Diabólica

Crítica – Cruella

Live-action da Disney+ apoia-se em dupla de atrizes com divertida história de vingança

Se a cantora brasileira Anitta tem o Show das Poderosas, Cruella tem o Show das Emmas.

Sim, encontra-se disponível no catálogo da Disney+, a versão live-action que conta as origens de uma das vilãs mais icônicas da ficção, a diabólica Cruella de Vil.

O longa dirigido por Craig Gillespie, que possui no currículo outros dois trabalhos em parceria com a Disney, Arremesso de Ouro (2014) e Horas Decisivas (2016), mostrou que os anos do cineasta dirigindo todo tipo de comercial vieram bem a calhar. Algo que Zack Snyder ainda custa a aprender!

Assim, temos Cruella que nos leva de volta ao passado, década de 70, em Londres, onde acompanhamos a larápia Estella (Emma Stone), que faz suas jogadas em parceria com o duo Jasper (Joel Fry) e Horace (Paul Walter Hauser). Esperta, criativa e determinada a brilhar com seus designs, espera a chance de mostrar o seu valor, que chega quando cruza o caminho da Baronesa von Hellman (Emma Thompson), uma lenda da moda. Mas, a relação de ambas entra em curso de choque com revelações que farão a jovem Estella surtar e abraçar seu lado mais perverso, criando o alter ego Cruella de Vil.

Vingativamente fashion

É bem confortável afirmar que no cerne dessa produção da Disney+, não há qualquer ideia ou comentário relevante. Nada, nadinha mesmo. Ao final, perceberão que Cruella não é nada mais do que um filme do tipo vingança.

Melhor dizendo, um bom e prazeroso filme de vingança.

Sim, a mais nova versão live-action de animações clássicas da Disney vai ficar na coluna dos acertos, que incluem Malévola (2014) de Robert Stromberg, Mogli – O Menino Lobo (2016) de Jon Favreau e Aladdin (2019) de Guy Ritchie.

Lembrando que a coluna dos equívocos, ou apenas meramente estéreis é bem maior: Alice no País das Maravilhas (2010); Cinderela (2015); Alice Através do Espelho (2016); A Bela e a Fera (2017); Malévola: Dona do Mal (2019); O Rei Leão (2019) e alguns outros.

Fato que todos os nomes citados possuem em comum, o grande aporte financeiro da Disney, de majestosas produções cinematográficas que, geralmente, impressionam com facilidade o espectador, mesmo quando algumas destas são apenas ocas. Talvez, o melhor exemplo, seja a adaptação de Jon Favreau do clássico O Rei Leão, produção que possui um dos melhores trabalhos já feitos com o uso da tecnologia na história do cinema, que acabou por resultar em uma obra sem alma.

Intrigante que Cruella é uma trama de duas mulheres desalmadas em narrativa que não falta energia. Nem um pouco!

Anteriormente, quando foi elogiado o talento publicitário do diretor Craig Gillespie, falava-se da habilidade dele em envolver e engajar o assinante da Disney+, usando dos elementos básicos, visual e som.

É prático afirmar que Gillespie apela demais quando falamos sobre trilha sonora, sempre adicionando grandes hits para puxar o espectador para a sua história. Algo que faz, desavergonhadamente.

Agora, no campo visual, Cruella é um gigante destaque, dos figurinos à direção de arte, dos cabelos e maquilagem à fotografia. É sabido que a Disney tem o cofrinho cheio, mas pouco adianta tanto investimento se não trabalha com uma equipe talentosa. Basta dizer que o cineasta escolheu as pessoas certas para esse serviço.

Show das Emmas

Todavia, no centro disso tudo estão as atrizes Emma Stone e Emma Thompson, o real pulso em Cruella da Disney+.

A atriz mais veterana, apenas exercita uma personagem do tipo unidimensional, mas faz de modo tão saboroso, capaz de imbuir com sutil humor, sem perder a consistência da personalidade maléfica. Lembrando muito a performance do ator Michael Shannon no correto A Forma da Água (2017) de Guillermo del Toro.

Já, a jovem atriz imprimiu algo mais cheio para o espectador. Méritos para o roteiro da dupla Dana Fox/Tony McNamara que ofereceu extensa base para que Stone pudesse desenvolver as transições necessárias por cima.

Em Cruella, Emma Stone se encontra ainda mais charmosa, e percebe-se que a atriz está bem à vontade no papel, realmente solta, se divertindo.

E, quando foi exigido algo mais dramático dela, também entregou. Basta assistir o monólogo da vilã Disney, de frente para uma fonte em uma praça londrina. Os grandes olhos de Emma Stone dizem tudo o que precisa ser entendido ali, e a câmera de Craig Gillespie não deixa nada escapar!

Conclusão

Engraçado que Gillespie repetiu em Cruella da Disney+, seu projeto anterior Eu, Tonya (2017), onde se apoiou em duas atrizes para desenvolver sua narrativa.

Felizmente, a versão live-action da Disney é um projeto mais completo que o fraco e manipulativo longa estrelado por Margot Robbie.

É…, pelo que parece o cineasta Craig Gillespie encontrou sua fórmula de sucesso.

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