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Harry Styles em Dunkirk e Rihanna em Valerian: Quando popstars tentam ser astros de cinema

Nas próximas semanas, duas personalidades que estamos acostumados a ver em cima do palco, com um microfone na mão, aportarão nos cinemas brasileiros. O primeiro é o cantor Harry Styles, ex-membro da boy band One Direction, que estrela Dunkirk, de Christopher Nolan, épico de guerra que estreia por aqui na próxima quinta-feira (27).

Na pele de um dos soldados britânicos que foram encurralados pelos alemães durante a batalha da Segunda Guerra Mundial mostrada no filme, Styles tem um papel pequeno, segundo a crítica americana. Ele recebeu elogios pelo carisma da atuação, que usa sua imagem de “garoto perfeito da Inglaterra” para criar um personagem com o qual o público consegue se conectar em meio ao caos regido por Nolan e companhia.

Enquanto isso, a popstar Rihanna continua investindo na carreira de atriz após interpretar Marion Crane na 5ª temporada de Bates Motel. Ela é uma alienígena dançarina em Valerian e a Cidade dos Mil Planetas, de Luc Besson – uma peformance divertida que também ganhou elogios por ancorar uma personagem extravagante em um filme que merece ainda mais esse adjetivo. A estreia de Valerian ocorre no Brasil em 10 de agosto.

São dois exemplos recentes de acertos ao usar a personalidade de um popstar, naturalmente revelada por sua carreira na música e por suas interações com os fãs em plena era das redes sociais, em favor de personagens nos filmes em que atuam. É uma transição complicada de mídias e funções em que todos os fatores nem sempre se alinham a favor do projeto.

Cher com seu Oscar, em 1988

Nem todas são Cher

Em aparição em um talk show, a atriz Sarah Paulson, vencedora do Emmy por American Crime Story, confessou que se emocionou ao conhecer pessoalmente Cher, a cantora e atriz americana. “Não porque eu seja fã de suas músicas, sei que são incríveis, mas porque eu acho que ela é uma das grandes atrizes que eu já vi em tela”, contou Paulson. É um endorsamento e tanto que nos lembra do quanto a californiana acertou essa transição complicada.

Cher venceu o Oscar de Melhor Atriz em 1988, por Feitiço da Lua, após ter sido indicada anteriormente em 1984, por Silkwood, em que atuou ao lado de ninguém menos que Meryl Streep. Pode não parecer para os cinéfilos de memória curta, mas ao lado de Barbra Streisand e Liza Minnelli, Cher é provavelmente a popstar mais genuinamente talentosa em termos de atuação de todos os tempos. Sutis, versáteis e carismáticas, elas criaram papeis inesquecíveis e foram recompensadas por isso.

Madonna em Evita (1996)

Nem todas podem ser Cher, no entanto, e é aí que a coisa começa a desandar. Quando olhamos para a carreira cinematográfica de Madonna, por exemplo, fica claro que a popstar nunca quis explorar sua personalidade dos palcos nos cinemas, o que dificultou a transição especialmente porque Madonna nunca soube atuar. Seu desempenho de maior prestígio, em Evita (1996), ainda perde feio para a performance de gente como Patti LuPone, que encarnou o mesmo papel nos palcos.

Por isso o medo em relação a Nasce Uma Estrela, vindouro reboot do musical clássico, a ser estrelado por Lady Gaga. Se sua interpretação em American Horror Story: Hotel não foi um completo desastre (embora dificilmente tenha merecido ganhar o Globo de Ouro, Gaga se saiu melhor do que muitos gostariam de admitir), foi porque ela encarnou elementos de sua persona que já haviam sido bem explorados na sua outra carreira. Lady Gaga como uma vampira glamourosa e maternal faz sentido, Lady Gaga como uma jovem aspirante a estrela country, nem tanto.

Só o tempo vai dizer se Gaga é uma Cher/Barbra/Liza, ou segue os passos de sua mais frequente fonte de inspiração, Madonna. Nasce Uma Estrela está marcado para 1º de novembro de 2018. Por enquanto, fica o bom exemplo de dois popstars (Rihanna e Harry) que não precisaram fugir de suas imagens e famas particulares para brilharem nas telas.

Lady Gaga em Nasce Uma Estrela (2018)
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