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Crítica | Tal Pai, Tal Filha

Tal Pai, Tal Filha chega a Netflix com cara de uma animada comédia. Apesar de divertir o espectador, o longa é muito mais do que isso, e surpreende em alguns pontos. O filme prova que o serviço de streaming pode trazer mais qualidade sem tentar inovar muito no roteiro, como em seus mais recentes lançamentos de longa-metragem.

Com uma trama simples em uma roupagem já clássica, ainda que moderna, o filme conta a história de uma mulher que, ao ser abandonada no altar, acaba indo em um cruzeiro, que deveria ser sua lua de mel, com o pai que a abandonou aos cinco anos de idade. O longa começa já no casamento e dá toda a pinta de que uma comédia romântica está por vir. E o molde do roteiro acaba seguindo a fórmula de uma, mas mostra criatividade ao mostrar isso em uma relação de pai e filha, o que acaba trazendo interessantes quebras de expectativa para esse molde.

O roteiro fica por conta de Lauren Miller Rogen, que também mostra uma interessante direção. No casamento, a câmera se mostra estática em um dia iluminado, até que o clima vai sutilmente se tornando mais sombrio. E é assim no resto do filme. A cada momento em que pai e filha tem um momento mais íntimo, a câmera fica solta. Inquieta, esta dá todo o clima do filme que também está em perfeição com a iluminação e a trilha sonora. Ainda assim, alguns enquadramentos acabam sendo mal feitos, principalmente em uma apresentação musical que acontece mais para o final do filme.

Kristen Bell está muito protagonizando o longa e é de longe o grande destaque da atuação. Kelsey Grammer, por sua vez, deixa a desejar em algumas cenas, mesmo que isso acabe não atrapalhando sua atuação. Os personagens secundários funcionam bem apesar do pouco tempo de tela. Um deles é interpretado por Seth Rogen, que encaixa bem no filme. Além disso, o ator é responsável por uma espécie de metalinguagem, quando seu personagem é incitado a usar drogas na Jamaica e não aceita, potencialmente fazendo o espectador mais antenado em sua trajetória dar risada.

Tal Pai, Tal Filha traz um excelente balanço entre o drama e a comédia. Apesar de arrancar gargalhadas do público, suas quebras de expectativa devem bastar para cativar o público, principalmente aquele que já tem uma boa bagagem cinematográfica e consiga visualizar bem as viradas sutis da trama, que mesmo seguindo um molde, brinca com este de uma forma criativa e interessante, mesmo que o tema não seja inovador e seus valores sejam os habituais das obras estadunidenses.

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