Críticas

Crítica | Quarteto Fantástico

Ninguém levantou das poltronas do cinema logo ao fim de Quarteto Fantástico. E não foi para aguardar a já tradicional cena pós-créditos nos filmes da Marvel. A pergunta na cabeça de todos os espectadores que estavam ali para acompanhar a nova adaptação de uma das mais tradicionais e famosas histórias de super-heróis em quadrinhos era a mesma: acabou?

Dirigido por Josh Trank (Poder Sem Limites) e com um elenco recheado de jovens promissores, Quarteto Fantástico tinha tudo para seguir a fórmula de sucesso dos mais recentes filmes do universo Marvel e corrigir erros da adaptação de dez anos atrás. A obra lançada nesta quinta (6/8), no entanto, repete erros da antecessora e comete outros piores, prendendo a atenção dos espectadores apenas nos quinze minutos em que “ousa” ter cenas de ação.

O filme gira em torno do estudante Reed Richards (Miles Teller, de Whiplash) e sua obsessão em criar uma máquina de teletransporte. Com a ajuda do melhor amigo, Ben Grimm (Jamie Bell, de As Aventuras de Tintim), ele obtém sucesso e chama a atenção do cientista Franklin Storm (Reg. E. Cathey, da série House of Cards). Ao lado de Sue (Kate Mara, também de House of Cards) e Johnny Storm (Michael B. Jordan, de Fruitvale Station), filhos do Dr. Franklin, e do rebelde Victor Von Doom (Toby Kebell, de RocknRolla), Reed aprimora sua invenção e constrói um portal para outra dimensão, uma espécie de planeta semelhante à Terra em seus primórdios.

Bêbados e irritados com a possibilidade de nunca utilizarem a máquina que criaram, os rapazes decidem chamar Ben para estrearem a invenção antes da NASA e dos militares – tudo isso escondido de Sue e seu pai. A missão passa por apuros, Victor se dá mal e apenas Reed, Ben e Johnny, com a ajuda de Sue, conseguem voltar da outra dimensão. Os quatro, no entanto, são expostos a uma explosão de energia radioativa proveniente do planeta em que o grupo estava.

O incidente dá a eles habilidades sobre-humanas: Reed é capaz de esticar todas as partes de seu corpo; Johnny entra em combustão quando quiser; Sue fica invisível e é capaz de criar campos de força; Ben vira uma criatura de pedra com feição e força monstruosas. O problema é que isso não é novidade para ninguém.

A origem do Quarteto Fantástico é praticamente a mesma do filme de 2005, assim como o vilão. A adaptação deste ano tenta, com sucesso, ser mais séria e realista que a de dez anos atrás, considerada boba e infantil pela maioria dos fãs. Isso, porém, não significa que o reboot é melhor que a versão anterior.

Se a história já é conhecida pelos espectadores, Stan Lee e seu time de roteiristas poderiam optar por ao menos duas opções que fariam a realização deste novo Quarteto Fantástico ter sentido. A primeira seria aproveitar a obra para explorar a fundo a origem de cada um dos quatro integrantes do grupo de heróis, ignoradas na primeira adaptação. Apesar do grande número de diálogos do filme, foram separados mais minutos para se falar de ciência do que para mostrar a infância de Reed.

A segunda seria investir em longas cenas de ação, recheadas de efeitos especiais. O que se vê, no entanto, são apenas alguns minutos de confronto entre o Quarteto e o Dr. Destino. Principal vilão e inimigo do grupo nos quadrinhos, o alter ego de Victor Von Doom é derrotado com extrema facilidade, sem ter colocado a vida de nenhum dos protagonistas ou o planeta Terra realmente em risco. Para piorar, os efeitos especiais deixam a desejar, ainda mais quando comparados com outras produções da Marvel.
A impressão deixada é que a Fox decidiu refilmar Quarteto Fantástico apenas para não perder os direitos sobre a marca.

Longe de ser aceitável, a adaptação de Josh Trank é apressada, óbvia e nada empolgante. Com continuação garantida para 9 de junho de 2017, a franquia terá mais uma chance de finalmente ter um filme que faça jus à sua trajetória nos quadrinhos. Sem receber a devida atenção da Marvel e da Fox, no entanto, este parece ser um caso perdido. Até mesmo para super-heróis mutantes de alto QI.

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