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Vingadores: Ultimato e Game of Thrones contaram a mesma história

Novamente voltamos ao ponto que parece unir diversas obras da cultura pop em 2019: o fim. Mais especificamente, vamos falar sobre as semelhanças entre Vingadores: Ultimato e Game of Thrones, com ambos encerrando arcos e narrativas neste ano – inclusive trazendo eventos relevantes no mesmo final de semana, que contou com a estreia do filme da Marvel e também com a Batalha de Winterfell na metade da temporada da série da HBO.

Pode parecer estranho à primeira vista, mas Vingadores: Ultimato e Game of Thrones estavam contando a mesma história. Não a longo prazo, claro, mas levando em conta o mais recente filme da Marvel Studios com a temporada final da série de fantasia, especialmente no que diz respeito aos eventos de “The Long Night”, episódio que trouxe a aguardada Batalha de Winterfell, e podemos resumir isso de forma simples: pessoas diferentes de cantos distintos do planeta que precisam unir suas forças e ignorar suas desavenças para enfrentarem um poderoso inimigo em comum. Os Vingadores se encaixam no primeiro grupo de personagens, enquanto Thanos e o Rei da Noite facilmente podem ser vistos como os dois tipos de antagonistas que promovem a união dos diferentes – sem falar na óbvia coincidência de ambas as obras trazerem heróis chamados Stark.

Ambas as histórias trabalham com a investigação do poder e a união de povos diferentes, mas seus finais renderam reações completamente opostas. Vingadores: Ultimato foi um dos filmes mais elogiados e celebrados do ano, enquanto os fãs de Game of Thrones até organizaram mais uma daquelas petições inúteis para tentar cancelar a série e reescrevê-la, além da série ter gerado uma insatisfação geral até mesmo entre a crítica, que considerou a oitava temporada como a pior da série até agora.

Problemas de roteiro

O que provoca essa diferença é algo claro, e não falamos apenas do roteiro bem trabalhado de um com a pressa de outro. Vingadores: Ultimato plantou as sementes narrativas ao longo de seus 11 anos e 22 filmes da Saga do Infinito, trazendo de volta momentos diversos dos outros filmes da franquia, em algo que pode ser considerado como uma celebração dessa adorada franquia. É o chamado “Pay off”, a recompensa após anos de investimento em uma mesma história, e que faz por merecer todas as escolhas dramáticas que fez.

Já Game of Thrones basicamente tirou as sementes e não as regou apropriadamente. Muitas decisões criativas pareceram apressadas, como a loucura da Daenerys Targaryen e a morte do Rei da Noite, e outras simplesmente descartaram elementos que pareciam importantes no passado – como a identidade de Jon Snow como um Targaryen ou toda a crucial evolução de Jaime Lannister como uma pessoa melhor. Até mesmo a decisão de colocar Bran Stark como o Rei de Westeros pareceu apressada e mal construída.

O próprio George R.R. Martin já comentou sobre os personagens e histórias da Marvel Comics no passado, e como foram uma certa inspiração para seu modelo de escrita nos livros que inspiraram Game of Thrones.

“Esses personagens tinham personalidades. Tiques, falhas, temperamentos. Os heróis não eram inteiramente bons, os vilões não eram de todo ruim… As histórias tinham reviravoltas”, afirma Martin sobre a influência dos quadrinhos da Marvel em seu trabalho nas Crônicas de Gelo e Fogo. Não que o trabalho de Stan Lee, Jack Kirby e companhia tenha sido uma influência direta em Game of Thrones, mas é fácil notar como ambas as produções trabalham com os mesmos arcos e arquétipos de histórias, que – sinceramente – são encontrados na maioria das produções audiovisuais da Hollywood contemporânea.

As histórias vistas em Vingadores: Ultimato e Game of Thrones certamente foram similares, seguindo pontos de história similares. Porém, apenas o épico da Marvel foi capaz de entregar uma conclusão satisfatória, enquanto a HBO ficou devendo com o fim de uma de suas maiores produções.

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