Críticas

Crítica | Berenice Procura

Por Leandro Lima

Explicar e representar o “comum” é o mais difícil de ser “apalpável” como bem definiu a atriz Cláudia Abreu, protagonista do filme Berenice Procura, estreia em 28 de junho. Diretor do longa, Allan Fiterman, deu à veterana um dos melhores papéis de sua carreira.

A família de Berenice está em crise e no centro de todos os seus problemas está Thiago, Caio Manhente. O silêncio durante mais um almoço diz tudo, mas sabe o que faz a palavra circular pelo ambiente? A falta de feijão. Enquanto isso o adolescente está descobrindo sua sexualidade.

Berenice é taxista, mulher simples, que leva a vida como mais um dia de trabalho, acorda cedo, vaidade zero. Domingos, em mais um acerto de Eduardo Moscovis, é um homem machista, trabalha como repórter policial, conhece muito bem a miséria humana, exclama com orgulho os termos “família brasileira” em suas reportagens.

O conceito de família tradicional pode ser interpretado das mais variadas formas, principalmente nos dias de hoje. E é essa a discussão que Berenice procura se propõe e responde. O que define uma família, como ela se forma, se transforma e se relaciona com ela e com o resto do mundo?

O filme traz importantes discussões sobre as formas como nos relacionamos com nossos pais, filhos, amigos e como a sociedade, em constante transformação, também nos enxerga como indivíduo e também como todo.

Rodado em 2016, e em apenas quatro semanas, o suspense – baseado no romance de Luiz Alfredo Garcia-Roza – gira em torno das descobertas de Thiago e da amizade que ele mantém com, Isabelle, uma transgênero, a estrela de uma boate do bairro que acaba morta em uma praia da cidade.

A obra foi destaque na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Festival Mix Brasil e no Festival do Rio em 2017. Neste ano Berenice já rodou alguns países através do Festival Brasileiro de Paris (abril), 34º. Chicago Latino Film Festival, 9ª. Edição do Festival de Cinema Cidade do Luxemburgo e o Festival Internacional de Cinema Brasileiro em Milão.

Não há nada que destoa da direção de Allan Fiterman e da produção de Elisa Tolomell. Do começo ao fim o espectador fica paralisado com os diálogos, e também com o silêncio presente em algumas cenas. Perturbador, excitante, questionador, essencial, provocante. Não deixe de ir aos cinemas para descobrir o que Berenice procura.

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