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Crítica | Onde Nascem os Fortes impressiona pelo visual estonteante em sua estreia

Não é sempre que podemos nos regalar com a reunião do trio José Luiz Villamarim, George Moura e Sergio Goldenberg, por isso a estreia da supersérie Onde Nascem os Fortes mostrou ser a ocasião perfeita para ratificar a fartura visual criada pelo diretor e pelos autores, respectivamente. A parceria que já pôde ser conferida em trabalhos como O Canto da Sereia (2013) e Amores Roubados (2014), aqui parece se estabelecer de vez, pelo entrosamento existente nessa espécie de matrimônio em que a imagem fornece suporte à narrativa, a partir dos direcionamentos mais variados de suas paisagens, adensadas não só pelo clima escaldante, mas também pela apresentação do caráter adverso de seus conflitos.

Difícil não constatar o espírito desbravador dos irmãos gêmeos Maria (Alice Wegmann) e Nonato (Marco Pigossi), que aflora, logo de imediato, junto aos cenários naturais do interior nordestino, quando resolvem se expor ao desconhecido nas cercanias da região onde a mãe Cássia (Patricia Pillar) nasceu. Na promessa de romances que envolverão Maria e o jovem Hermano (Gabriel Leone), filho de Pedro (Alexandre Nero), autoridade tirânica conhecida como Rei do Sertão, a história terá desdobramentos a partir do sumiço de Nonato, porém esse primeiro episódio serve para situar o espectador a respeito dos enfrentamentos incipientes e temperamento da maioria dos personagens, apresentando uma história que nos fisga por não dar brechas a atropelos.

As paisagens que poderiam se acomodar num agreste saturado e em outras variáveis já vistas do sertão, encontra refúgio no olhar apurado de seu diretor, perito em gravações na região nordeste, explorando assim novos aspectos locais. Walter Carvalho, com inúmeros trabalhos no cinema e com créditos em recentes produções da TV Globo, sendo algumas capitaneadas por Villamarim, integra a equipe da supersérie, mostrando o alcance de suas lentes em planos que delineam até a aridez mais mínima da vastidão externa, seja pelo movimento das máquinas na fábrica de bentonita ou mediante a poeira levantada pelas picapes e motos.

A parte técnica serve de suplemento às atuações, que ao menos nesse episódio de estreia estão aprumadas, partindo dos traços desenvoltos de Pigossi à presença altiva de Nero, diante da agressividade diligente de seu personagem. Os sotaques de Wegmann e Leone estão tão convincentes que se sobressaem até mesmo quando a arrebatadora canção Vapor Barato, de Jards Macalé, complementa uma das cenas que dividem.

A coesão visual provinda de outros trabalhos de Villamarim, em formato semelhante e mesmo horário de exibição, deflagra no público um revival que propicia uma sensação de familiaridade que só tem a contribuir para o êxito da obra. Sendo assim, Onde Nascem os Fortes mostra a sustância de um trabalho nascido e criado de modo assertivo, com destaque também para a infalibilidade de seu elenco, deixando as melhores impressões possíveis em sua estreia.

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