Cinema Brasileiro

Crítica – Amor Sem Medida

Comédia romântica nacional da Netflix não brilha, mas sabe aproveitar bem o conceito do humor burlesco

Dizem por aí que brasileiro não cria, só copia…

Se isso é verdade ou balela, não é o momento para tal discussão, até mesmo porque seria uma muito longa e repleta de todo tipo de argumentações. Todavia, é inegável que sempre buscamos influências diferentes de todos os lugares, algo que deve ser motivo de elogio, nunca de repreensão.

Óbvio, que isso também vale para o audiovisual. Portanto, podemos afirmar esta ideia por “n” motivos diferentes, sendo que um destes é a mais nova rom-com de produção nacional disponibilizada pela plataforma Netflix, Amor Sem Medida, estrelada por Leandro Hassum e Juliana Paes.

Em 2019, também ficou disponível para o assinante, a comédia romântica teen Crush à Altura, de trama levemente similar à esta, uma vez que ambas tratam o assunto da estatura das pessoas e sua relação com o mundo externo.

Na produção adolescente americana mantinham o foco na altíssima jovem estudante do colegial, enquanto no longa brasileiro optam por argumentar ambos os lados do relacionamento, ou seja, daquele que é mais alto, como também daquele de estatura menor.

Amor Sem Medida, já disponível no catálogo da Netflix, conta a história de uma advogada divorciada (Juliana Paes) que se apaixona por um cardiologista carismático (Leandro Hassum). Mas quando a diferença de tamanho leva à fricção familiar, realmente saberemos se ela está pronta para ouvir os outros ou seu próprio coração?

Humor burlesco em ação

Dentro das subcategorias da comédia, encontramos uma denominada como burlesco, que se define como um trabalho literário, dramático ou musical com o intuito de causar riso ao caricaturar a maneira ou o espírito de trabalhos sérios ou por tratamento grotesco de seus assuntos. A palavra é de origem italiana, que por sua vez deriva da palavra ‘burla’, que significa “piada”, “ridículo” ou “zombaria”. O burlesco reúne vários elementos, como caricatura, paródia, sátira e travessura, e, em sentido teatral, estilo extravaganza, como apresentado na Era Vitoriana.

Na história do cinema sempre tivemos a oportunidade de testemunhar grandes comédias desse estilo, como por exemplo: Levada da Breca (1938); Cantando na Chuva (1952); Quanto Mais Quente Melhor (1959); Mary Poppins (1964); Monty Python: Em Busca do Cálice Sagrado (1975); Apertem os Cintos… o Piloto Sumiu! (1980) e assim por diante.

Após a década de 1980, conhecida por seus materiais um tanto homogeneizados, mesmo na comédia, adentramos a última década do século XX com a volta de uma proposta mais burlesca para o cinema do riso.

Em 1994, os irmãos Peter e Bobby Farrelly lançaram seu longa-metragem de estreia Debi & Loide – Dois Idiotas em Apuros, que mudou o cenário humorístico em Hollywood, trazendo de volta um tipo de troça provocativa e reflexiva que estava em falta no mercado americano.

Dito isso: fica claro que Amor Sem Medida da Netflix se inspirou no cinema praticado pelos irmãos Farrelly para desenvolver sua narrativa, sendo que também notamos uma orientação mais comedida nas falas e ações da obra.

O melhor exemplo disso é a performance do popular comediante Leandro Hassum, que entrega através desta produção original da Netflix, sua mais competente atuação cômica em toda a carreira. Acostumado sempre a gritar e espernear exageradamente em cenas, agora, testemunhamos uma nova face do ator, que percebeu em muitas ocasiões: que menos é mais.

Apesar de não brilhar ou se destacar demais, Amor Sem Medida cumpre sua função como agente representativo da comédia, consequentemente também age em favor da reflexão. Algo primordial para que continuemos desenvolvendo nossos íntimos, como também nossa sociedade… que se encontra sempre em reforma.

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