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Fala Série! | As melhores apostas da temporada 2016-17 da TV americana

Bem-vindos ao Fala Série!, a nova coluna quinzenal do Observatório do Cinema sobre o mundo das séries de TV. E que momento maravilhoso que escolhemos para estrear essa coluna, não?

As últimas semanas foram lotadas de finais de temporada, anúncios de renovações e cancelamentos, lançamento de trailers e imagens das séries nas quais as emissoras vão apostar nos próximos anos. É tanto material para nossa humilde coluna que vamos ter que dar uma resumida rápida, para destacar as séries que nos deixaram mais ansiosos (e as que mais nos decepcionaram) para a fall season 2016-17.

Antes de destacar as novas histórias que aportarão nas nossas telas em breve, no entanto, vale fazer uma recapitulação das séries que perdemos nessa sangrenta última semana. Uma espécie de In Memoriam do Fala Série!, por assim dizer.

Na CBS, a maior (e mais conservadora, mas isso é história para mais pra frente na coluna) emissora americana, os fãs de CSI viram a franquia morrer com o cancelamento de CSI: Cyber, a última série da marca. Dezesseis anos e 795 episódios depois do início em 2000, muitos fãs achavam que já tinha passado da hora. A emissora também perdeu The Good Wife, principal competidora da CBS nos Emmys, a comédia Mike & Molly, o thriller Person of Interest, e a estreante Rush Hour, que não atraiu o público dos filmes da série Hora do Rush.

Na ABC, casa de algumas das séries mais maltratadas por emissoras da história, perdemos Agent Carter, provavelmente a nossa série favorita da Marvel, após curtas duas temporadas. Peggy merecia mais! O novelão Blood & Oil também foi cortado, junto com as estreantes The Family, The Muppets e Of Kings and Prophets, a veterana Castle, a comédia Galavant, o musical Nashville e a policial Rookie Blue.

A emissora do pavão, a NBC, perdeu ainda no começo do ano a maravilhosa Hannibal – mas nem dá para ficar muito bravo, porque a emissora deixou a série fazer muito mais bagunça do que qualquer outro canal permitiria nesses três anos. A NBC cancelou ainda as estreantes Game of Silence, The Player, Telenovela e Truth Be Told, o reboot Heroes Reborn, a comédia criminal The Mysteries of Laura e a sitcom Undateable.

A Fox, casa das series mais malucas da TV aberta mmericana, anunciou o cancelamento da animação Bordertown, das comédias estreantes Grandfathered e The Grinder, e das ficções científicas Minority Report e Second Chance.

Já a The CW, em ótima fase, cancelou só a estreante Containment – isso mesmo, só uma série! Parabéns para a CW por uma temporada incrível em 2015-16.

Entre as emissoras menores e canais fechados, poucas vítimas foram contadas esse ano. A USA renovou todas as suas séries, incluindo o hit Mr. Robot. A Showtime deu temporadas finais para House of Lies e Episodes terminarem suas tramas. A FX perdeu no começo do ano a nova The Bastard Executioner, cancelou a comédia The Comedians, e deu uma última temporada para The League terminar sua história. A HBO anunciou que a terceira temporada de The Leftovers será a última, e cancelou a comédia Togetherness. Por fim, a AMC deu uma última temporada para Hell on Wheels.

Vale lembrar que, no caso dos canais fechados, muitas séries são renovadas/canceladas em um calendário diferente do dos canais abertos, por isso vale ficar de olho em séries como The Americans, Archer, Veep e Penny Dreadful, se elas estão entre suas preferidas.

Antes da nossa análise sobre as novidades da próxima temporada, vale notar que os remakes, reboots, continuações e afins anunciados entre as séries de TV desse ano foram tantos que mal demos conta, então falamos tudo sobre eles em um artigo separado – leia aqui.

man with a plan

Dramas ruins, comédias piores

Enquanto isso, na casa das ideias originais, será que estamos muito melhores que nos remakes, continuações, reboots e adaptações? Bom, sim e não. Como é de costume, um número sufocante dos trailers das séries vindouras são esmagadoramente ruins. As comédias continuam quadradonas, colocadas em um estilo de sitcom ultrapassado e cheias de piadas preconceituosas e de mau-gosto. Os dramas continuam largamente pouco originais, novas séries criminais e médicas no estilo procedural não faltam – poucas delas com atrativos especiais.

Não são todas assim, é claro, mas vale destacar as piores delas para que vocês, leitores, saibam do que passar realmente longe nos próximos meses/anos:

https://www.youtube.com/watch?v=bsbVnrOkcr8

https://www.youtube.com/watch?v=yZBP6wb3xmI

A dupla de dramas mais terrível (depois de Dia de Treinamento) na agenda é essa: APB, nova série policial da Fox; e Notorious, bizarra mistura de jornalismo e advocacia da ABC. A primeira, um procedural bem comum com uma pontinha de ficção científica, mostra uma tecnologia nova introduzida por um magnata na força policial. Apesar de um elenco bacana, que inclui Kevin Chapman (Person of Interest), Ernie Hudson (Os Caça-Fantasmas), Justin Kirk (Weeds) e Natalie Martinez (Under the Dome), APB tem uma premissa que não a deixa ir muito longe no sentido de desenvolver uma narrativa e personagens interessantes.

Já em Notorious, uma jornalista e um advogado de defesa conspiram (e tem um caso amoroso) para que os casos desse último sejam cobertos da forma como ele achar melhor na imprensa. Trabalhando juntos, eles “não obedecem às regras”, e a série parece achar isso o máximo. Sem profundidade ou um olhar mais interessado sobre os protagonistas, Notorious está fadada a ser um novelão que usa a subversão de sua premissa como chamariz para público – não estamos dizendo que não vai funcionar (embora provavelmente não funcione), mas sem dúvida será algo terrível de se assistir.

Enquanto isso, aqui estão dois exemplos do estado das comédias de TV aberta nesse ano: American Housewife, da ABC, faz graça de uma mãe-de-família que não se encaixa na comunidade rica para a qual ela e seu marido se mudam por ser “gorda demais”. Não é que o roteiro se aproveite disso para fazer piada, nem que tenha a intenção de reforçar a cultura que a coloca para baixo, mas a sensação é que a fórmula é batida e que, no final das contas, a maioria das piadas continua sendo em cima da pobre coitada protagonista.

Enquanto isso, Kevin Can Wait (e coloque Man With a Plan, de Matt LeBlanc, no mesmo saco) capitaliza em cima de piadas machistas e noções antiquadas de masculinidade e paternidade. Kevin James e LeBlanc, apesar de talentosos, estão perdidos em roteiros pouco imaginativos e pouco esforçados – e em elencos coadjuvantes nada inspirados. Passe longe das sitcoms da CBS, de qualquer forma que você conseguir.

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E o que dá para aproveitar?

Nesse cenário desolador da TV aberta americana para a próxima temporada, o leitor se pergunta, há algo que ainda pode se salvar? Em meio à programação pouco atrativa (e bem pouco atrevida, para nossa surpresa) da Fox, as poucas novidades da CW, e a absolutamente terrível agenda da CBS, sobram poucas ideias originais e, dessas, ainda menos opções realmente interessantes, seja pelos atores envolvidos, pelos roteiristas ou pelo bom desenvolvimento que deixam transparecer nos trailers. Aqui vão as nossas 4 principais escolhas para a próxima temporada de séries – nessas estreias, nos garantimos.

Primeiro, os dramas: Conviction ganha pontos com a gente só por ter Hayley Atwell no elenco. A Peggy Carter do universo Marvel não é só uma das melhores atrizes trabalhando na TV atualmente, como tem um dedo bom para projetos. Aqui, Atwell interpreta uma personagem bem diferente do que a vimos fazer em Agent Carter – o estilo bad girl cai bem para a atriz, assim como a jornada de redenção que vemos no trailer, que dá indícios de que a série de Liz Friedman (Jessica Jones) pode se revelar bem mais profunda que um simples procedural legal. Fica a torcida por uma vida longa para o drama.

Já Midnight Texas entra para a tradição sobrenatural que tem reinado na TV há muito tempo. Baseada em livros da autora de True Blood, a série traz um visual bem rebuscado e personagens marcantes, interpretados por atores que parecem imediatamente memoráveis. A história promete se estender sem muitos problemas, e o estilo bizarro da autora é bem traduzido para a série, que deve chegar com menos violência/sexo do que True Blood, mas agradar mesmo assim.

https://www.youtube.com/watch?v=rfUiKg28r_M

https://www.youtube.com/watch?v=UMf24rEsMOs

A NBC acertou em cheio com as comédias This is Us e The Good Place. A primeira virou recorde de visualizações no Facebook para um trailer de série estreante, tudo graças ao potencial melodramático da trama, que acompanha de forma simples e comovente a vida de várias pessoas nascidas no mesmo dia, e à presença de Mandy Moore e Milo Ventimiglia, que tem uma rápida cena de nudez no começo do trailer. Mesmo sem considerar a audiência que a série praticamente garantiu com essa estreia poderosa, This is Us parece uma dramédia adorável com um elenco matador e as melhores das intenções – nós vamos assistir.

Já The Good Place chega mesmo é com bons credenciais: os criadores são os mesmos das maravilhosas Parks and Recreation e Brooklyn Nine-Nine; a protagonista, por sua vez, é a ótima Kristen Bell, que passou por Veronica Mars e House of Lies, além de dublar a Anna de Frozen, antes de chegar aqui. A premissa é quietamente subversiva e as piadas do trailer funcionam às mil maravilhas, mostrando uma advogada que vai parar no Paraíso por engano após morrer.

Agora que já passamos quase tudo em revisão, vamos fazer um resumo. Aqui vão as nossas recomendações finais…

Essencial assistir: Conviction, Still Star-Crossed (ABC), Midnight Texas, This is Us, The Good Place (NBC), Star Trek (CBS)

Pense em dar uma chance: The Exorcist, Shots Fired, Making History (Fox), Designated Survivor, Time After Time, Downward Dog (ABC), Will, Animal Kingdom (TNT), MacGyver (CBS), Emerald City, The Blacklist: Redemption, Powerless (NBC), Frequency, No Tomorrow (CW)

Passe longe: APB, Lethal Weapon, The Mick (Fox) , Notorious, American Housewife, Speechless, Imaginary Mary (ABC), Bull, Pure Genius, Training Day, Man With a Plan, Kevin Can Wait (CBS), Shooter (USA), Taken (NBC).

O Fala Série! volta dia 04/06.

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