Sete Homens e Um Destino é mais um remake de um grande sucesso do passado, na aposta segura de rever aquilo que já se saiu bem mais de uma vez, já que o filme da década de 1960 é a versão americana do clássico maior Sete Samurais, de Akira Kurosawa. O filme dirigido por Antoine Fuqua (Dia de Treinamento) e escrito por Richard Wenk, parceiro habitual do diretor, e Nic Pizzolato (da série True Detective), Sete Homens e Um Destino busca uma renovação do clássico através de seu elenco estrelado.
Com os nomes extremamente bem sucedidos do cinema americano atual, o filme reúne Denzel Washington, Chris Pratt, Ethan Hawke, entre outros, para serem os sete homens do faroeste. O filme narra a trajetória de Emma Culins em busca de alguém para frear os planos de Bartholomew Bogue, minerador que tomou as posses de uma pequena comunidade no Oeste americano e proporcionou um banho de sangue no local, como pode ser visto na primeira e impactante sequência do filme. Atrás de vingança Emma une caçadores de recompensa, renegados e sombrias figuras para trazerem justiça a sua terra.
Esse início faz pensar que Sete Homens e Um Destino estará na trilha dos grandes faroestes, no entanto, este é um filme que requer cuidado, pois o que se vê é na verdade uma total idealização do que é um western. Não basta uma cavalgada ao pôr do sol para tornar-se uma peça de um dos gêneros mais tradicionais do cinema. O filme faz dos temas presentes no faroeste apenas uma obrigação, perpassando assuntos como a importância da terra no meio oeste, ou a luta contra um inimigo muito mais poderoso movido pelos interesses do progresso, de maneira bastante apressada, e olhando atentamente para o roteiro de esses são assuntos que estão lá, mas que o longa prefere quase ignorar.
Isso ocorre pois Sete Homens e Um Destino é um filme de ação que traja botas e chapéus, mas segue a risca o que vêm sendo feito nos filme recheados de tiros e explosões. Dessa maneira, o longa de Fuqua deve ser analisado como tal e não em comparação com os clássicos fordianos, hawksianos, ou ainda os exemplares do faroeste provindo da Itália. E como filme de ação, Sete Homens e Um Destino prova quem tem seu valor, embora mostre suas irregularidades.
O filme então foca nessa missão complexa que o grupo de sete homens tão díspares tem pela frente. Assim, pode ser dividido em dois períodos bem comuns nesse tipo de filme, num primeiro momento a convocação desses homens, mostrando todas as singularidades e dramas; depois, quando chegam à comunidade um momento de preparação para a grande batalha, que aqui como um filme de ação é tratado como uma guerra épica, não como um confronto final de faroeste, ou um final implacável diante do sistema totalmente fortificado, que Bogue representa. Assim, os exageros dessa última sequência que fazem de Sete Homens e Um Destino um bom filme de ação, empolgante, esse final parece cumprir o que prometia e satisfaz seu público. No entanto, a impressão que fica é que o longa de Fuqua poderia ser muito maior.
A idealização presente acaba minando todas as ambições do longa, apesar de contratados e parecerem movidos só pelo dinheiro, os personagens do longa parecem sofrer de um heroísmo atípico. É quase incompreensível ver como de uma hora para outra os homens passam a se importar tanto com aquela comunidade, Sete Homens e um Destino lança um olhar muitas vezes ingênuo em relação ao Oeste que retrata, nem mesmo as obras da Hollywood clássica tinham heróis tão edificantes quanto estes encontrados nesse novo filme.
Assim, o longa tenta encontrar força nessas imagens fetiches do faroeste para se validar como tal, mas é apenas como se pincelasse uma aura de western sem de fato o ser. Na constante imagem referência de Rastros de Ódio, aqui se esvazia todo o sentindo, não há porque surgir esse plano dentro de uma casa que olha o Oeste por fora, comprovando que aqui a apenas um traje de cowboy que repete imagens que se referem ao gênero sem conexão alguma com aquilo que retrata. A incompreensão do gênero afeta até suas qualidades como filme de ação.
Seria injustiça também dizer que Sete Homens e Um Destino não traz nenhuma renovação à ação ou até mesmo ao faroeste, mesmo que o heroísmo exacerbado acabe retirando um pouco da humanização daqueles personagens, é interessante como o filme promove representatividade de maneira orgânica, dos sete homens há um índio, há um oriental e grande líder é um negro, espécie de emancipação após os faroestes tarantinescos.
Mesmo que as diferenças históricas sejam extremamente apaziguadas no longa, principalmente como depois de alguns diálogos o pele vermelha e um caçador de apaches convivem tão bem, o filme traz personagens sempre subjugados nesse tipo de filme como verdadeiros motores da trama.
Denzel Washington aqui é uma espécie de Shaft do Oeste, com uma moral e destreza inquestionável, um herói por excelência que sua condição não pode ser colocada em cheque pela sua cor, sendo o único personagem que as idealizações funcionam, justamente por reverter os padrões dos faroestes.
Com seus tiroteios bem orquestrados e que ocupam quase o terço final inteiro do filme, o bom desempenho de Denzel, Sete Homens e Um Destino é um filme que funciona em sua ação, que bem verdade não entende os mitos e lendas do faroeste e por isso torna-se um filme bastante irregular que poderia alçar voos maiores, mas que acaba sendo apenas mais um remake.