Críticas

Crítica | Duda e os Gnomos

O título original da animação Duda e os Gnomos é Gnome Alone, fazendo uma referência clara ao clássico matinal “Esqueceram de Mim”. Pode muito bem ser apenas uma homenagem, mas o mais interessante é perceber como o filme almeja reproduzir um sentimento que aquele filme também passava, uma narrativa simples, pautada apenas por uma aventura leve que coloca o espectador para dentro sem ser necessárias muitas pretensões, ambições ou qualquer coisa do gênero. Uma narrativa infanto-juvenil por excelência, onde a trajetória leve dá a tônica ao filme.

Duda e o Gnomos conta a história de uma menina, que dá nome ao filme, que vive mudando de casa e cidade com sua mãe. Em mais uma mudança, elas vão parar numa casa abandonada, totalmente estranha, típica de um filme de terror. Duda encontra gnomos de jardim por todos os lados e não duvidaria que eles realmente tivessem vida, após encontrar um quarto escondido e uma brilhante pedra, coisas estranhas começam a acontecer naquela casa. Além de tudo isso, Duda ainda deve passar por um dos maiores desafios de uma garota adolescente, ser aceita pelo grupo popular da escola.

Como pode muito bem ser observado nessa breve sinopse, o longa apoia-se em alguns clichês para estabelecer sua narrativa. Estratégia fácil, isso tem duas consequências, a primeira delas realmente enfraquece as possibilidades do roteiro, sendo muito fácil entender o que acontecerá com o amigo geek da menina, ou com as pretensas amigas patricinhas, ou até mesmo onde a casa mal assombrada mostrará algum perigo, deixando a trama fácil demais de ser assimilada, até mesmo para o público infantil. Por outro lado, o filme de Peter Lepeniotis utiliza-se bem dessas figuras já exploradas no cinema, fazendo com que haja uma conexão facilitada com aquele universo, justamente pela sua similaridade com outros obras, com imagens tão reproduzidas e tão fundamentais em algum clássico, é como se o espectador, sobretudo a criança, caminhasse por um terreno conhecido e isso facilita sua imersão naquela história.

Em Duda e os Gnomos é fato que o roteiro assinado por muitas mãos seja de fato um problema, como as coisas desenrolam-se sem muitas explicações, e resoluções forçadas surgem no final apenas para conseguir de algum jeito fechar todas as pontas soltas. O filme também tenta seguir uma cartilha de animações infantis sempre colocando alguma moral, algo sempre bem intencionado, mas que em certos casos surgem apenas como uma obrigação, aqui da auto aceitação, algo colocado a força na narrativa e muito pouco mencionado quando a garota está em sua aventura.

De fato, o filme fica mais interessante quando a mãe deixa a filha sozinha e o longa se torna uma aventura, adolescentes, com auxílio de Gnomos, livram-se de alguma pragas sobrenaturais. Nada que gere medo, apenas relembre aventuras com alguma coisa de sobrenatural, narrativas comuns em outros tempos resgatadas hoje à luz da nostalgia. Aventura empolgante e humor ingênuo entram num ritmo perfeito, animando um filme que até então parecia bastante simples. É quando o filme finalmente se torna o Gnome Alone é que as coisas começam a andar.

Duda e os Gnomos abre espaço para boas ideias visuais, como a câmera baixa, da visão dos gnomos que observam a menina logo que ela fica sozinha, reproduzindo e adaptando bem os códigos de filme de terror. Assim, como o uso das cores, deixando aquilo que poderia soar macabro em algo mais leve e suave, combinando por completo com o tom da animação. Essa aventura vai ficando cada vez mais interessante à medida que a casa fica enfestada por aquelas criaturas que surgem do nada. Os Gnomos, Duda e seu amigo devem armar a casa, e protegê-la a qualquer custo. Algo que remete ainda mais ao Esqueceram de Mim e a diversão que era ver Macaulay Culkin preparando armadilhas para bandidos em sua casa. Aqui acontece a mesma coisa, mas com uma pitada de criatividade, fazendo uma homenagem com certo carinho. Algo muito bem vindo num filme como esse.

Assim, o mais interessante é que Duda e os Gnomos consegue fazer uma homenagem através da reprodução do sentimento que esses clássicos juvenis remetiam em outro tempo. Se há algumas falhas no longa, o que se vê, sobretudo, é um filme divertido, que leva seu público a uma aventura prazerosa, sem muitas pretensões, mas que consegue agradar justamente por seu entretenimento bem planejado.

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