Esse texto é sobre o primeiro episódio da 11ª temporada de Arquivo X, My Struggle III.
Arquivo X é uma das séries mais cultuadas da história da televisão, não somente por tratar de assuntos que circundam os debates do imaginário popular, como conspirações políticas e teorias malucas. Conquistou os fãs que possui até hoje por trazer um drama riquíssimo em coerência e conceito, além de apresentar dois dos melhores personagens da televisão americana: Fox Mulder (David Dutchetov) e Dana Scully (Gillian Anderson). Seu revival foi trazido recentemente e, em 2018, estreou sua 11ª temporada, aproveitando imediatamente os eventos ao término da décima, que por mais que tenha tido um senso de inovação, se perdeu em tanta escatologia narrativa.
O episódio por completa já consegue arrumar grande parte do aconteceu ao término da temporada antecessora, conseguindo colocar certo sentido em algumas ações tomadas pelos roteiristas, conseguindo inclusive dar um foco empático ao grande antagonista da série nos últimos anos: O Homem-Fumante. Sua revelação durante o episódio de estreia consegue, ao mesmo tempo, chocar pela veracidade de certos acontecimentos de séries passadas, principalmente em seus confrontos com Fox, e solidificar de vez toda sua importância para a atual narrativa.
Todos os componentes característicos da série continuam existindo. Um senso de urgência sobre o destino da sociedade, conspirações envolvendo raças alienígenas e todo um corpo sentimental que encobre a relação, um pouco mais conflituosa, entre o casal protagonista. A inserção do filho de Scully na temporada passada construiu uma instabilidade entre eles, questionando diversos pontos de vista, principalmente de Scully.
Colocada em coma por conta de vários fatores da temporada passada, Dana consegue acordar dele e assim, partir em busca de seu filho, acreditando que ele seja na verdade, uma peça muito importante para toda a trama envolvendo ela, Fox e o Homem-Fumante. Dana, por consequência de tudo que houve, parece mais emotiva e com uma energia imediata. A direção do episódio se aproveita desse tópico e possibilita a sensação de seu temor e carga, tendo momentos de câmeras trêmulas.
Apesar de possuir um peso enorme nas costas de resgatar pontos mais interessantes, sem necessitar dos conceitos inseridos ao desenvolvimento das mitologias criadas e continuadas, a volta de Arquivo X com sua 11ª temporada, apesar de ainda primária, permite a sensação de que a série está voltando nos trilhos, resgatando momentos importantes, em senso técnico e narrativo, aos seus dias de glória. Principalmente quando foca no personagem William, filho de Scully. Não somente por, aparentemente, ser a chave para todos os fatos pertinentes a atual trama da série. Mas porque é importante construir, de maneira gradual, a importância do jovem cada vez mais na produção, especialmente pelo envolvimento com sua mãe. É uma determinação aparente e, apesar de espontânea, coerente.