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Primeiras Impressões | The Alienist

Um assassinato brutal irrompe a gelada Nova Iorque do final do século XIX. Em plena ascensão política e industrial, pronta para iniciar como uma das maiores cidades seculares. Ela então, gelada, esquenta quando um garoto é assassinado de maneira brutal e temível em uma ponte em construção. Mas o que torna esse fato tão incomum? Os modos pelos quais ele ocorreu e, para ter uma certeza absoluta de tudo, o motivo. Os olhos arrancados, a barriga dilacerada, junto a gangrenas e mutilações nos braços. E as vestes padrões de um menino nova iorquino, com sua boina e sobretudo, substituídas, trocadas pela camisola branca de uma menina.

Assim como é intrigante ao cenário e ao próprio tema, o início de The Alienist, nova série da TNT, evoca uma situação paradoxal: enquanto o avanço ocorre na política, na barganha e nas castas abastadas, o crime horrorizado se molda nos becos e nos mirins corpos. O cartunista John Moore (Luke Evans) é convocado para assimilar o acontecimento de forma imagética. O choque e as vísceras saltadas o põe em frágil posição. E sua percepção sobre a situação irá alavancar sérias mudanças a partir do encontro com o psicanalista Dr. Laszlo Kreizler (Daniel Brühl), um alienista – cunho efêmero à época -, responsável por explorar a mente humana em busca da sanação de anseios e provocações às motivações.

Ambos estão em busca de entender a carnificina e o horror, apesar de Laszlo já está ciente do que sejam tais circunscritos. São responsáveis por assolar a vida de um casal de irmãos há não muito tempo anterior ao crime da ponte. Também esquartejados e em crista horrenda, foram encontrados dentro de uma caixa d’água. A partir dos detalhes do corpo do recente crime com o caso – no qual demonstra explícita causa de culpa e remorso, emoções instigadas pelo confronto da mãe em determinada cena -, Dr. Kreizler se vê envolvido de uma forma além do que pretendia estar. Em busca de respostas, com a ajuda de um polido e mulherengo Moore, permeiam a investigação liderada pela polícia por conta própria, sendo ajudadas pela assistente e secretária Sara Howard (Dakota Fanning): uma mulher imponente, inspetiva, que é guiada por uma moral destoante do que lhe é imposto.

O piloto de The Alienist visou evocar situações que manejam um choque, uma constatação temerosa sobre um desvio psicológico social deveras inquestionável – no sentido destratado da palavra -. A ambientação, o ceticismo e o espaço-tempo da série estabelecem formalmente essa situação sob um estudo nefasto e, às vezes, delirante. A sutil carga de horror dentro do episódio de estreia da série estabelece possivelmente, uma queda dos protagonistas, principalmente o doutor e o desenhista a suas convicções mais delirantes e não convencionais. Até porque, são assim os métodos utilizados pelo assassino ao executar seus homicídios. As referências em suspense podem ser feitas aos filmes Seven e Zodíaco, de David Fincher, que conduziu seus suspenses sob tramas praticamente perfeitas e prontamente estabelecidas sobre este cenário negativista.

A idealização e materialização da mente humana e sua psique provocam constante quebras de regras, protocolos e análise, solicitando novos estudos comportamentais sobre determinas ações e consequências e os indicadores intrínsecos. O piloto não manifestou – e nem precisou, de fato – quais são estes indicadores e se fazem parte de um óculo social e regressista. Eis novamente, o contraste e o desequilíbrio, elementos narrativos importantes, que contrapesam uma esterilidade e frivolidade do poder político, social e moral dos homens.

The Alienist quase não precisa se provar em seus episódios futuros como uma série mais liberal, pois o piloto já conseguiu exprimir uma observação de quase fascínio pela loucura e pelo desconhecido. Que sejam as veias principais da série, se distanciando de suas possíveis referências, estabelecendo um currículo narrativo original e não-pessoal. Justamente, o foco deverá ser dosado entre o indivíduo como singular a sociedade com suas imprevisíveis alterações e ditos progressos.

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