Críticas

Crítica | Como Nossos Pais

Como Nossos Pais, novo filme da diretora Laís Bodanzky (Bicho de Sete Cabeças; As Melhores Coisas do Mundo), chega aos cinemas na próxima quinta-feira (31/08/2017) e acompanha a história de Rosa (Maria Ribeiro), uma mulher que enfrenta problemas em seu casamento, está insatisfeita com seu trabalho e que durante um almoço de família descobre não ser filha do homem que a criou.

Vencedor de seis Kikitos na 45ª edição do Festival de Cinema de Gramado, incluindo Melhor Filme, Melhor Direção (Laís Bodanzky), Melhor Atriz (Maria Ribeiro), Melhor Ator (Paulo Vilhena), Melhor Atriz Coadjuvante (Clarisse Abujamra) e Melhor Montagem (Rodrigo Menecucci), Como Nossos Pais já é consagrado como um dos melhores e mais aclamados lançamentos do cinema nacional em 2017.

Sem medo de tratar de temas grandiosos como as complexas relações familiares das personagens e, assim como o trailer anuncia, o dilema da supermulher, Como Nossos Pais equilibra com virtuosismo – ao menos na maior parte do tempo – seu peso dramático com alívios cômicos e suas cenas de embates violentos com diálogos mais leves, mas nunca despretensiosos ou menos reflexivos por causa disso.

Apesar de alguns diálogos com falas desproporcionalmente impactantes, que parecem ter mais o intuito de criar frases de efeito do que colaborar com a trama em alguns momentos, o que parece é que em alguns momentos o filme acaba fugindo do drama, encontrando na comédia e nessas chocantes frases que acabam arrancando risos da plateia um lugar seguro ao invés de explorar ainda mais a fundo as umbríferas facetas dessas relações familiares onde qualquer tentativa de diálogo parece virar um embate.

O apego da direção com o ambiente em que as personagens estão inseridas é louvável. Aliando-se à montagem de Rodrigo Menecucci, existem alguns tropológicos planos que pontuam o conflito, como o cigarro queimando no cinzeiro ou o leite em ebulição durante uma discussão de Rosa com sua filha. Esses elementos conferem uma poética maior a um filme que se baseia majoritariamente em diálogos, mas que em nenhum momento se torna desinteressante visualmente.

Na trama, pouco a pouco o título se justifica, o affair vivido pela mãe é quase que replicado por Rosa com Pedro (Felipe Rocha) – personagem que aparece sempre com questões e mais questões, servindo supostamente de escada para Rosa avançar na trama e ultrapassar seus obstáculos, mesmo que no fim ela resolva tudo sozinha – e no fim ela sustenta o marido e a família sozinha, exatamente como a mãe fazia com o marido Homero (Jorge Mautner).

Assim como dito pelo grande compositor Belchior em sua canção que tem o mesmo nome do filme – ou melhor: o filme é que tem o mesmo nome dessa que é uma das mais icônicas faixas do cancioneiro brasileiro, “ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”. Porém, nessa trama, Rosa é uma personagem forte – mais forte até do que a hereditariedade e a história – e o ímpeto de mudar é maior. Muito maior.

Tendo um ótimo arco de sua personagem principal e o bom roteiro de Laís Bodanzky e Luiz Bolognesi, Como Nossos Pais é sem dúvida um dos melhores filmes brasileiros da década com ótimas performances de Maria Ribeiro, Clarisse Abujamra, Paulo Vilhena e Jorge Mautner.

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