Mulheres

Crítica – Fomos Canções

Rom-com espanhola da Netflix leva mensagem sobre autonomia emocional de modo simpático

Pela última década, temos visto um aumento do que chamamos de comédias femininas, que diferentemente da típica comédia romântica focada no casal protagonista, temos um pequeno grupo de mulheres encarando situações de todo tipo na busca por uma renovação.

E, nada melhor que mirar uma nova fase ao lado das melhores amigas, certo?

É sobre isso Fomos Canções, produção espanhola da Netflix que já está disponível no catálogo da plataforma. Maca (María Valverde), uma atrapalhada mulher de 30 anos que mora em Madrid, que está presa como assistente de uma opressora e terrível influenciadora digital, desperdiçando seu talento passando a maior parte do tempo com caras com quem ela nunca consegue estabelecer um vínculo emocional. Junto de suas duas amigas, Jimena (Elisabet Casanovas) e Adriana (Susana Abaitua), Maca se esforça para aproveitar ao máximo a vida e a felicidade. Tudo parece estar indo bem até que o ex-namorado dela, Leo (Álex González), retorna à sua vida, virando sua vida quase perfeita de cabeça para baixo. Leo foi o maior erro de Maca, o homem que partiu seu coração e destruiu sua auto-estima e fé nos relacionamentos. Agora, ela tem que aceitar que deve enfrentar aquelas emoções reprimidas por tanto tempo, lidando com a memória inesquecível do que poderia ter sido e nunca foi.

As três mosqueteiras

Amizade feminina sempre gera ótimos assuntos a serem discutidos. Algumas produções hollywoodianas ganharam bom destaque ao abordar o tema, como: O Clube das Desquitadas (1996), A Escolha Perfeita (2012), Perfeita é a Mãe (2016), e outras tantas.

Em Fomos Canções, deve-se acrescentar um pouquinho de tempero espanhol nessa fórmula cinematográfica de sucesso, lembrando outras duas obras também parte do cardápio Netflix, no caso, Valéria e Como Superar um Fora, sendo esta última originalmente do Peru.

Na real, a recente rom-com espanhola não consegue ir além dos limites que o próprio gênero se impôs ao longo de décadas. Ainda assim, vemos uma narrativa capaz de entreter pela simpatia, enquanto põe em prática aquela velha manobra de romper a quarta parede falando diretamente com o público, tipo Woody Allen em Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977), ou mesmo nos filmes baseados em quadrinhos protagonizados pelo anti-herói Deadpool.

Honestidade na relação

Cada uma das três amigas, enfrenta uma situação específica. No caso de Adriana, observamos uma esposa zelosa com o próprio casamento e compromissos que vêm atrelados à vida matrimonial. Mesmo assim, quando as coisas começam a amornar entre o casal é necessário a inserção de algo novo para manter a relação viva.

Surge a ideia de apimentar as coisas, incluindo uma terceira pessoa durante as relações sexuais, algo que ambos aceitaram de modo consciente. Mas, na hora do rala e rola, algo transcendeu a relação carnal, complicando um pouquinho as coisas.

A partir disso, Fomos Canções comenta sobre a honestidade com nós mesmos, também da relação entre os casados, obviamente. E, que se quisermos ser felizes na vida, o caminho da verdade é a melhor opção, aceitando as mudanças que acontecem.

Lembre do passado, viva o presente

Agora, quando a narrativa cobre os acontecimentos da vida de Jimena, temos algo minimamente mais cômico. A jovem, que perdeu o namorado em um acidente onze anos antes, no presente, vive em busca de uma nova versão de seu antigo amor.

Receita para o desastre, né?!

Claro, que projetar quaisquer novos parceiros românticos sob a figura de seu grande amor do passado, apesar de confortável, só irá sabotar cada uma destas relações.

Então, a solução para Jimena deve ser deixar o passado onde ele pertence, se realmente quiser se acertar no seu presente.

Sobre autonomia emocoinal

Contudo, de todas as lições e mensagens deixadas pela narrativa de Fomos Canções da Netflix, uma tem mais força: a busca pela autonomia.

Olhando para Maca, testemunhamos uma mulher repleta de talentos e inteligência, então estranhamos ver a moça tão travada emocionalmente quando Leo retorna à sua vida. Situação parecida com a protagonista da madura série Sex/Life, também uma produção original Netflix.

Desta forma, iremos acompanhar pelas quase duas horas de filme, as etapas pertencentes ao processo de desapego, que vez ou outra tivemos de enfrentar em nossas vidas.

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