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Por que a loucura de Daenerys faz sentido em Game of Thrones

CONTÉM SPOILERS!

A oitava e última temporada de Game of Thrones está dividindo os fãs. Talvez seja um eufemismo, já que muitos estão simplesmente odiando os rumos que os showrunners D.B. Weiss e David Benioff estão tomando para sua reta final, especialmente no que diz respeito ao arco de alguns de seus personagens, que estão tomando decisões questionáveis.

Mas nenhum deles é mais criticado do que o arco de Daenerys Targaryen. Passando de uma quebradora de correntes e líder nata nas temporadas passadas, a Mãe dos Dragões está descompensando nos 45 do segundo tempo, e é algo que simplesmente não faz sentido para os fãs. Bem, a verdade é que a transformação de Daenerys na Rainha Louca é algo que narrativamente, faz todo o sentido do mundo. Na verdade é a história que Game of Thrones vinha contando desde sempre. Porém, não da forma certa.

Hereditário

Tudo começa com o pai de Daenerys, Aerys II. Ocupando o Trono de Ferro de Porto Real em eventos que antecedem a série, o governante ganhou o título de Rei Louco, como consequência do que muitos atribuem à linhagem amaldiçoada dos Tagaryen. Aerys passou a acreditar que ele poderia se transformar em um dragão, e tentou queimar a cidade inteira quando Robert Baratheon formou uma rebelião para tomar o Trono. Se não fosse Jaime Lannister, que matou Aerys antes que ele ordenasse que Porto Real fosse queimada com Fogo Vivo, nem haveria história para contar.

É a repetição de um ciclo que vemos com Daenerys Targaryen. É clássica história de tragédia e queda, já que a jovem é sempre lembrada por aqueles à sua volta, aliados e inimigos, que a loucura corre pelo sangue dos Tagaryen. Inclusive, boa parte do arco de Dany ao longo das primeiras temporadas foi aprender o que é necessário para ser uma rainha eficiente. Sua inocência e compaixão até mesmo se mostraram como deméritos durante o núcleo ambientado em Meereen, quando a abolição da escravidão desestabilizou a economia da cidade. Daenerys sempre foi tida como alguém que precisava amadurecer, e é trágico que ela tenha sucumbido ao ódio e a vingança na reta final. Mas também, não surpreendente.

Em “The Last of the Starks”, Daenerys sentiu o peso de diversas reviravoltas. Ainda lidava com a revelação problemática de que Jon Snow era um Targaryen, e com uma linhagem que lhe garantia um direito mais proveitoso ao Trono de Ferro. O descendente de Stark também era um homem acolhido por seu povo e que inspirava seguidores, e Dany se viu em desvantagem por ser a “intrusa” no Norte, ainda contando com a inimizade de Sansa e Arya Stark – e rapidamente vendo dois de seus aliados, Tyrion e Varys, alimentando a ideia de que Jon Snow seria um rei mais digno para Westeros.

O estopim veio alguns minutos depois, quando seu dragão Rhaegal foi morto por Euron Greyjoy em um ataque surpresa. Pouco depois, sua grande aliada Missandei foi decapitada pelo Montanha após uma tentativa frustrada de se realizar uma trégua com Cersei. Daenerys está sozinha, ainda mais porque seu aliado mais antigo, o primeiro homem a dobrar seu joelho no final da primeira temporada, Sor Jorah Mormont, havia morrido durante a Batalha de Winterfell. Tudo conspirava para que Daenerys tivesse uma reação descontrolada, e as cenas fortíssimas no episódio “The Bells” certamente chocam.

A pressa é inimiga da perfeição

Como narrativa, faz sentido. O problema, infelizmente, é o tempo apressado demais. O início da paranoia e mudança de ar da personagem aconteceu praticamente de um episódio para outro, suportado pela revelação de que seu “amado Jon” (me perdoem os Jonerys, mas esse romance besta nunca colou), e as mortes recentes pelas mãos dos mortos e Cersei. Foram diversas perdas e ataques psicológicos a Daenerys em pouco tempo. Por mais que faça sim sentido narrativamente, foi uma mudança muito brusca e sem o desenvolvimento necessário para que trouxesse o impacto necessário.

Mas se há algo que definitivamente funciona, além da execução e direção realmente marcante do massacre em Porto Real, é Emilia Clarke. A atriz definitivamente cresceu muito ao longo da série, e por mais que o arco da crueldade e tirania seja forçado, somos capazes de acreditar e sentir a fúria de Daenerys através da expressão sempre em mudança da atriz, que faz um trabalho fantástico nessa temporada. Mal posso esperar para ver como ela estará no episódio final.

É difícil adivinhar se era exatamente isso que George R.R. Martin tinha em mente, já que os livros não foram finalizados. Mas como o autor é produtor da série, claramente todas as suas ideias e intenções são discutidas com a dupla Weiss e Benioff. Gosto de acreditar que a loucura de Daenerys Targaryen será mais trabalhada na obra de papel, e que não foi simplesmente inserida de um capítulo para outro.

Mas que a ascensão da Rainha Louca faz sentido, faz.

A oitava e última temporada de Game of Thrones está focando na luta final pelo Trono de Ferro. Os episódios são disponibilizados no Brasil pela emissora e pelo serviço HBO GO simultaneamente à exibição nos Estados Unidos.

Além da oitava e última temporada, a HBO já está planejando a produção de série derivadas de Game of Thrones, uma delas estrelada por Naomi Watts, ainda sem data de estreia.

A temporada final de Game of Thrones está em exibição na HBO.

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