Being the Ricardos estreou recentemente no Amazon Prime Video, e é uma das grandes apostas da plataforma para o Oscar 2022. O longa de Nicole Kidman foca na relação de Lucille Ball – da inesquecível série I Love Lucy – com seu marido e companheiro de cena Desi Arnaz. Como é de praxe em filmes do gênero, certos aspectos da história real foram mudados para uma maior fluidez narrativa.
Being the Ricardos é uma produção de Aaron Sorkin, que atua como diretor e roteirista. O cineasta é conhecido principalmente por filmes como A Rede Social, O Homem Que Mudou o Jogo, Steve Jobs e, mais recentemente, Os 7 de Chicago.
O filme tem tudo para dar a Nicole Kidman seu segundo Oscar. A estrela levou uma estatueta de Melhor Atriz para casa em 2003, por sua performance como a escritora Virginia Woolf no filme As Horas.
O site Screen Rant listou algumas das maiores mudanças de Being the Ricardos em relação à história real de Lucille Ball e Desi Arnaz; veja abaixo.
A ambientação temporal de Being the Ricardos
Na narrativa de Being the Ricardos, Aaron Sorkin criou uma semana dramática povoada por eventos que aconteceram em um prazo muito maior na vida real.
Na verdade, o segundo filho de Lucille Ball e Desi Arnaz, nasceu em janeiro de 1953. As acusações contra a estrela de I Love Lucy foram divulgadas em setembro do mesmo ano. E o escândalo envolvendo as traições de Desi só foi revelado em janeiro de 1955.
A briga de Fred e Ethel
Being the Ricardos aborda também a preparação e as filmagens da série I Love Lucy, particularmente o episódio “A Briga de Fred e Ethel”, que realmente fez parte da produção.
Mas o filme afirma que o capítulo em questão é o 37º da série, quando na realidade, é o 22º.
O longa expressa também que Donald Glass foi o diretor do episódio. Na verdade, foi Marc Daniels.
Lucille Ball e o comunismo
Em Being the Ricardos, Lucille Ball é acusada pelo radialista Walter Winchell de ser uma simpatizante do comunismo. Como os Estados Unidos estavam em plena Guerra Fria, uma acusação do tipo tinha o potencial para acabar com a carreira de qualquer artista.
A atriz chegou a prestar dois depoimentos para o Comitê de Atividades Não-Americanas, um órgão do Congresso Americano que investigava as supostas ligações de artistas “subversivos” com o partido comunista.
O filme afirma que o relacionamento de Lucille com o partido foi apenas uma maneira para a atriz impressionar seu avô, considerado por ela como um pai.
Mas na verdade, a história da estrela de I Love Lucy com o comunismo foi bem mais longa e complicada do que indica o longa de Aaron Sorkin.
Ao investigar a história real de Lucille Ball, o jornalista Darin Strauss confirmou que Lucille se filiou oficialmente ao Partido Comunista em 1938, e confirmou novamente a filiação em 1038.
Lucille também apoiou um candidato comunista ao Congresso, participou de programas de rádio do partido nos anos 40 e supostamente deu uma festa para os comunistas em sua mansão. A atriz também era uma delegada do Comitê Central do Partido Comunista da Califórnia.
A traição de Desi Arnaz
Um dos aspectos mais interessantes e dramáticos de Being the Ricardos é a reação de Lucille à publicação de um artigo sobre uma suposta traição de Desi Arnaz.
Na vida real, o intérprete de Ricky Ricardo em I Love Lucy foi acusado não apenas de uma, mas de múltiplas traições. Ele era conhecido como um “notório mulherengo”.
“Quando ele andava pelas ruas, não costumava chamar uma prostituta, mas umas 18. A Lucy até aceitou por um tempo, mas tudo se tornou muito vergonhoso. Especialmente quando ele foi preso na Hollywood Boulevard. Os policiais o encontraram bêbado, cantando músicas cubanas em frente a um prostíbulo”, comentou o jornalista Jim Bacon.
O filme também não mostra os rumores relacionados a supostas traições de Lucille, particularmente com o ator Henry Fonda.
A origem de Desi antes de Being the Ricardos
Tudo que Being the Ricardos diz sobre a família de Desi Arnaz é verdade, exceto por um pequeno detalhe.
O filme afirma que foram os bolcheviques que expulsaram a família Arnaz de Cuba, mas na verdade, foi um outro grupo de revolucionários.
Como o filme indica, o pai de Desi atuou como o prefeito mais jovem de Santiago (cidade cubana situada no leste do país) até o início da Revolução Cubana, em 1933.
Os revolucionários confiscaram os bens da família Arnaz e vandalizaram a mansão do clã, mas não eram bolcheviques – o termo é mais relacionado à Revolução Russa.
Desi e Lucille na frente das câmeras
Como é mostrado em Being the Ricardos, quando a CBS ofereceu a Lucille a oportunidade de levar seu programa de rádio para a TV, Lucy insistiu na escolha de Desi para o papel do marido.
A atriz defendia que o público adoraria ver a química real do casal em frente às câmeras. A estratégia deu certo, e I Love Lucy se tornou uma das sitcoms mais populares de todos os tempos.
Mas a motivação apresentada no filme não é verdadeira. O longa dá a entender que Lucy incentivou a contratação de Desi por considerar que o marido havia perdido sua chance no estrelato ao servir na Guerra.
Na verdade, a intenção de Lucille era manter o marido sob grande vigilância, impedindo assim suas traições.
A relação de William Frawley e Vivian Vance
O filme retrata William Frawley e Vivian Vance, intérpretes de Fred e Ethel, como duas pessoas que não se suportam.
Esse aspecto é fiel à realidade. Quando Vance ganhou a oportunidade de protagonizar uma série derivada, declinou da proposta afirmando que nunca trabalharia com Frawley novamente.
Being the Ricardos caracteriza Frawley como um alcoólatra – algo que era bastante conhecido na Hollywood da época – mas não revela que o ator era considerado uma pessoa “difícil”, principalmente por seus colegas de cena.
Being the Ricardos já está disponível no catálogo brasileiro do Prime Video.