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Como The Handmaid’s Tale consegue ser melhor na 3ª temporada

The Handmaid’s Tale sempre pareceu mais como um alerta sobre nosso futuro próximo do que uma distante da realidade distopia. Mais de uma vez vimos como nosso presente rapidamente pode se tornar o inferno que é Gilead em um piscar de olhos.

A segunda temporada, no entanto, distanciou-se do livro de Margaret Atwood, entregando enrolação e tortura gratuita. Vimos alguns excelentes episódios nesse segundo ano da série? Claro! Mas o conjunto da obra é muito distante – em qualidade – da temporada inaugural.

Felizmente, os teasers e trailers da terceira temporada indicaram que a revolução – não a tortura – seria o tema dessa vez. Um mapa liberado pela Hulu recentemente chega a indicar as áreas do país – antigos EUA – que permanecem leais a Gilead e aqueles que foram ocupados por rebeldes. Antes acreditávamos que apenas o Canadá poderia ser um local seguro, mas esse mapa trouxe mais esperança para esse futuro e suas mulheres.

Esperança e terror

Dos três episódios lançados até agora, parece que essa esperança está, de fato, sendo mantida. A terceira temporada começa com o episódio Night, que mostra Emily (Alexis Bledel) em direção ao Canadá com o novo bebê de June (Elisabeth Moss).

Lawrence (Bradley Whitford), um comandante aparentemente altruísta tenta convencer June a ir com ela, lembrando-a que ela irá morrer se não for. Ela opta por ficar, tanto pelo bebê, quanto pela resistência.

Emily atravessa a fronteira com o bebê de June e por um momento chegamos a acreditar que a criança morreu afogada quando as duas atravessam o rio, mas não é esse o caso. Ela sobrevive: ainda há esperança.

Ambas são salvas e ganham asilo no Canadá, se juntando com Moira e Luke; Emily chega a ligar para sua própria esposa no fim do episódio dois.

Evidente que nem tudo são flores, afinal, ainda há muita luta acontecendo em Gilead. Para a Resistência funcionar, June precisa convencer pessoas poderosas a traírem a República. “Eu vou precisar de aliados – aliados com poder”, diz a protagonista no episódio três. Há pouco que as aias podem conseguir sozinhas e o truque parece ser saber em quem confiar.

Dito isso, embora a temporada tenha (felizmente) menos violência explícita que a anterior, ainda há aquela sensação de temor que permanece constante durante a série, especialmente quando Lawrence, o comandante e arquiteto de Gilead, que ajudou Emily a escapar, começa a mostrar quem é de verdade.

Lawrence não é, como muitos outros, guiado pela ideia de uma causa maior. Ele pode dizer que quer reabastecer a população, mas ele parece ser motivado pelo seu ódio em relação às mulheres. Ele foi instrumental em criar esse futuro e The Handmaid’s Tale nos lembra que homens cruéis tem faces diferentes e que alguns se parecem com aliados.

Ainda que Lawrence deixe uma Martha manter uma rede da Resistência em sua casa, ele também força June a escolher cinco mulheres para sobreviver. Ela inicialmente recusa, mas opta por escolher as mulheres que serão capazes de ajudá-la com a Resistência.

Equilíbrio

Por outro lado, Serena, que aprendeu na segunda temporada que Gilead acabaria prejudicando ela também, parecia que iria se juntar à Resistência em um trailer que a mostrou fumando junto de June. Ela deixa June ir embora com seu bebê e demonstra seu desespero pessoal quando queima sua própria casa.

Ela basicamente queimou todo o passado e, perto do fim do episódio três, ela aparece para June, que tenta convencê-la de se juntar à rebelião. Serena parece que escolhe a rebelião ao invés de permanecer com medo e são momentos como esse – embora breves – que fazem a temporada ser superior à anterior.

No episódio três, Fred confessa a Serena que ele a “levou ao desespero”. Mulheres desesperadas são a base de sustentação dessa temporada, que mostra os seus sacrifícios e a luta que ainda têm em si quando são colocadas contra a parede.

Não esperamos um final exatamente feliz em The Handmaid’s Tale, mas essa temporada parece estar ciente de que, para a série funcionar, é preciso um bom equilíbrio entre o ‘bem’ e o ‘mal’, trazendo doses certas de desolação e esperança – a balança não pode tender para qualquer um dos lados, sob o risco de se tornar um “pornô de tortura” ou um conto de fadas.

Vamos ver se The Handmaid’s Tale continuará acertando nos próximos episódios.

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