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Fim do binge watching? Como Netflix pode mudar sua vida com nova forma de lançar séries

A Netflix mudou a indústria das séries de televisão. Não só pelo acesso com streaming e o compartilhamento de dados, mas também por um fator importante: a cultura do binge watching, fruto da tática da empresa em disponibilizar todos os episódios de suas novas séries de uma vez – indo de encontro ao padrão televisivo, onde cada episódio é lançado semanalmente. Mas agora a Netflix pode mudar isso, e já começa a fazer experimentos.

Em alguns países, a Netflix já usa essa tática de episódio semanal. No Brasil, por exemplo, cada episódio de Better Call Saul e o revival de Twin Peaks chegavam com intervalo de sete dias; e é também consequência do fato dessas séries não serem produções originais da Netflix, apenas sendo distribuídas pelo streaming. Mas foi só com o programa The Great British Show que a imprensa americana realmente prestou atenção nesse modelo. Não é novidade alguma para assinantes internacionais da Netflix, mas é um que aponta algo interessante no modo como a empresa distribui e até planeja grande parte de suas produções originais.

Mudando o mercado

O modelo do binge watching não é apenas uma forma de distribuição, mas que também altera todo o modo de produção de uma série – principalmente em termos de roteiro. No modelo tradicional de televisão, principalmente na aberta, é esperado que um episódio termine de forma a atrair curiosidade para ver o próximo (o famoso cliffhanger).

Isso não precisa acontecer com o modelo de maratona da Netflix, já que todos os episódios já estão ali, permitindo que os roteiristas contem a história desejada sem a pressão de precisar criar expectativa para a semana seguinte. É o famoso “filme de 10 horas” que produtores e roteiristas sempre apontam ao falar sobre séries da Netflix, que também possibilitam episódios que seriam descartáveis em uma grade programação tradicional, mas que podem ter espaço no streaming – o famoso filler.

Máquina de hype

Mas essa estratégia também traz seu copo meio vazio. Uma das grandes reclamações no modo de distribuição da Netflix é que seu conteúdo é simplesmente “jogado” no catálogo, sem grande divulgação. A promoção de um episódio por semana poderia ser mais elaborada para algumas séries, e a futura grande concorrente da Netflix, o Disney+, vai apostar justamente nesse tipo de lançamento. O intervalo semanal permite que cada episódio seja discutido e o hype seja criado – algo que certamente foi um dos fatores para tornar Game of Thrones tão popular, com novas teorias sendo discutidas nos intervalos de cada episódio.

A tática de lançamento por semana incentiva a discussão e valoriza cada episódio como uma obra em si. No método do binge watching, estamos diante apenas de “mais um bloco” para assistir, e o questionável dispositivo da Netflix em pular os créditos acaba impossibilitando que o espectador veja quem de fato é responsável pela direção, roteiro e qualquer outra função técnica do respectivo episódio.

É um modelo a se considerar, e não duvido que – dependendo do sucesso que o Disney+ atingir – a Netflix não considere adotá-lo para pelo menos algumas de suas produções originais. Algumas séries merecem aquela boa e velha discussão com colegas de trabalho.

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