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As Boas Maneiras | "Cinema ainda é uma arte elitista, branca e cheia de homens", afirma Isabel Zuaá

O Observatório do Cinema entrevistou com exclusividade a atriz Isabél Zuaa, que está em cartaz nos cinemas com o suspense brasileiro As Boas Maneiras. Isabel, que é portuguesa, está atuando em diversas produções nacionais e ganhando destaque como uma das atrizes mais conceituadas dentro do audiovisual do Brasil.

Confira a entrevista:

Observatório do Cinema: As Boas Maneiras, mesmo sendo um drama de terror, é um filme extremamente experimental. O que te cativou para participar do projeto?

Isabél Zuaa: Sim, sem dúvida que As Boas Maneiras é um filme ousado na sua mistura de convenções e mistura de gêneros e isso me cativou bastante, bem como a envolvência de um cotidiano onde coisas extraordinárias acontecem.

OC: Como foi atuar em momentos tão íntimos e próximos da Marjorie Estiano?

IZ: A Marjorie é uma atriz bastante profissional, tivemos a oportunidade de ensaiar bastante, questionar, discutir e perceber qual seria a melhor opção para aquelas duas personagens. Tudo feito com muito respeito e cuidado e sobre o olhar atento da Juliana Rojas e do Marco Dutra [diretores do filme].

OC: Em um dos momentos do filme você mostra seu talento como cantora. Como foi a realização dessa cena no set? Existiu uma certa facilidade pela sua experiência cantando e performando?

IZ: As cenas de canto são bastante importantes no filme, elas marcam passagens essenciais na trama e contam parte da história. Para mim, cantar musicas escritas pelos diretores e roteiristas era mais uma continuação da fala, tanto que o “cantar” é muito mais introspectivo, quase falado. Adoro cantar e fico sempre feliz quando posso cantar e atuar ao mesmo tempo.

OC: Como você enxerga o espaço ocupado por atores e personagens LGBT nos filmes nacionais?

IZ: É gratificante quando a arte/objeto artístico assume uma importância social, politica e humana, trazendo novas narrativas e perspectivas. Desmistificar alguns estereótipos é extremamente necessário. E atores e personagens LGBT e negros estão aí para trazer a diversidade.

OC: Seu papel em “Joaquim” possui uma outra forma de atuar e agir. Qual a dificuldade de alterar personalidades em um período tão curto de tempo?

IZ: Os meus processos enquanto atriz, são bastante intuitivos, não tenho nenhum método especifico, cada personagem tem a sua necessidade e exige coisas distintas de mim. Gosto bastante de poder fazer personagens diferentes, projetos diferentes que eu também possa me surpreender.

OC: Observando o cinema brasileiro e o de seu país de origem, quais as principais semelhanças que podem ser vistas?

IZ: Bom, a principal semelhança talvez seja que o cinema ainda é uma arte elitista, branca e com muitos homens [risos]. Mas também acho que nos dois lugares estão querendo mudar isso, e já se vê mudanças significativas, maior interesse na diversidade e mais questionamentos sobre estruturação e dramaturgias. um caminho longo a ser percorrido, passo a passo.

OC: Atualmente existe uma definição do pós-terror para os longas desse gênero. Como tem sido sua observação sobre isso? O terror ainda te atrai para outros filmes?

IZ: O Terror deixou de ser uma coisa muito longe das nossas vidas. No meu entendimento o pós-terror abrange mais convenções e situações, uma opressão pode ser terror, um angústia, pode ser terror…

OC: Quais seus próximos projetos? Quais caminhos você busca seguir em sua carreira?

IZ: O meu próximo projeto aqui no Brasil vai ser com a diretora Tamar Guimarães, depois sigo para Portugal para integrar o elenco da serie Sul, do Ivo M. Ferreira. Busco um caminho próspero, com diversidade e bons projetos. Crescimento humano e artístico.

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