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Crítica | Westworld volta violenta e instigante em sua 2ª temporada

A segunda temporada de Westworld retorna com uma dinâmica um tanto diferente de sua temporada de estreia. O que antes era um mundo cheio de possibilidades de se explorar, afunila seu roteiro em uma direção caótica ao mesmo tempo em que promete uma expansão de seu próprio universo. Onde antes existia um disfarce de diversão, há agora um local que assume sua verdadeira identidade de violência onde nenhum dos lados mais está se divertindo.

O espectador, entretanto, está. Devendo respostas, o primeiro episódio da temporada as concede da melhor forma possível que a série poderia, levantando mais perguntas e instigando o público a continuar vidrado em todas as narrativas. A produção das séries da HBO foi de todo respeitada, se mostrando num nível superior à grande maioria de outras produções da televisão. O primeiro contato com o centro de comandos prova a beleza da fotografia, mostrando um ambiente escuro, em um cenário tecnológico e simplista, manchado assustadoramente de sangue, corpos e luzes vermelhas que banham o local em intervalos precisos.

Os destaques na atuação são muitos. Ed Harris mostra todo seu potencial, mostrando a dor física de seu personagem acompanhada de uma satisfação emocional com a nova situação do parque. Evan Rachel Wood mostra toda a evolução de sua personagem, abandonando a pacata Dolores por uma forte e instigante personagem, sem perder a criação que a trouxe até aqui. Tessa Thompson ganha a importância que a atriz merece na narrativa, e continua atuando com elegância. Thandie Newton e Jeffrey Wright estão nas melhores posições possíveis para entregar uma boa performance, e conseguem fazer isso com uma beleza indescritível. Rodrigo Santoro é alguém de quem podem esperar bastante nessa temporada. Com pouco tempo de tela o ator mostra como conseguiu superar as barreiras que atores latinos enfrentam por um bom papel que não seja caricato.

O humor da série, mesmo pouco explorado devido à sua premissa, existe e funciona bem. Simon Quaterman assume uma posição parecida à de Leonardo Nam na segunda temporada, como uma espécie de capacho de Maeve, e é com ele que podemos respirar aliviado e sorrir no meio do caos. A trilha sonora, com algumas músicas conhecidas do velho público, não marcou só os momentos de ação, suspense, drama e romance, mas fizeram também seu papel no humor.

A nova temporada deve satisfazer e incitar o público, mostrando poucas repostas e levantando questões o suficiente para intriga-los. O universo de Westworld mostra novas direções além de trazer novidades à narrativas, como anfitriões drones, e promete expandir ainda mais o universo. O papel do primeiro episódio era mostrar como o tabuleiro ficou depois dos acontecimentos da primeira temporada, e este o fez muito bem. Fugindo da lógica da indústria, a HBO parece ter percebido que o ideal é ter seu tempo, sem a pressa de lançar temporadas anualmente para manter o público, mas fazendo isso com um trabalho incrível de produção, direção e roteiro, bem servido por atores de alta capacidade, com um assunto interessante e atual.

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