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Como Coringa prepara terreno para o novo Batman

ATENÇÃO: Contém spoilers PESADOS de Coringa!

Coringa finalmente está nos cinemas brasileiros, o que significa que já podemos discutir abertamente alguns dos grandes spoilers que o filme de Todd Phillips traz. Por mais que já saibamos que o personagem de Joaquin Phoenix se tornará o Coringa ao longo do filme, o caminho que o leva até lá é surpreendente, e traz grandes reviravoltas ao longo de sua projeção, e que até mesmo expandem o universo isolado que a Warner Bros abriu aqui – no que pode vir a se tornar o selo da DC Black.

E a parte mais surpreendente é que o Coringa acaba, de forma indireta, criando o Batman por acidente com suas ações. Vamos falar sobre isso.

O Wayne perdido?

O grande motiff do filme, que é um estudo de personagem em primeiro lugar, está mesmo na paternidade de Arthur Fleck. O palhaço aspirante a comediante stand up mora com sua mãe, Penny, que descobrimos ter sido uma empregada de Thomas Wayne no passado. Essa relação se revela ainda mais profunda quando Arthur encontra uma carta onde Penny afirma que os dois tiveram um romance, e que Arthur é o filho bastardo do casal. Isso muda tudo: Arthur, o futuro Coringa, é meio-irmão de Bruce Wayne, o futuro Batman? Essa é pra deixar os fãs malucos, já que traz grandes mudanças no cânone do personagem da DC. Mas não foi bem assim.

Quando Arthur enfim consegue abordar Thomas Wayne sobre a revelação, o magnata afirma que Penny é insana, e que nada daquilo é verdade. O protagonista confirma tudo isso ao encontrar as fichas de sua mãe no Asilo Arkham, confirmando sua condição mental e também o fato de que Arthur foi adotado quando criança, e teve uma criação abusiva pelas mãos de Penny e seus inúmeros namorados. Isso acaba perturbando Arthur ainda mais, que brutalmente mata sua mãe no hospital.

Batman Begins

Outro fator fundamental para a transformação de Arthur Fleck no Coringa é, claro, a sociedade. O incidente incitante acontece quando o protagonista é agredido no metrô de Gotham, reagindo violentamente ao assassinar os três atacantes – funcionários das Empresas Wayne. Como o roteiro de Phillips estabelece uma luta de classes muito forte na cidade, o ato de Arthur é idealizado por parte da sociedade, que adota o símbolo de um palhaço para protestar contra Wayne e a inabilidade do governo em resolver os problemas das classes mais pobres. Quem diria, o Coringa se tornando um símbolo político.

No ato final, a polícia e os manifestantes palhaços estão praticamente se enfrentando. O estopim vem quando o Coringa comparece ao programa de Murray Abraham (Robert De Niro) e o assassina a sangue frio na TV ao vivo. É um ato que inspira os demais palhaços a espalhar o caos pelas ruas de Gotham, culminando em algo que mudará a cidade para sempre: Thomas e Martha Wayne são assassinados na frente de seu filho, Bruce, por um dos manifestantes mascarados – temos até o cinema exibindo Zorro e o colar de pérolas sendo arrebentado.

É a grande ironia de Coringa, e a piada a qual o protagonista se refere quando está confinado no hospício, na cena final. Indiretamente, o Coringa mexeu as engrenagens que culminarão na criação do Batman, mesmo que o herói nunca apareça nesse universo isolado. É algo que Tim Burton havia explorado diretamente em seu filme do Batman, onde um jovem Jack Nicholson literalmente atirou em Thomas e Martha, mas aqui temos algo um pouco mais intrínseco.

Mas uma coisa precisa ficar clara: o Coringa de Joaquin Phoenix não terá nenhuma relação com o Batman de Robert Pattinson. O próprio Todd Phillips confirmou isso em entrevistas, reforçando novamente que o universo de seu filme permanecerá isolado; afinal Phoenix não estaria interessado em fazer continuações ou entrar para grandes franquias.

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