Amadurecimento

Crítica – Diários de Intercâmbio

Comédia romântica nacional da Netflix exagera por muitas viradas em história pouco comovente

A Netflix não é nada boba! Se ela vê uma chance, certamente vai tentar de aproveitar.

E, se forem duas chances, vai tratar de aproveitar mais ainda! Este é o caso da mais recente rom-com Diários de Intercâmbio, estrelando a famosa Larissa Manoela, junto da divertida Thati Lopes.

Uma pena que escolheram a protagonista errada para este projeto, já que a humorista reconhecida como membro do grupo Porta dos Fundos foi o que houve de mais agradável e real nesta produção dirigida por Bruno Garotti.

Enquanto isso, a ícone teen continua esbanjando carisma, mas convenhamos que não dá para sobreviver dessa qualidade, exclusivamente. Ainda mais com um roteiro tão espalhafatoso e atropelado como em Diários de Intercâmbio.

Decolamos com Barbara (Larissa Manoela) e Taila (Thati Lopes), amigas que decidem fazer intercâmbio nos Estados Unidos, sem imaginar os desafios e choque cultural que estão prestes a enfrentar. Habituada as regalias da casa de sua mãe, Barbara vive uma experiência nova ao executar trabalhos domésticos para sua exigente anfitriã. Já Taila, uma jovem contestadora e de espírito livre, hospeda-se com um casal patriota e conservador. Apesar das dificuldades, as duas amigas encontrarão amor, amizade e viverão momentos inesquecíveis.

Atirando para tudo o que é lado

Sabem aqueles filmes onde acontece tanta coisa, mas tanta coisa que pouco ou quase nada pode ser aproveitado pelo espectador?

Então, este é o resumo de Diários de Intercâmbio, que mira uma aventura no exterior na busca de encontrar a si próprio.

Se o objetivo é honorável, não podemos dizer o mesmo da jornada, que está mais preocupada em tumultuar com novos ingredientes sendo adicionados à receita clássica padrão causando viradas que poderiam engajar o assinante Netflix, mas terminam apenas afastando-o do entretenimento proposto. Muito disso aconteceu pela plasticidade impressa nos acontecimentos vistos.

Geralmente, alguns dizem que produções assim não deveriam ser levadas tão a sério, pois são apenas historinhas feitas para adolescentes, e que não dá para tirar muita coisa de tramas desse tipo. Bom, para estas pessoas só resta lamentar, em vista que tal temática sobre descobrir quem somos e nossas paixões na vida, por exemplo, sempre serão presentes no nosso dia a dia, constantemente.

Assim, tratando por um viés mais cômico, ou por aspectos mais sentimentais, ou mesmo uma terceira forma que se mostre capaz de equilibrar ambas, naturalmente, teremos uma obra mais encantadora de se desfrutar.

Exemplos não faltam: Superbad – É Hoje (2007) de Greg Mottola; Juno (2007) de Jason Reitman; As Vantagens de Ser Invisível (2012) de Stephen Chbosky; Lady Bird: A Hora de Voar (2017) de Greta Gerwig; Fora de Série (2019) de Olivia Wilde, entre outros.

Lamentavelmente, Diários de Intercâmbio não consegue fazer frente a qualquer uma destas obras, seja na comédia ou drama. Nem mesmo para a produção anterior estrelada por Larissa Manoela para a Netflix, a também comédia romântica Modo Avião, que apesar de não fugir dos moldes, mostrou-se mais legítima na apresentação do conteúdo.

Coadjuvante estrela

Engraçado que, talvez, se o roteiro tivesse redirecionado o eixo principal na personagem Taila, interpretada pela atriz e humorista Thati Lopes, teríamos uma história mais cativante, aparentemente.

Emocionar-se em Diários de Intercâmbio da Netflix é missão praticamente impossível, porém, dar algumas leves risadinhas ainda parece algo praticável. Se isso ocorrer com o assinante da plataforma digital, certamente serão nos breves momentos onde acompanhamos a tagarela Taila.

O melhor momento da atriz no filme de Bruno Garotti vem ainda no começo, logo após ela chegar nos Estados Unidos para viver com uma família tipo conservadora, amante das armas e da caça florestal.

Mais interessante que esta convivência com sua nova família americana abriu um pouco a mente de Taila, que adora culpar o imperialismo americano por tudo o que acontece de errado. Fazendo isso, o enredo busca aproximar as extremidades nos polos, apesar do tratamento raso.

Todavia, no fim das contas, Diários de Intercâmbio não passará de um entretenimento efêmero, bem passageiro e incapaz de deixar qualquer marca significativa.

Agora, para as duas protagonistas da produção, possivelmente, será uma plataforma interessante para conseguirem mais seguidores em suas redes sociais. Nesse quesito, Larissa Manoela continua brilhando (muito) mais!

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