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"Criamos uma geração de brasileiros sem esperança”, diz diretor de Além do Homem

Por Arthur Pires

O filme Além do Homem reuniu equipe para exibição do longa e, em seguida, conversou com jornalistas sobre todo o processo de criação. Além do diretor e alguns membros da produção, estavam presentes os atores Sérgio Guizé, que interpreta Alberto e Fabrício Boliveira, que interpreta Tião.

Em seu primeiro longa-metragem o diretor Willy Biondani diz que a história do personagem principal de seu filme não é a sua própria história, mas que tenta traçar um bom paralelo entre a experiência de Alberto e a sua experiência. “Nessa procura da minha própria identidade brasileira, eu acabei me deparando com um Brasil que também de alguma maneira procurava sua identidade”.

Além do Homem narra a vida de Alberto, um escritor que vive em Paris e tenta a qualquer custo não ter mais elo com o Brasil. Porém, para sua tristeza, ele é enviado a Minas Gerais para descobrir e escrever o que aconteceu a um antropólogo muito famoso. Ao chegar aqui, Alberto logo se irrita com o excesso de felicidade que Tião, seu “guia”, transparece.

“Porque tratar de uma história que é a felicidade brasileira? Uma coisa que meio sempre incomodou a gente, esse excesso de felicidade” questiona o ator Fabrício Boliveira. Sobre o personagem de Sérgio Guizé, Fabricio diz que todo processo que Alberto passa é uma busca pelas raízes dele, é uma autofagia.

Parte dessa busca da identidade do que é ser brasileiro surgiu com a necessidade do diretor em se conectar com um lugar dito como “feminino”. Biondani diz que “o feminino nesse caso não se refere a gênero, mas se refere a muito mais a uma atitude afetiva e generosa em relação a vida, com isso nasceu o filme”. Inclusive, ainda sobre este mesmo assunto, Sérgio Guizé diz que foi necessário para seu personagem Alberto “entender o feminino para se redescobrir”, o ator afirma que o processo foi muito especial e que não somente seu personagem se transforma em outro homem, mas que ele também se sentiu transformado ao fim da produção do filme.

A questão do “feminino” é de tal importância para o diretor que ele diz que escolheu como locação a cidade de Milho verde (MG) por ter paisagens como cerrado e regiões com cachoeiras “A gente coloca esse personagem nesse trajeto árido, para depois ele atingir a cachoeira, que na verdade representa o feminino da gente, um ambiente mais verde, mais fértil.”

Por fim, Willy espera que o filme alcance, principalmente, os jovens e crie neles uma reflexão sobre a necessidade de se ter utopias. Já que, segundo o diretor, “a gente tem criado uma geração de brasileiros sem esperança”.

Além do Homem tem estreia marcada para o dia 28 de junho.

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