CONTÉM SPOILERS GIGANTESCOS
Vingadores: Ultimato não traz esse título à toa. Endgame no original, representa o fim de um caminho iniciado há tempos, e serve como uma perfeita culminação dessa primeira saga do Universo Cinematográfico da Marvel Studios. 22 filmes em 11 anos, com sua origem rastreada para 2008, com o primeiro filme do Homem de Ferro estrelado por Robert Downey Jr.
Dessa forma, é completamente poético e justificável que Tony Stark morra no filme. É a perfeita conclusão para sua jornada, e garante um momento corajoso e realmente comovente em Ultimato, especialmente por ser um sacrifício altruísta e que garante a derrota definitiva de Thanos e suas forças malignas.
No meio da grande batalha final, onde Thanos enfrenta literalmente todos os Vingadores, agora em grande escala por terem retornado à existência, a Manopla do Infinito disputada. O grande sacrifício fica com Tony Stark, que coloca as joias em sua própria armadura, e realiza um estalo para acabar com Thanos e todo o seu exército. Como o poder da Manopla é gigantesco, isso acaba lhe custando a vida. Nenhum mortal pode carregar tanto poder na palma de uma mão, e Stark abraça seu destino quando o Doutor Estranho lhe aponta que essa era a única chance; o futuro determinado entre 14 milhões de possibilidades que ele havia visto em Guerra Infinita.
Um sacrifício em prol do bem maior é a culminação do arco de Stark desde o primeiro filme. Tony era um industrialista narcisista e arrogante, até aprender a se tornar um ser humano melhor ao adotar a armadura do Homem de Ferro. Nos filmes dos Vingadores, sua intenção sempre foi proteger o mundo da próxima grande ameaça, e principalmente preveni-las. Em uma cena de Vingadores: Era de Ultron, ele comenta para Steve Rogers como “fazemos esse trabalho para depois podermos ir para casa descansar”. Mesmo casado com Pepper e com uma filha pequena, Tony não consegue descansar e seguir em frente quando Steve e os Vingadores surgem com a possibilidade de reparar os males de Thanos em Guerra Infinita. “Impedir você foi um dos meus grandes fracassos”, diz uma bem-humorada Pepper Potts quando Tony resolve ajudá-los, e por isso chega a ser emocionante que, no leito de morte de Tony, ela diga que “ficaremos bem, você pode descansar”.
Aliás, vale ser mencionado como Robert Downey Jr. está absolutamente brilhante no filme. Sua performance como Tony Stark sempre foi divertida e sarcástica, estabelecendo o tom de humor que o MCU inteiro iria seguir – além de reacender a carreira do ator em Hollywood, que rapidamente se transformou em um dos astros mais bem pagos da indústria. Em Ultimato, vemos seu lado mais melancólico e trágico, e com mais riscos agora que Tony é pai da pequena Morgan. No momento de sua morte, em uma expressão quase imutável, é possível ver como o ator entrega uma “serenidade” a Stark, em um trabalho delicado e, considerando que a Marvel entrou no Oscar com Pantera Negra, digno de trabalhar uma campanha para que Downey Jr seja lembrado entre os membros da Academia.
É belíssimo que todos os heróis do MCU atendam ao funeral de Stark, afinal o Homem de Ferro fundou toda a franquia e iniciou o universo compartilhado mais bem sucedido da História do Cinema. Agora trata-se de uma questão de sucessão: quem será o novo Homem de Ferro dos cinemas? Não que Tony Stark será ressuscitado ou rebootado, mas algum personagem deve assumir o manto em relação a armaduras tecnológicas. Pepper Potts usou a armadura Resgate durante a batalha final, e a cena do funeral até contou com a participação de Harley Keener, o garotinho com quem Tony formou uma aliança em Homem de Ferro 3.
Vivendo o Homem de Ferro há 11 anos no cinema, Robert Downey Jr. deixou uma marca irretocável no cinema de super-heróis. Sua despedida em Vingadores: Ultimato é trágica, mas catártica e inspiradora, representando a culminação perfeita de seu arco – muito bem demarcada pelo uso da icônica frase “Eu sou o Homem de Ferro”.
Sentiremos saudades, Tony.
Vingadores: Ultimato está em exibição nos cinemas.