeficiência relacionada aos gays”.
O primeiro caso de HIV reportado no Reino Unido aconteceu em 1981. Em 1985, a então primeira ministra Margaret Thatcher tentou impedir uma campanha para a promoção do sexo seguro e uso de camisinha. Para ela, isso influenciaria os adolescentes a fazerem sexo.
A resposta absurda do governo fez aumentar os números de vítimas fatais da doença e seus desdobramentos. A catástrofe de saúde pública matou mais de 36 milhões de pessoas no mundo todo, um saldo de mortes que se equipara ao da Primeira Guerra Mundial.
Bohemian Rhapsody
Esse preconceito da sociedade e resposta pífia do governo deixou Freddie Mercury e outros homens em uma situação precária.
Sem informações sobre os métodos de contágio e a prevenção, a exposição ao vírus era excessiva e perigosa.
Diagnosticado em 1987, Mercury não viveu para presenciar a criação do coquetel antiretroviral que poderia ter salvado sua vida.
O vocalista do Queen não sofreu apenas com os efeitos do HIV, mas também com a intolerância da sociedade.
Nada disso é mostrado em Bohemian Rhapsody, que cita a homofobia de maneira extremamente sutil — o que pode até ter passado despercebido pelos fãs.
Em 1988, o Reino Unido promulgou uma notória lei anti-gay, que declarava que “o estilo de vida homossexual não deveria ser divulgado na sociedade”. A lei continuou em vigor por mais de 10 anos.
Quando Freddie Mercury morreu em 1991, os outros integrantes do Queen sentiram que era necessária a realização de uma entrevista que explicitou que a morte de Freddie foi culpa do próprio cantor, produto de sua rotina hedonista.
Em Bohemian Rhapsody, o filme também dá a entender que Freddie Mercury foi o culpado por sua morte. Após abandonar a banda para fazer um álbum solo, ele é “seduzido pelo mundo gay”.
Muitos fãs ainda esperam uma cinebiografia de Freddie Mercury que mostre o quanto o cantor sofreu com a homofobia e preconceito da sociedade.