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Game of Thrones tem finale empolgante e com ritmo acelerado; leia crítica

A sétima temporada de Game of Thrones tem como destaque tentar ser a mais ousada até agora. Depois de uma das temporadas mais adoradas pelos fãs, a série voltou com a missão de configurar o final da emaranhada história escrita por George R.R. Martin, autor de As Crônicas de Gelo e Fogo, inspiração da série. Sem o respaldo dos livros desde o ano passado, a HBO apostou em encurtar o tempo da série, ao mesmo tempo em que acelerou a trama. Essa pode não ter sido a pior decisão dentre todas tomadas, mas acabou por trazer algumas decepções.

ATENÇÃO!!! ESSE TEXTO CONTÉM SPOILERS DA SÉTIMA TEMPORADA DE GAME OF THRONES!!!

A temporada começou já em ritmo acelerado, e seus primeiros episódios contém arcos que antes demorariam uma temporada inteira para acontecer. Com o menor número de episódios, que possibilitou episódios com mais de uma hora de duração, essa decisão foi acertada, porém mal executada. Na tentativa de amarrar todas as pontas, o foco acabou recaindo em momentos delongados demais, como o esperado (e frustrante) encontro de Arya com Nymeria e as trocas desnecessárias entre os personagens que integraram o grupo para além da muralha no sexto episódio da temporada, enquanto batalhas que mudariam a situação do jogo foram pouco aproveitadas.

Apesar dos ótimos efeitos e de finalmente vermos dragões em ação, as cenas de batalha foram confusas, e os cortes de câmera não permitiam o telespectador entender muito bem o que estava acontecendo. Enquanto durante a batalha contra o exército dos White Walkers a leva de figurantes que morria não deixava claro se ali você estava perdendo um personagem querido, como o contexto prometia, a batalha naval entre os Greyjoy foi impossível de se entender. Quando finalmente os cortes e a péssima iluminação deram lugar à alguma cena capaz de se acompanhar por mais de cinco segundos, dá-se lugar para a péssima direção de atuação, que tentou dar um ar psicótico à Euron Greyjoy mas somente ajudou, junto com seu sumiço repentino durante a temporada, a enfraquecer o personagem.

Há de se dizer que a série busca sua ousadia em seu próprio passado. Ao mesmo tempo em que os personagens estão mais fiéis ao comportamento que se espera dentro desse universo fictício, agindo não só individualmente mas socialmente de acordo com suas origens, valores regionais ou de família, a temporada acaba deixando de lado a imprevisibilidade da série. É claro que o inverno chegou e a história precisa chegar no seu fim, mas o prenúncio nunca foi tão facilmente observável na série, e essa foi uma de suas características que a levou ao sucesso que é hoje. A morte de personagens principais, que assombra todo fã desde a decapitação de Ned Stark também se faz ausente. Houve um preciosismo que evitou a morte de personagens queridos do público, como Jamie ou Bronn no primeiro ataque de Drogon, ou qualquer um dos companheiros de Jon na missão de capturar um wight. Até mesmo Jorah foi curado por um inexperiente aprendiz de meistre de uma doença dita incurável, contrariando o próprio universo da série e seu tom de realismo.

O aumento do ritmo da série permitiu mais acontecimentos, mas atrapalhou um melhor desenvolvimento da trama. Enquanto as confusões temporais, amplamente criticadas, podem ser desconsideradas, o roteiro mal estruturado não deve. O plano de capturar um wight e leva-lo a Porto Real é estúpido. Não cabe discutir se um final com todos unidos contra o mal ou o romance de Jon e Daenerys é bom, mas tudo o que foi feito para leva-los até esse ponto foi ruim, previsível e até agradável demais. A sensação de que nenhum dos personagens principais estar em perigo e as teorias mais esperadas pelos fãs se concretizarem tiram o grande diferencial da série.

O final da série acabar por fechar apenas o arco de Mindinho, enquanto no restante se delonga em Porto Real. Arrastado, o encontro acaba por ditar um tabuleiro interessante para o jogo dos tronos, diferente da união que todos esperavam. E ela que mostra finalmente Jamie abandonando Cersei. Por mais acertada que tenha sido essa decisão, assim como os confrontos iniciais de Daenerys com Tyrion ou Varys, eles foram demasiados tardios, ficando fora de hora.

O maior acerto da série foi sua cena final. A muralha finalmente não é mais impedimento aos White Walkers, e isso só acontece porque o lado dos vivos acaba “fornecendo” à eles uma arma, mostrando que Game of Thrones ainda tenta dar ação e reação ao rumo da história. Aqueles que esperavam a resolução de algum dos problemas de Jon e Daenerys ficaram frustrados, e terão de esperar até 2019 para saber se eles serão capazes de derrotar algum dos inimigos. A temporada acabou por ser a mais fraca de Game Of Thrones, trazendo revelações pouco surpreendentes, finais óbvios e, por maiores que tenham sido as mudanças do tabuleiro, o jogo parece estar tão próximo de seu final quanto na temporada passada, com os mesmo jogadores, mas ao menos com uma certeza bastante empolgante: o inverno chegou.

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