Críticas

Crítica 2 | Homem Irracional

Frustração, depressão, descoberta, ansiedade e descontrole. Até que ponto querer mudar o mundo e não consegui-lo pode fazer com que você considere ideias que até determinado momento da sua vida nunca tinha considerado? Este pode ser um resumo amplo do mais recente filme do diretor americano Woody Allen, Homem Irracional.

O roteiro desta história também é de Allen – como é na maioria dos seus filmes. A história é a de um professor universitário de filosofia, Abe Lucas (Joaquin Phoenix, de Ela e Johnny & June), que é contratado por uma universidade de uma pequena cidade dos Estados Unidos para lecionar durante o verão. Com uma relativa fama no meio acadêmico, Abe chega a tal universidade sendo tema das rodinhas de conversa de colegas e alunos.

Chama a atenção, especialmente, da colega Rita (Parker Posey, do telefilme Hemingway & Gellhorn e da série The Good Wife) e de uma das suas alunas, Jill (Emma Stone, da franquia O Espetacular Homem-Aranha e Birdman). Porém, Abe está em profunda depressão. Frustrado e sem razão alguma para viver, ele aparenta poder ter um colapso nervoso a qualquer momento. Este estado em que se encontra o professor faz com que Rita e Jill – aquela casada e esta namorando um jovem, Roy (Jamie Blackley, de O Quinto Poder e Branca de Neve e o Caçador) –acabem se envolvendo com ele. E é em uma das saídas com Jill que a vida do professor muda radicalmente ao conseguir vislumbrar uma maneira de conseguir mudar a vida das pessoas, nem que seja a vida de uma pessoa em específico.

Percebe-se que o roteiro escrito por Woody Allen é baseado em vários conceitos da Filosofia que são expostos ao longo do filme durante as aulas de Abe. Por exemplo, existe uma discussão sobre aleatoriedade e acaso na vida que tem tudo a ver com a razão pela qual o professor tem a sua vida alterada. Allen conseguiu unir aqueles conceitos e expô-los de uma forma muito bem fluída, sem didatismo.

As intepretações de Joaquin Phoenix e Emma Stone estão muito bem adequadas para os papéis que estão interpretando. Phoenix deixa transparecer a falta de sentido na vida que Abe vê em sua própria vida. E Emma Stone mostra totalmente o interesse e a fascinação pelas quais a sua personagem sente por aquele professor por ter o lido e assistido as suas aulas.

A trilha sonora é até diversificada, porém, há uma música específica que acaba sendo repetida ao final de momentos-chave da história, o que acaba sendo meio chato. A fotografia do filme, sob responsabilidade de Darius Khondji (de Magia ao Luar, do próprio Woody Allen e O Quarto do Pânico), não tem nada de especial, porém é muito bem feita. Assim é com a edição realizada por Alisa Lepselter, que edita quase todos os filmes do diretor deste a produção de Poucas e Boas.

Mas estes probleminhas aqui e acolá não prejudicam em nada o desenvolvimento da história que culmina no momento certo. Woody Allen sabe muito bem em qual momento a história deve ser terminada e como ela deve ser encerrada. Não explicando tudo ou nem sendo didático demais em seus filmes. Mais um acerto do diretor americano de 79 anos que ainda tem muitos projetos para filmes pela frente.

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