Serial Killer

Crítica – Halloween Kills: O Terror Continua

Celebrada franquia de terror apenas representa o elemento slasher em trama que não vai a lugar algum

A piada está pronta!

Em Halloween Kills: O Terror Continua… mas a história já morreu faz tempo!

Lamentavelmente, esta que é das mais relevantes franquias do terror slasher tem se mostrado um tanto empacada. Quando “reviveram” o serial killer Michael Myers no longa Halloween (2018), dirigido por David Gordon Green, tentaram trazer algo de novo para o material.

Falharam.

No primeiro dos três longas-metragens que formam a nova trilogia, vimos a narrativa buscando comentar o impacto do trauma, não apenas daquela figura que sobreviveu ao grande terror, como também das gerações seguintes conectadas àquela que comeu o pão que o diabo amassou.

Apesar da produção de 2018 ter apresentado claro desnível narrativo, não dá para negar a cena final quando observamos avó, filha e neta na caçamba de uma caminhonete, todas ensanguentadas após finalmente “matar” Michael Myers. De repente, a câmera faz um movimento fechando com um plano detalhe na mão da neta de Laurie Strode, que segura com muita firmeza uma faca banhada de sangue.

Agora, em Halloween Kills: O Terror Continua, minutos depois de Laurie Strode (Jamie Lee Curtis), sua filha Karen (Judy Greer) e sua neta Allyson (Andi Matichak) deixarem o monstro mascarado Michael Myers enjaulado e queimando no porão de Laurie, são levadas às pressas para o hospital, pois Laurie apresenta ferimentos graves, acreditando que ela finalmente matou seu torturador de toda a vida. Mas quando Michael consegue se livrar da armadilha de Laurie, seu ritual de banho de sangue recomeça. Enquanto Laurie luta contra sua dor e se prepara para se defender novamente, testemunha sua filha e neta juntando-se a um grupo de outros sobreviventes da primeira onda de violência de Michael que decidiram resolver o problema por conta própria, formando uma multidão de vigilantes que começa a caçar o assassino em série de uma vez por todas.

O fenômeno do medo

Os roteiristas Scott Teems e Danny McBride, além do diretor David Gordon Green bem que tentaram, de novo, trazer algum ingrediente fresco à velha receita da série de filmes Halloween. E, de novo, falharam na missão.

Se no longa anterior o tema era traumas, aqui nesta versão mais recente, falam sobre o medo. Em especial, quando este toma o interior da pessoa, transtornando-a e deformando sua índole e espírito.

Convenhamos que não era má ideia no papel, porém muito mal executada na prática, que optou pela estridência, no lugar da construção emocional pontual.

Mesmo depois de finalizar tal proposta, fazendo alguns dos personagens que se encontram na caçada à Michael Myers refletirem suas atitudes, sentimos o quão superficial foi a argumentação imprimida pelo cineasta responsável pela retomada da franquia.

Este é o maior problema de Halloween Kills: O Terror Continua: tanta matança e sangue não representam nada além do som da faca, ou qualquer outro objeto cortante, perfurando as entranhas da vítima.

Protagonismo equivocado

A pergunta primordial que deve ser feita: quem é Michael Myers?

Michael Myers é uma máquina de matar. Ele respira, caminha e mata. Simples assim. Sem motivações ou preferências. Ele vê, ele mata.

Alguém mais desinformado pode acreditar que esta é uma construção de personagem muito crua, até mesmo básica. Porém, exatamente por termos tão pouca informação ou base, que tememos essa monstruosidade que ele representa. Ele é o ultimato, a declaração irrevogável da morte que se aproxima.

Isto está bem definido desde o clássico de 1978 dirigido pelo respeitado John Carpenter, portanto após assistir Halloween Kills: O Terror Continua devemos questionar a razão de terem selecionado um claro antagonista como protagonista desta segunda parte.

Os realizadores desta obra fizeram o impensável: tentaram justificar o serial killer mais violento entre aqueles conhecidos da cultura pop, sem a noção que ao fazer isso, esvaziam a figura icônica do cinema de terror.

Pior: retiraram o conflito central que melhor representa estes filmes, no caso, o embate entre Laurie Strode e o psicopata mascarado.

Todas as piores escolhas que poderiam ser feitas, aconteceram aqui. Ainda temos mais um filme que promete botar um ponto final nessa chacina. Existe um bom ponto de partida para o capítulo decisivo, que deve explorar a “imortalidade” de Michael Myers.

Fica a torcida para que façam diferente e aproveitem melhor o que estas personagens têm a oferecer para a história e os espectadores nas poltronas.

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