Espírita

Crítica – Esticando a Festa

Dramédia sobrenatural da Netflix não faz rir, mas é genuinamente comovente graças à sua protagonista

Negócios inacabados. Provavelmente muitos de nós tivemos ou ainda temos algumas pendências pela vida que não resolvemos até o fim. Bom, oportunidades não faltam, já que estamos respirando, certo?

Claro que para nós, estes negócios geralmente se relacionam a certos afazeres de nossas rotinas diárias, ou projetos que deixamos no fundo da gaveta, que não chegaram a ver a luz do dia ainda, e coisas do tipo.

Normalmente, pela vida atribulada que temos, deixamos alguns destes negócios para resolvermos depois, o que é bem natural. Porém, fica aquela dúvida se realmente conseguiremos resolver tais objetivos mais a frente, pois como diz o velho ditado: nunca sabemos o dia de amanhã.

Neste momento, quando realizamos que tudo acaba, ficamos com aquela sensação de incompletude, se fizemos tudo o que poderia ser feito. Aplica-se aos vivos e, aparentemente também aos que se foram. Só que para estes, o conceito de ‘negócios inacabados’ não tem relação qualquer com coisas materiais, no caso, são exclusivamente sobre nossas relações com aqueles que nos amam.

Assim, encontra-se disponível no catálogo da Netflix, a mais recente comédia dramática Esticando a Festa, sobre a jovem Cassie (Victoria Justice) que adora mais que qualquer um curtir as celebrações da vida… até ela morrer em um acidente bizarro. Agora, essa borboleta social precisa corrigir seus erros na Terra se quiser garantir seu lugar no Paraíso.

Comédia morninha, quase esfriando…

A comédia dramática (dramédia) é um gênero de cinema bem popular. Usualmente faz o espectador rir e se emocionar com a história sendo contada. Algumas são mais equilibradas, já outras nem tanto.

Contudo, o mais curioso é que existe um padrão um tanto negativo quando adentramos este subgênero, que costumeiramente acerta quando suas intenções são de comover, mas falha de modo retumbante quando o objetivo é trazer qualquer riso na face de quem assiste.

Possivelmente, alguém poderá dizer se isto é realmente importante, já que no final temos como missão deixar o assinante Netflix com algo que o mova de maneira a isso acrescentar qualquer valor humano em seu interior.

Para estes, vale lembrar que o humor é um facilitador orgânico, que contribui muito para o efeito dramático de um enredo. Quando se intende fazer o público rir, você vai pouco a pouco, quebrando certas defesas, nos aproximando mais das emoções propostas na história, aumentando exponencialmente nossas percepções, tornando a relação com o material algo mais memorável.

Infelizmente, Esticando a Festa não cumpre bem tal função, deixando uma sensação pálida pela maior parte da trama que vê Cassie tentando salvar sua alma, enquanto ajuda ou busca algum esclarecimento com pessoas de seu passado.

O calor de Victoria Justice

Ainda bem que o longa-metragem dirigido por Stephen Herek (Bill & Ted – Uma Aventura Fantástica; 101 Dálmatas; Rock Star) teve Victoria Justice como sua protagonista. Em vista que se o roteiro não entrega nada além do esperado, ao menos temos uma atriz que faz seu melhor para presentear o assinante da plataforma com algo honesto em cena.

Quando entramos no terceiro ato de Esticando a Festa, e observamos a mudança no tom da narrativa, chega o momento de Justice assumir as rédeas desta obra original Netflix. Algo intrigante, já que esta não é a primeira vez que o diretor Stephen Herek depende do talento individual de alguém do elenco para segurar o fio narrativo.

Repete-se o que vimos no clássico da Disney 101 Dálmatas, lançado em 1996, quando testemunhamos a espetacular Glenn Close roubar a cena como a vilã Cruella de Vil em uma obra deveras insossa.

Óbvio que são performances completamente diferentes, sem lugar para comparações. O ponto aqui é a ineficácia do texto em ambas produções, que obriga suas protagonistas a carregar todo o peso da história sob as costas.

A jovem atriz, que também é cantora, se aproveita da meia hora final de Esticando a Festa para mostrar que graciosidade, serve tanto para os momentos de mais alegria, quanto para a comoção que vem com a catarse de perceber o valor daquilo tudo que foi vivido, e principalmente, do lado daqueles que souberam e aproveitaram o melhor de você nos melhores momentos.

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