Marvel

Crítica – Viúva Negra

Primeiro longa da Fase 4 da MCU equilibra ação de espionagem e libertação de traumas do passado

Já se passaram pouco mais de dois anos do lançamento do filme-evento Vingadores: Ultimato. Provavelmente, quase todo mundo deve saber qual foi o destino de nossa heroína Natasha Romanoff. Contudo, a pergunta mais importante aqui é: qual era a cor do cabelo de Natasha nesse filme?

Se a resposta for ruiva, estarão parcialmente corretos. Na realidade, ruivo com as pontas aloiradas, como se tivesse deixado seu cabelo crescer naturalmente pelos cinco anos que se passaram entre os eventos que ocorreram em Vingadores: Guerra Infinita até o longa-metragem citado anteriormente.

Pode estar pensando que tal escolha de tonalidade capilar seja apenas uma futilidade para vender mais bugigangas Disney, ou mesmo uma nova ideia para cosplay. Sim, pode ser. Mesmo assim, agora, após assistir o final de Viúva Negra, que já está disponível para compra na plataforma Disney+, percebe-se que era mais do que isso, pois ali fechava-se um ciclo de dor de um passado que mantinha algumas feridas abertas, e abria-se espaço para uma nova Natasha, uma mulher agraciada por duas instituições que lhe davam suporte.

Desta maneira, voltamos um pouco no tempo cronológico da MCU (Universo Cinematográfico da Marvel), pouco após os eventos fatídicos em Capitão América: Guerra Civil. Os super-heróis Vingadores se separaram, Natasha Romanoff (Scarlett Johansson) foi para um exílio bem longe do General Thaddeus Ross (William Hurt). Porém, seu passado bateu à porta. Agora, a super-heroína Viúva Negra confronta as partes mais sombrias de sua origem. Perseguida por uma força que nada impedirá para derrubá-la, ela deverá lidar com sua história como espiã e os relacionamentos rompidos deixados em seu rastro muito antes de se tornar uma Vingadora.

Um mergulho no passado

Talvez poucos se lembrem disso, até porque a pandemia que ainda vivemos, meio que alterou nossa percepção do tempo de pouco mais de um ano para cá, mas este longa-metragem pertencente à Disney, era para ter sido a porta de entrada da chamada Fase 4 da MCU.

Não foi.

Ao invés, o mandachuva Kevin Feige foi obrigado a iniciar esta nova etapa dos super-heróis da Marvel Studios com suas séries para a Disney+, no caso: WandaVision, Falcão e o Soldado Invernal, e mais recentemente Loki, que ainda não concluiu sua primeira temporada.

Por enquanto, a tal Fase 4 da MCU tem se mostrado satisfatória, mesmo apresentando algumas inquestionáveis irregularidades pelas narrativas estabelecidas. Falcão e o Soldado Invernal sendo a menos desnivelada, enquanto Loki deixando a peteca cair um tanto quanto mais em seu enredo previsivelmente estruturado.

Assim, não fica difícil afirmar que Viúva Negra, por enquanto, é a forma narrativa que melhor aproveita seus temas, enquanto soterra o assinante da Disney+ com muita ação, que envolve um estilo de espionagem, um pouco mais próximo da franquia Missão: Impossível do que 007.

A temática que se estende por todo o fio narrativo, trata das feridas decorrentes de uma separação inesperada, ainda mais, desde uma faixa etária onde mais se necessita figuras que sustentem e constantemente inspirem nosso espírito. Por sorte do destino, Natasha Romanoff é uma guerreira por natureza, que teve o privilégio de memorizar a lição mais importante que sua mãe profetizou em seus primeiros anos.

Mulheres livres

Na apoteose do terceiro ato em Viúva Negra, testemunharemos aquilo que se imagina vindo de uma grande produção da Disney: cenas de batalha corpo a corpo, uma grande revelação que geralmente vem acompanhada de grande destruição, etc…

Entretanto, o golpe final veio pelo viés emocional feminino, em vista que será abordado o peso que carregam as mulheres que têm suas vidas comprimidas e controladas por uma figura masculina opressora.

Duas cenas exemplificam claramente tal proposta:

Natasha, toda machucada, rastejando-se na direção de uma outra mulher, também fisicamente abatida, pedindo perdão por erros do passado enquanto confirmam suas libertações do mal autoritário que assolava suas mentes, espírito e coração.

Já a outra cena, envolve Yelena Belova (Florence Pugh) sendo acolhida por um grupo de mulheres que também viveu o mesmo inferno que ela, repetindo a sororidade do momento angustiantemente cômico atuado pela mesma na obra nada menos que excepcional Midsommar: O Mal Não Espera a Noite (2019) de Ari Aster.

Infelizmente, Natasha não está mais aqui… mas, o bastão foi passado.

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