Ainda Estou Aqui, longa que estreou hoje (7), chega aos cinemas brasileiros carregado de expectativas. A adaptação do livro autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva, com direção de Walter Salles, revisita um dos períodos mais turbulentos da história brasileira: a ditadura militar.
Com elogios tanto à narrativa quanto às atuações, o filme já recebeu destaque internacional, aumentando as expectativas de que possa ser indicado ao prêmio de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar 2025.
A história de Ainda Estou Aqui é centrada na luta de Eunice Paiva, interpretada por Fernanda Torres, pela verdade sobre o desaparecimento de seu marido, Rubens Paiva, um político e ativista preso e morto durante o regime militar. A partir do momento em que se vê sozinha com cinco filhos, Eunice abandona a vida doméstica para se tornar uma figura pública de resistência, enfrentando a repressão e buscando justiça. Essa trajetória pessoal e histórica, marcada por sacrifício e coragem, oferece uma reflexão sobre os desafios e traumas deixados pela ditadura.
Considerado uma das maiores promessas do Brasil para o Oscar, Ainda Estou Aqui foi ovacionado no Festival de Cinema de Veneza, onde recebeu o prêmio de Melhor Roteiro e arrancou aplausos do público por cerca de dez minutos. Além de ser aclamado pelo roteiro e pela direção de Salles, o filme já é apontado como um forte candidato na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, uma honra que o país não conquista desde Central do Brasil, também dirigido por Salles.
Elenco de Peso
No papel de Eunice Paiva, Fernanda Torres tem impressionado a crítica internacional. The Guardian descreveu sua atuação como “gloriosa”, enquanto o Screen Daily a chamou de “magnífica”. Alguns veículos internacionais, como o Deadline, já fazem lobby para que a atriz brasileira conquiste uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz, algo que seria histórico para o cinema nacional.
Selton Mello, que interpreta Rubens Paiva, e Antonio Saboia, no papel de Marcelo Rubens Paiva, adicionam profundidade à trama, dando vida a personagens que carregam uma verdade genuína. As atuações de apoio, de nomes como Marjorie Estiano e Maeve Jinkings, também contribuem para a riqueza emocional do filme.
Esse reconhecimento global, somado ao contexto sensível e atual do enredo, fortalece a posição do filme na disputa por uma indicação ao Oscar. Para muitos críticos, Ainda Estou Aqui carrega a mesma força e universalidade de “Central do Brasil”, também dirigido por Walter Salles, que representou o Brasil na premiação de 1999.
Uma trama de sacrifício e resiliência
A narrativa do filme vai além de uma história individual, sendo um tributo a todos os brasileiros afetados pela ditadura. A partir da dor de Eunice, Ainda Estou Aqui expõe as cicatrizes da repressão, abordando temas de perda, resiliência e memória. Segundo Fernanda Torres, o filme serve como um alerta sobre os perigos de regimes autoritários, buscando educar e emocionar ao mesmo tempo.
A trajetória da protagonista é contada com uma sensibilidade que humaniza o impacto da ditadura militar no Brasil. Ao retratar uma mãe que luta para manter a família enquanto enfrenta a ausência do marido, o filme aborda os sacrifícios feitos em nome da justiça e da verdade. Eunice, inicialmente uma dona de casa, é forçada a assumir um papel público em um período em que a oposição ao regime era reprimida com violência. Sua jornada pela revelação do que ocorreu com Rubens Paiva é um tributo à sua resiliência e uma denúncia às injustiças da época.
O enredo de Ainda Estou Aqui também destaca a força das mulheres na resistência ao regime, ressaltando o papel de Eunice como uma figura de luta pelos direitos humanos. Depois de descobrir que seu marido foi morto, ela se tornou uma ativista incansável na busca por justiça, uma jornada marcada por perdas e reviravoltas que influenciaram profundamente a sua vida e a de seus filhos.
Com um elenco renomado e uma narrativa comovente, Ainda Estou Aqui promete ser um marco para o cinema brasileiro, tanto pelo resgate histórico que promove quanto pela forma como leva essas questões a uma audiência global. A estreia nas telonas marca um momento importante para o público brasileiro, que poderá conhecer ou relembrar essa trágica história de luta e resistência.
Ainda Estou Aqui está disponível nos cinemas e, com a temporada de premiações se aproximando, o filme segue como a principal aposta do Brasil para o Oscar.