Lenda

Crítica: Elvis Presley: The Searcher

Série documental sobre o Rei do Rock foca o lado mais humano do artista, enquanto entrega momentos inesquecíveis para os fãs

“Elvis era um pesquisador.”

Priscilla Presley, ex-esposa do rei, mãe de Lisa Marie Presley, e avó da atriz Riley Keough, é quem inicia o documentário Elvis Presley: The Searcher, lançado oficialmente em 2018 como uma produção da HBO Documentary Films, e dirigido por Thom Zimny. E, que agora, encontra-se disponível dentro do catálogo da Netflix.

Um pesquisador. Não, um rei. Não, uma lenda da música. Não, um gênio. Mas, um pesquisador.

Tal frase será o motor pelos próximos 215 minutos (2 horas e 35 minutos) em obra que, para a felicidade de seus fãs, vai adentrar os meandros da vida de um homem que sempre olhava para a frente, tentando imaginar seus próximos passos.

O garoto de Tupelo, Mississippi

Elvis Aaron Presley (8 de janeiro de 1935 – 16 de agosto de 1977), também conhecido simplesmente como Elvis, era um cantor, músico e ator americano. Ele é considerado um dos ícones culturais mais significativos do século XX, e é frequentemente referido como o “Rei do Rock and Roll”. Suas apresentações energizadas das canções e estilo de performance sexualmente provocante, combinadas com uma mistura singularmente potente de influências através das linhas de cores durante uma era transformadora nas relações raciais, levaram-no a grande sucesso e muita controvérsia.

Acima, uma biografia bem superficial sobre um homem que antes foi um garoto de Tupelo, no estado do Mississippi, que veio da pobreza, e se apaixonou pela música, mais especificamente, a música gospel americana.

O diretor Thom Zimny fará questão de sempre lembrar o espectador que a música gospel está no centro de tudo que envolve a figura mítica de Elvis. Algo que vai muito além da música, pois é a ligação com seu passado, que inclui a chegada de um jovem na grande cidade de Memphis, no estado do Tennessee, e principalmente, a relação de amor incondicional por sua amada mãe, Gladys Love.

Se a família é quem iniciou o pequeno futuro astro do rock, ao levá-lo para a Assembleia de Deus, uma das sedes da igreja evangélica espalhadas por toda a América, foi a vibrante Memphis quem solidificou a paixão dele pela vida e música.

É muito curioso que no cenário americano quando falamos sobre música, normalmente, somos apresentados a alguns berços musicais, que entregaram movimentos culturais marcantes pelo caminhar da história.

Nashville, também no estado do Tennessee, é chamada de Cidade da Música, que abrigou vários artistas da música country americana; Nova Orleans, no estado de Louisiana, é o berço sagrado do jazz; mais recentemente, Seattle, Washington, tornou-se centro do movimento cultural conhecido como grunge, que produziu bandas, como Nirvana, Alice in Chains, Soundgarden e Pearl Jam.

Atualmente, na cidade de Austin, no Texas, temos o renomado festival South by Southwest (SXSW), que ao longo deste século vem revelando boa classe de artistas musicais de todo tipo de gênero; assim, como as metrópoles de Chicago, Los Angeles, Nova Jersey e Nova York que são gigantes polos culturais que têm de tudo um pouco.

Em Memphis, onde o jovem Elvis se apaixonou pelos movimentos e energia da mundialmente celebrada Beale Street, rua famosa da cidade repleta de clubes que tocam o bom e velho blues, em especial, um som original único, batizado como o Blues de Memphis. Ali nascia o artista que iria revolucionar os seguintes anos, como um homem que mistura gospel, blues e R&B criando uma nova forma dançante e afrontosa de rock and roll.

O artista

Mais do que ícone musical, Elvis foi símbolo da juventude americana, que vivia eras turbulentas com o Movimento dos Direitos Civis nos Estados Unidos, que tinha como seu maior representante Martin Luther King Jr. Tal época, torna ainda mais singular a figura do astro do rock and roll que balançava as pernas e quadris com uma urgência misturada à sensualidade, que escandalizaram o status quo americano.

Mulheres, na maioria jovens, gritavam aos pulmões quando avistavam o belo topetudo adentrar os palcos. Sua música, incluindo sua inigualável performance, se comunicavam com a juventude das décadas de 50/60, assim como foram outros renomados e lendários artistas, por exemplo: Carl Perkins, Jerry Lee Lewis, Johnny Cash e Roy Orbison.

Quase uma regra: se agrada os mais jovens, desagrada os mais velhos.

Deste modo, quando Elvis se apresentou no Grand Ole Opry, templo do country e bluegrass, que fica em Nashville, costumeiramente, de público mais velho e conservador, pouco encantou. Muito pelo contrário, causou um alvoroço devido as sugestivas apresentações onde rebolava até o dia raiar. Conseguem imaginar essa galera, hoje, no século XXI?!?

Mas, como o artista que era, obviamente, isso mudaria, pois o próprio transformaria sua carreira anos adiante. Ficaria ainda mais claro, que o habilidoso Elvis Presley, um descendente direto do cruzamento de Bill Monroe (bluegrass) e B.B. King (blues), além de uma alma gospel, seria um ícone ainda maior na segunda parte de sua carreira.

O pesquisador

“Tudo já foi feito, nada mais é novo”

Certamente, o Rei do Rock não se importaria se tal frase fosse usada para determinar sua trajetória musical.

Talvez, o mais fanático pelo artista multi talentoso ache um absurdo, pois Elvis era único e incomparável. Sim, pura verdade! Ninguém fazia o mesmo que ele, e da forma como só ele conseguia.

Porém, existe uma maneira de destrinchar a frase acima, e compreender o espírito sensível e desbravador de um dos artistas mais relevantes do século passado.

Quando se comenta de que tudo já foi feito, não quer dizer que não há mais espaço para a inventividade humana, mas sim para o essencial, no sentido, do tudo o que foi feito por minha essência. No caso, dois elementos primordiais de sua infância: sua mãe e o gospel.

Esta é a base do brilhante e revolucionário astro da música e cinema Elvis Presley.

Já, a segunda parte da frase, refere-se a consciência de seu papel como artista, que é carregar a tocha para as próximas gerações que virão, pois o principal papel da arte é instigar e inspirar o receptor, para que este possa redistribuir tais valores para aqueles que um dia estarão a frente.

E, poucos contribuíram tanto para a arte como Elvis Presley, que pesquisou a fundo. Especialmente, suas condições humanas, presenteando a vida com amor, intensidade e muito swing. Maior privilégio!

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