Stanley Kubrick, considerado um dos maiores gênios do cinema, inspirou gerações de cinéfilos, roteiristas e diretores. Sua marca registrada são histórias incríveis, técnicas impecáveis e filmes que se tornaram clássicos instantâneos, marcando o mundo cinematográfico para sempre.
Porém, já pensou quais foram as inspirações para um dos maiorais do cinema? Kubrick, além de inspirar, também foi inspirado por muitos outros mestres do cinema – desde a comédia silenciosa de Charles Chaplin até as reflexões profundas na obra de Ingmar Bergman.
Kubrick absorveu e reinterpretou uma variedade de estilos e temas. Essa diversidade de influências contribuiu para sua visão única e seu legado duradouro. Ao revisitar esses clássicos que o inspiraram, mergulhamos na riqueza do cinema e nas conexões que o tornam tão especial.
Sua genialidade prova que nada é totalmente original; tudo se transforma, e nas mãos certas, essa transformação se torna arte!
Morangos Silvestres
De Ingmar Bergman, lançado em 1957, Morangos Silvestres narra a jornada de Isak Borg (Victor Sjöström), um professor de medicina que revisita momentos marcantes do passado durante uma viagem de carro para receber uma honraria universitária. Acompanhado pela nora, Marianne (Ingrid Thulin), ele relembra memórias familiares e da ex-namorada, Sara. À medida que recorda, Borg se sente cada vez mais desiludido, percebendo a vida repleta de culpa e ressentimento.
Os críticos elogiam o filme por abordar o envelhecimento e as perdas na vida. Kubrick revela sua preferência pelo cinema de autor europeu, destacando o olhar pessimista presente na obra. Colocando Bergman ao lado de Fellini como um dos diretores favoritos, Stanley Kubrick chegou a afirmar que eles eram essenciais de se assistir na íntegra.
Os Boas Vidas
Federico Fellini dirigiu Os Boas-Vidas em 1953, retratando jovens europeus sustentados pelos pais, sem vontade de trabalhar. Quando Fausto força Moraldo a casar com a irmã grávida dele, essa dinâmica se assemelha a Laranja Mecânica, ambos abordam jovens europeus cujas vidas são transformadas por eventos externos.
Kubrick admirava diretores como Fellini, que retratavam a vida preguiçosa na Europa. Em uma entrevista de 1960, Kubrick destacou Bergman, De Sica e Fellini como cineastas autênticos, com pontos de vista expressos em seus filmes. Essas influências moldaram a visão cinematográfica única de Stanley Kubrick.
Os Boas Vidas está disponível no Telecine.
Cidadão Kane
Dirigido e estrelado por Orson Welles em 1941, Cidadão Kane é um marco no cinema, ainda hoje aclamado como um dos maiores filmes da história. O enredo segue a trajetória de Charles Foster Kane, espelhado em William Randolph Hearst, desde sua origem humilde até se tornar um magnata da mídia.
Apesar do reconhecimento, o Oscar injustiçou Welles em 1942, quando perdeu nas categorias principais para Como Era Verde O Meu Vale. Kubrick, admirador da rebeldia de Welles e suas escolhas estilísticas, compartilhava sua visão iconoclasta, refletida em filmes como Dr. Fantástico. Welles recebeu o prêmio apenas por Melhor Roteiro Original, dividido com Herman J. Makiewicz. A influência mútua entre esses gigantes do cinema ressoa até os dias atuais.
Cidadão Kane está disponível no Max.
Luzes da Cidade
Em 1931, Charles Chaplin interpretou um vagabundo que se apaixona por uma jovem florista. Ele descobre que ela e sua avó estão sem dinheiro e prestes a serem despejadas de casa.
Depois de várias tentativas fracassadas de ajudá-las, ele encontra um milionário bêbado disposto a recompensá-lo por ter salvo sua vida. Stanley Kubrick expressou à revista Sight & Sound:
“Se algo realmente está acontecendo na tela, o modo como foi filmado não é crucial. Chaplin tinha um estilo cinematográfico tão simples que era quase como I Love Lucy, mas você está sempre tão hipnotizado pelo que está acontecendo que independe do estilo. Ele frequentemente usava cenários baratos, iluminação natural e assim por diante, mas fez ótimos filmes. Seus filmes provavelmente durarão mais do que os de qualquer outra pessoa.”
Disponível no Telecine.
Henrique V
Dirigido e estrelado por Laurence Olivier, o filme de 1944 retrata o reinado do rei da Inglaterra entre 1413 e 1422, focando em seu épico e patriótico confronto durante uma expedição à França para reivindicar a coroa. Ao chegar a Agingcourt, entretanto, ele se depara com um vasto exército francês.
Devido à falta de financiamento, Kubrick arquivou o projeto sobre Napoleão, embora tivesse o roteiro escrito e adquirido mais de 17 mil imagens e artefatos da era napoleônica. Em entrevistas, Jan Harlan, produtor e ex-cunhado de Kubrick, afirmou que ao assistir à versão de Henrique V dirigida por Kenneth Branagh em 1989, considerou a de Laurence Olivier antiquada, preferindo a de Branagh.