A série João de Deus: Cura e Crime estreou recentemente na Netflix, e já tem o potencial de se tornar uma das produções documentais mais populares do ano. A estreia veio em boa hora, já que várias reviravoltas da história do médium abusador acontecem atualmente. Em julho deste ano, morreu Chico Lobo, considerado o braço direito do líder religioso em Abadiânia.
Antes de ser condenado a 40 anos de prisão por crimes sexuais, o dito médium era um verdadeiro fenômeno internacional, chegando a participar do programa de Oprah Winfrey nos anos 2000.
No final de 2018, João de Deus foi denunciado pelo abuso sexual de mais de 300 mulheres que buscavam por sua ajuda espiritual. Em dezembro do mesmo ano, o líder espiritual se entregou à polícia e foi preso.
Segundo o Ministério Público, o número total de vítimas de João de Deus pode ultrapassar 330. Além de ser condenado pelos crimes sexuais, o médium foi indiciado também por falsidade ideológica, corrupção de testemunhas e posse ilegal de armas e munição.
Uma boa parte dos brasileiros que busca por informações sobre a série de João de Deus, também procura por dados sobre Chico Lobo. Confira o que aconteceu com ele abaixo.
O que aconteceu com Chico Lobo?
Chico Lobo, considerado o braço direito de João de Deus, morreu na madrugada do dia 4 de julho, por complicações de um quadro de pneumonia.
Lobo chegou a servir como prefeito de Abadiânia, e administrou a Casa Dom Inácio de Loyola (a sede da seita de João de Deus) após o médium ser preso por cometer mais de 300 abusos sexuais em meio aos atendimentos místicos.
Chico ficou internado por cerca de um mês, antes de falecer. O político não costumava comentar sobre os crimes do médium.
Lobo chegou a ser procurado por jornalistas do Correio Braziliense em 28 de maio de 2021. O ex-prefeito afirmou que ficaria afastado das funções públicas até agosto, e que não iria falar sobre a prisão de João de Deus e os novos atendimentos da Casa.
No entanto, já que servia como o principal intermediador entre o líder religioso e a imprensa, Chico Lobo sempre afirmou não acreditar nas acusações das vítimas.
João de Deus – De volta à cadeia
Na última semana, a Justiça reverteu a prisão domiciliar de João de Deus para o regime fechado, a partir da denúncia do Ministério Público de Goiás.
O mandado de prisão foi cumprido no dia 26 de agosto, e o médium já está de volta à cadeia.
A denúncia contou com assinatura de Luciano Miranda Meireles, o promotor de Justiça que organizou a força-tarefa do Ministério Público em 2018, na apuração dos crimes de João de Deus.
O líder religioso foi preso pela primeira vez em dezembro de 2018. Desde março do ano passado, o médium estava cumprindo a pena em prisão domiciliar, devido à pandemia de Covid-19 e sua idade avançada (79 anos).
O juiz Marcos Boechar Lopes Filho, em sua decisão, afirmou que João de Deus se aproveitava de seu poder e influência para abusar das vítimas, e que “transpassava a imagem de uma pessoa acima da lei dos homens, que jamais poderia ser por esta alcançado ou atingido”.
Na decisão, o magistrado também destacou que a prisão domiciliar devido à idade é somente uma sugestão, e que as vítimas do médium podem sofrer uma vitimização secundária com o decorrer do processo legal.
“O Estado-Juiz não pode fechar os olhos para esta realidade arraigada historicamente na sociedade brasileira há séculos, sob pena de se admitir como aceitável ou tolerável condutas abusivas e violentas de homens contra as mulheres baseada no gênero, como se aqueles fossem superiores a estas”, afirmou o juiz.
A defesa de João de Deus, por sua vez, afirmou que vai recorrer da decisão, e que a prisão do médium é “ilegal”.
João de Deus: Cura e Crime já está disponível na Netflix.