Anticlimático

Crítica: Gavião Arqueiro - Temporada 1 - Episódio 6

Marvel erra o alvo no último episódio da temporada

Alerta de spoilers

Então Já É Natal, sexto episódio de Gavião Arqueiro, encerra a primeira temporada estabelecendo-a como uma grande história de origem de Kate Bishop, tudo enquanto trabalha a relação dela com Clint Barton, assim como com outros personagens do Universo Cinematográfico Marvel (MCU). O capítulo, no entanto, falha em entregar a urgência necessária para deixar o espectador, de fato, com receio do que pode acontecer no clímax.

Partindo do gancho deixado na semana anterior, esse season finale estabelece Wilson Fisk, o Rei do Crime, como o grande antagonista da temporada. Vincent D’Onofrio retorna ao papel que o consagrou em Demolidor, da Netflix, mas há algo faltando e a culpa está longe de ser dele.

Enquanto o Fisk de Demolidor teve um longo desenvolvimento ao longo da primeira temporada da série da Netflix, com direito a cenas focadas nele em quase todos os episódios, o de Gavião Arqueiro só é mostrado no fim. Sabemos apenas que ele é um chefão criminoso e que comanda a gangue do casaco, que até o momento foi usada como alívio cômico inúmeras vezes, tendo falhado em conseguir qualquer coisa na série do Disney+.

Assim sendo, Fisk só é ameaçador para quem viu a série da Netflix e olhe lá, visto que a atuação é a mesma, mas o que o personagem representa nesse universo não necessariamente é. O Rei do Crime de Demolidor tinha a cidade inteira nos bolsos dele: gangues, polícia, juízes. Aqui ele, aparentemente, só é líder de uma gangue incompetente, cuja única integrante habilidosa a deixa no início do capítulo.

Com isso, o único momento que sentimos algum tipo de risco vindo do Rei do Crime é quando ele luta contra Kate Bishop. No entanto, mesmo aqui, sabemos que não há perigo algum, afinal a Marvel jamais mataria a protagonista da série. Para piorar, o vilão ganha uma força sobrehumana inexplicada, com socos que jogam a personagem de Hailee Steinfeld para o outro lado da sala. É uma sequência que tenta, sem êxito, fazer o antagonista ameaçador com uso de força física.

Mesmo Eleanor Bishop, que estava em perigo no começo do capítulo, não recebe a devida atenção. Ela é esquecida por grande parte de Então Já É Natal, apenas para voltar nos minutos finais. O risco vai embora, quando poderia ter sido mantido por meio de um roteiro mais atencioso, com uso de montagem paralela a fim de mostrar a gangue do casaco atrás dela, enquanto o Gavião Arqueiro e Kate Bishop lutavam.

Final sem riscos

A urgência desse fim de temporada, portanto, dá espaço à comédia e cenas de ação sem muito peso, que, apesar disso, são capazes de entreter. Toda a interação entre Yelena Belova e Bishop deixa claro que Florence Pugh e Hailee Steinfeld são capazes de entregar uma formidável equipe, com muita química. E, de fato, a presença da irmã da Viúva Negra é o único ponto do episódio que nos faz sentir como se Clint Barton estivesse em risco, por mais que caiamos na risada na maior parte das cenas com a atriz.

Dito isso, esse capítulo de Gavião Arqueiro entrega uma competente cena de ação com Clint e Kate no fim, com os dois finalmente de uniforme, algo que já era prometido desde os primórdios da série. O resultado é óbvio, mas vemos uso de saídas criativas que não envolvem somente acertar os inimigos um por um com flechas – cortesia das flechas especiais do herói titular.

Ao menos todos tiveram boas resoluções, cumprindo o que a série prometia desde o princípio, uma história natalina, que deixa portas abertas para a já anunciada série da Eco e uma possível segunda temporada com mais Barton, Bishop e Belova.

A resolução que pode preocupar os fãs é a aparente morte do Rei do Crime, o que provavelmente é apenas uma manobra da Marvel para despistar os fãs.

Kevin Feige dificilmente teria trazido Vincent D’Onofrio de volta apenas para ele aparecer em um episódio (não vamos contar a fotografia no celular do capítulo anterior).

No mais, Gavião Arqueiro funcionou como uma boa história de origem para Kate Bishop. O problema do episódio final – a falta de urgência – estende-se para a série como um todo. Mesmo com D’Onofrio de volta, faltou uma maior sensação de ameaça que deixasse o espectador tenso de verdade.

Obviamente não esperávamos algo como Demolidor da Netflix, que definitivamente adota um tom muito mais sério, mas sequências de ação perdem o peso se não sentirmos que os personagens centrais estão em perigo e isso acontece muito pontualmente no seriado como um todo.

Trata-se de um episódio e uma série divertida, mas não muito além disso. Capaz de entreter e de abrir portas para mais produções do MCU. Gavião Arqueiro é um bom ponto de partida, mas que não acerta o alvo em cheio.

PS.: Há uma cena no meio dos créditos.

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