Críticas

Crítica | Pokémon: O Filme - Eu Escolho Você

Pokémon é uma franquia que, apesar de ter se iniciado nos jogos de videogame, tornou-se popular principalmente graças ao anime lançado nos anos 90. Em 2017, esse anime completa 20 anos de existência e chegará à marca de 1.000 episódios exibidos no Japão. Isto, claro, pede uma comemoração. E que forma melhor de comemorar do que com um filme que homenageia as origens do famoso seriado?

Pokémon: O Filme – Eu Escolho Você é o 20º título em longa-metragem da série, mas não se passa no mesmo universo do anime original. Na verdade, o filme reconta parte do começo da série em uma espécie de “nova realidade”. A história já é conhecida: o garoto Ash Ketchum completa 10 anos e com isso ganha o direito de se tornar um treinador Pokémon, sendo agraciado com um Pikachu rebelde como seu primeiro companheiro. No começo da jornada, os dois avistam o lendário Ho-Oh, que deixa uma pena arco-íris para Ash.

A partir daqui, o filme toma algumas liberdades em relação à série original para desenvolver uma nova história, não mais focada em lutas em ginásios, e sim no desenvolvimento da amizade de Ash com Pikachu e sua relação com Ho-Oh. O protagonista já não é acompanhado pelos saudosos Brock e Misty, e sim pelos novos Sérgio e Vera (Sorrel e Verity no original) que possuem basicamente as mesmas características dos dois antigos personagens: ele é um estudioso que sabe tudo sobre remédios e lendas desse universo; ela é uma treinadora de temperamento forte e com foco em monstrinhos aquáticos.

Por buscar emendar parte da história do anime com a nova trama, muitos acontecimentos do longa ocorrem de forma rápida, sendo alguns rápido até demais. É um problema menor, já que o roteiro consegue elencar a maior parte desses eventos com bastante competência, mas ainda há momentos que podiam ser melhor aprofundados, como quando o filme tenta trazer uma dualidade emocional ao protagonista, mostrando que ele erra e nem sempre age da maneira correta.

O erro maior é a inserção de elementos que não tem qualquer função narrativa, como a famigerada Equipe Rocket, que por mais engraçada que seja, está ali apenas para lembrar aos fãs que sim, eles existem, e para fisgar um pouco daquela sensação nostálgica de ouvir o “Estamos decolando, de novo!”. Falha também é a introdução de um personagem nos últimos minutos do filme apenas para que ele possa fazer a exposição de alguns elementos importantes para o clímax. Trata-se de um personagem pouco aproveitado e útil, já que muito do que ele explica o espectador já compreendeu anteriormente graças às explanações de Sérgio sobre as lendas do mundo Pokémon.

Como é de se esperar de um filme de comemoração de 20 anos, há vários Easter Eggs do anime. Aqui tem referência para aqueles espectadores que só acompanharam os primeiros episódios e filmes, até para os fãs que estão acompanhando a 20ª temporada do anime. Há, inclusive, muitos elementos que só os fanáticos pelos jogos de Pokémon vão entender, como o encontro casual dos protagonistas com o trio de Feras Lendários, que se assemelha ao modo como elas aparecem nos games Gold & Silver, e uma menção a uma famosa Campeã/Mestre Pokémon dos videogames.

Por falar em fãs, muitos tem criticado a mudança do dublador de Ash. De fato, é triste não ouvir a voz clássica do ator Fábio Lucindo (Dragon Ball Z: A Batalha dos Deuses), mas a verdade é que a nova dublagem com a interpretação de Charles Emmanuel (Jovens Titãs!) está longe de ser ruim. Mesmo com um estranhamento no início do filme, depois de algum tempo o espectador que é fã deve se acostumar com a nova voz e aproveitar o longa sem problemas.

Interessante notar que, apesar das várias referências a elementos clássicos da franquia, o filme pode se mostrar bastante prazeroso mesmo para aqueles que não conhecem a franquia. Como se trata de uma história de origem, muitos elementos são novamente explicados, e isso impede que um espectador que não é fã fique perdido na história – ainda que o longa possa se tornar repetitivo em alguns pontos.

O longa ainda apresenta uma ótima animação, com cenários bem desenhados e cores bem vivas, que demonstram uma preocupação da produção com a qualidade técnica da obra. Adicione a isto o fato de Pokémon: O Filme – Eu Escolho Você ainda possui uma ótima pintada de comédia entre as boas sequências de ação, e se tem um filme divertido e leve com a capacidade de agradar tanto os fãs, quanto o público em geral.

Sair da versão mobile