A Netflix traz uma nova minissérie nacional que promete impactar o público: Os Quatro da Candelária. Baseada em uma das maiores tragédias da história do Brasil, a produção se debruça sobre a Chacina da Candelária, que ocorreu no Rio de Janeiro em 1993, e apresenta a narrativa sob a perspectiva de quatro crianças.
Com direção de Márcia Faria e Luis Lomenha, a série é inspirada em relatos de sobreviventes e busca abordar questões que ainda ressoam na realidade brasileira. Os Quatro da Candelária mostra 36 horas antes do trágico evento, focando nas esperanças e sonhos das crianças envolvidas, enquanto o caos se aproxima.
A Chacina da Candelária
Na noite fatídica de 23 de julho de 1993, oito jovens entre 11 e 19 anos foram brutalmente assassinados por policiais militares em frente à Igreja da Candelária, no centro do Rio de Janeiro. O crime, que chocou o país, foi desencadeado por uma ação de vingança após um confronto entre os jovens e a polícia. Os culpados foram condenados a penas que somam mais de 200 anos de prisão, mas as feridas deixadas por essa tragédia permanecem abertas na memória coletiva do Brasil.
Os diretores Márcia Faria e Luis Lomenha reconhecem a importância de contar essa história pela perspectiva das vítimas. Lomenha, que cresceu com a Chacina da Candelária em seu imaginário, destaca que a série oferece uma visão única ao narrar a experiência das crianças, em vez de focar nos perpetradores ou nas instituições.
Em ‘Os Quatro da Candelária’, as vozes das crianças são centrais. A série não se atém à perspectiva dos algozes ou das instituições, mas mergulha no que esses jovens sentiam e sonhavam antes do terrível acontecimento. Os protagonistas, interpretados por Patrick Congo (Sete), Wendy Queiroz (Pipoca), Andrei Marques (Jesus) e Samuel Silva (Douglas), vivem uma infância marcada por sonhos, amor e amizade, que são abruptamente interrompidos pela brutalidade.
“Queremos devolver a humanidade a essas crianças que foram desumanizadas pela sociedade”, afirma Lomenha. Ele ressalta que a série busca humanizar as vítimas, mostrando suas esperanças e medos, e não apenas a tragédia que as cercou.
Um Retrato da Realidade Brasileira
A série também é uma reflexão sobre o racismo e o preconceito que permeiam a sociedade brasileira. Lomenha observa que a Igreja da Candelária, construída no século XVII, é um símbolo de uma história marcada pela violência e desigualdade. “Essas crianças representam uma luta por liberdade e dignidade em um contexto de opressão”, afirma.
O massacre da Candelária, apesar de ter ocorrido há 30 anos, é apresentado de forma atual, revelando como questões sociais e injustiças continuam a existir. A série se propõe a ser um espelho da realidade contemporânea, lembrando que as feridas do passado ainda estão presentes.
Dividida em quatro episódios, a minissérie utiliza uma estética que combina elementos dos anos 90 com um contexto moderno. A intenção é criar uma conexão entre o passado e o presente, evidenciando que, apesar do tempo, a violência e a desigualdade permanecem. As referências a clássicos como “Pixote, a Lei do Mais Fraco” e “Cidade de Deus” reforçam essa ligação entre o histórico e o contemporâneo.
A produção promete trazer à tona questões cruciais sobre a infância e a juventude no Brasil, ao mesmo tempo em que homenageia a memória das vítimas. Com a estreia marcada para esta quarta-feira, Os Quatro da Candelária é uma oportunidade imperdível de refletir sobre um dos episódios mais sombrios da história brasileira e suas repercussões atuais.
Todos os episódios da minissérie estão disponíveis na Netflix.