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Exclusivo: “É difícil ter que aposentar o Quico”, desabafa Carlos Villagrán em entrevista

Em 1984 estreava na televisão brasileira o seriado Chaves e, mesmo após 33 anos de exibição, o programa continua sendo sucesso de audiência. Mesmo com diversas mudanças de horários e retirado do ar por várias vezes, atualmente o programa não só se tornou referência na programação do SBT, como também passou a ser exibido pelo canal pago Multishow, que pertence a Globosat, do Grupo Globo, concorrente direta do canal de Silvio Santos.

O seriado é querido por várias gerações e os seus personagens sempre fazem o maior sucesso; utilizando um humor atemporal, o programa ainda terá vida longa, não só na televisão brasileira, mas em toda a América Latina, onde também continua sendo exibido.

Um dos personagens mais queridos de Chaves é o Quico, e recentemente o ator e humorista Carlos Villagrán (74), intérprete deste personagem, surpreendeu os fãs ao anunciar que deseja aposentar o personagem definitivamente.

Em entrevista exclusiva ao Observatório do Cinema, Carlos Villagrán falou sobre a sua decisão de abandonar o personagem Quico e fez revelações sobre a sua trajetória, inclusive sobre a sua participação no filme Como se Tornar o Pior Aluno da Escola (2017), onde interpretou o diretor Ademar, e da sua relação com o Brasil.

Confira nossa entrevista com Carlos Villagrán:

Gerou grande repercussão em todo o país o anúncio da sua aposentadoria do personagem Quico. Como é para você ter representado um personagem tão querido pelo público durante 48 anos?

O Quico é um personagem marcante, digo mais do que isso, ele representa um trabalho lindo que completa 48 anos de existência, mas que ainda existirá por um longo período. O Quico não vai morrer, é um personagem que ainda vai conquistar várias e várias gerações. Não tenho como descrever a felicidade que é dar vida a esse menino.

Mesmo após tantos anos, o seriado Chaves continua fazendo grande sucesso no Brasil, inclusive o mesmo passou a ser transmitido recentemente pelo canal pago Multishow. Como você encara o sucesso do seriado mexicano no país?

Fiquei sabendo que ele (o seriado Chaves) começou a ser exibido em outro canal brasileiro. Fico feliz pelo programa fazer tanto sucesso. Tenho muitos fãs no Brasil e todo o elenco do seriado sempre soube do reconhecimento e sucesso do programa no país. Fico honrado em ser responsável por fazer as pessoas mais felizes.

Surgiu uma polêmica recentemente em um episódio do Chapolin intitulado “O Descobrimento da Tribo Perdida”. Na cena, a personagem da atriz Maria Antonieta De LasNieves diz: “era melhor ter chamado o Batman em vez do Chapolin”. Chapolin então diz que Batman não pôde porque “o pneu do Batmóvel está furado“. A reclamação se deu, pois, no original, Chapolin explica que o Batman não apareceu para salvá-los porque está em lua de mel com o Robin. O que você acha desse trecho ter sido censurado?

Não me recordo desse episódio. Porém, vivemos em novos tempos, é normal que muitas coisas tenham mudado em nossa sociedade. Porém acredito que não deveriam ter censurado a esquete. A censura nunca é boa e Chapolin, assim como Chaves, tem como objetivo fazer sorrir, ali nada é para ferir alguém.

O que muitos fãs estão curiosos é se você irá aposentar apenas o personagem Quico ou ainda poderemos ver Carlos Villagrán interpretando outros personagens…

Faz 48 anos que eu faço o Quico. A aposentadoria é em respeito ao meu público, não sou mais o menino de antigamente. Há muito tempo penso em aposentar o personagem, mas acredite, é mais difícil pra mim do que tudo ter que deixar o Quico descansar. É difícil fazer o personagem que passa na TV o tempo todo mantendo os 9 anos de idade, mas que já não estou como naquela época. Mas o artista trabalha até a morte, então quero viver muitos outros personagens ainda.

Em 2017 você trabalhou no filme Como se Tornar o Pior Aluno da Escola. Como foi a experiência de trabalhar em uma produção brasileira e a sua volta aos cinemas, após 38 anos?!

Na década de 70 eu fiz 3 filmes. Eu gosto do cinema, mas o cinema não gosta muito de mim, sempre faltaram convites. O filme (Como se Tornar o Pior Aluno da Escola) foi uma proposta irrecusável, não só por ser em outro idioma, mas pelo carinho que tenho com todo o povo brasileiro e por ter sido lembrado por um país que não é o meu. O Brasil me abraçou. O (Danilo) Gentilli e o (Fabrício) Bittar (diretor do filme) são talentosíssimos e me deram todo o suporte para eu encarnar um diretor de uma escola, afinal eu fazia um menino de 9 anos a muito tempo.

Você gravou durante 5 anos consecutivos o seriado Chaves, participando de vários episódios. Você poderia destacar um episódio que mais te marcou?

Não tenho como escolher um episódio. São muitos e todos eles são especiais. Recordo-me com carinho de todos que contracenava com Ramón (Valdés, Seu Madruga). Éramos como irmãos, ele era um ídolo para mim.

Nos anos 2000, você tentou entrar no ramo empresarial abrindo uma rede de restaurantes intitulada “Kiko Gourmet”, porém esse projeto não se concretizou. Você ainda pretende ingressar na área da gastronomia?

Não. Amo comer, comidas brasileiras, mexicanas, mas minha relação com a gastronomia é somente essa, não tem nada a ver com negócios.

O Carlos Villagrán em algum momento da sua trajetória sentiu ciúmes do personagem Quico?

A vida toda eu interpretei um menino. Por isso eu acredito que esse menino ajudou Carlos Villagrán a continuar sendo um menino. Não tem como o Carlos sentir ciúmes do Quico.

Deixe uma mensagem para o público do Observatório do Cinema, que são fãs do Quico e possuem total admiração pelo seu trabalho.

É uma benção para mim receber tantas mostras de carinho do Brasil. Só tenho a agradecer todos os fãs, obrigado, obrigado!

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