Na Coreia do Norte, a mídia e a indústria cultural são controladas pelo Governo, com a intenção de evitar a disseminação de “influências ocidentais” no regime comunista. Mas nem mesmo a censura do regime de Kim Jong-un foi capaz de parar o sucesso de Round 6, a série mais popular da história da Netflix. Segundo o site Insider, cópias piratas da produção sul-coreana já estão sendo contrabandeadas na ditadura.
Em Round 6, 456 pessoas são convidadas a participar de uma misteriosa competição de sobrevivência chamada apenas de Squid Game. Os participantes competem em uma série de jogos infantis tradicionais – mas com reviravoltas mortais – e colocam as vidas em risco em busca do prêmio de 45,6 bilhões de Wons (a moeda da Coreia do Sul).
Apenas um entre os participantes leva a bolada. Nesse cenário marcado por traições, ambição e muitos perigos, todos os concorrentes fazem de tudo para garantir o prêmio. Afinal de contas, Round 6 só convida pessoas que realmente precisam de dinheiro, o que traz um nível maior de desespero à competição.
Explicamos abaixo tudo que você precisa saber sobre a surpreendente chegada de Round 6 na Coreia do Norte e o que o povo do país está achando da produção da Netflix.
A importância de Round 6 na Coreia do Norte
Em janeiro deste ano, de acordo com a agência de notícias Reuters, o governo da Coreia do Norte ameaçou punir qualquer pessoa que consumisse entretenimento sul-coreano – entre músicas, filmes e séries – com pena de prisão.
Mesmo assim, segundo a RFA, cópias piratas de Round 6 conseguiram chegar ao país, e estão fazendo grande sucesso com a população.
“Round 6 conseguiu penetrar no país na memória de dispositivos de armazenamento, como pen-drives e cartões de memória, que são contrabandeados por navio e depois compartilhados nas cidades”, teria afirmado um morador de Pyongsong, cidade ao norte da capital Pyongyang.
O morador em questão, teria dito também, que uma das personagens da série está fazendo um sucesso ainda maior com os norte-coreanos. Trata-se de Kang Sae-Byeok, a refugiada da Coreia do Norte interpretada por HoYeon Jung.
Na trama de Round 6, Kang é uma fugitiva da Coreia do Norte, que participa nos jogos mortais com esperanças de usar o dinheiro para ajudar o irmão mais novo e oferecer uma vida melhor à família.
“Uma das personagens é alguém que escapou da Coreia do Norte, acho que todos podemos nos identificar com esse desejo”, comentou o morador.
Segundo outros cidadãos norte-coreanos consultados pela agência de notícias, outros aspectos da série são bastante parecidos com a realidade na ditadura.
“Todos achamos que a trama da série é meio que um paralelo da nossa própria realidade. Nós sabemos que podemos ser executados a qualquer momento. O Governo pode decidir matar alguém que ganha muito dinheiro para servir de exemplo, enquanto os oficiais de alto escalão continuam mais ricos do que nunca”, conclui a fonte consultada.
Round 6 continua disponível no catálogo brasileiro da Netflix.