Os cineastas brasileiros Gabriel Mascaro e Anna Muylaert não vão incluir seus mais recentes longas, Boi Neon e Mãe Só Há Uma, respectivamente, na disputa a uma indicação do Brasil ao Oscar de filme estrangeiro. A estratégia é uma forma de protesto à classificação indicativa de 18 anos recebida por Aquarius, do diretor Kleber Mendonça Filho.
A equipe de Boi Neon sugeriu na página oficial do filme no Facebook que a censura dada pelo Ministério da Justiça seria uma retaliação política ao protesto contra o impeachment de Dilma Rousseff organizado pelo elenco e diretor de Aquarius no Festival de Cannes este ano.
“É lamentável que o Ministério da Cultura, por meio da Secretaria do Audiovisual, endosse na comissão de seleção um membro que se comportou de forma irresponsável e pouco profissional ao fazer declarações, sem apresentação de provas, contra a equipe do filme Aquarius, após o seu protesto no tapete vermelho de Cannes”, diz o post, se referindo à Marcos Petrucelli, um dos membros da comissão responsável pela escolha do representante do Brasil no Oscar 2017, que já manifestou publicamente ter sido contra à ação promovida por Kleber Mendonça Filho em Cannes.
Em nota oficial, o Ministério da Cultura comentou a polêmica:
“A inscrição dos filmes brasileiros postulantes ao Oscar de filme estrangeiro está aberta até o dia 31/8. O Ministério da Cultura reforça a confiança na capacidade e na isenção da comissão escolhida pela Secretaria do Audiovisual. A escolha do filme atende a critérios estritamente técnicos. Até o presente momento, não houve registro de retirada de qualquer candidatura”.
Boi Neon e Mãe Só Há Uma, assim como Aquarius, tiveram boas recepções em festivais de cinema internacionais, e logo, teriam boas chances de serem escolhidos para representar o Brasil no Oscar. Caso os dois primeiros títulos sejam mesmo retirados da disputa, as chances de Aquarius ser o indicado aumentam consideravelmente.
Na trama, Sônia Braga interpreta uma senhora que se recusa a se mudar do seu apartamento mesmo quando se torna a última moradora do prédio, que uma companhia quer comprar para demolir. A personagem jura que só sairá de sua casa quando estiver morta.
A Netflix comprou os direitos de distribuição internacional do filme, mas no Brasil o longa chega aos cinemas em 1º de setembro.