Viva Os Diferentes

Crítica – Clifford – O Gigante Cão Vermelho

Live-action baseado na série de livros infantis agradará as crianças, acompanhadas dos adultos que também podem aproveitar bastante caso se deixem contagiar pelo doce júbilo

Lembram-se da parte final do emotivo Em Busca da Terra do Nunca (2004) de Marc Forster, quando o romancista e dramaturgo escocês J. M. Barrie, interpretado por Johnny Depp, resolve estrategicamente reservar alguns assentos do teatro onde revelará seu mais recente trabalho Peter Pan para algumas crianças que vivem nos orfanatos londrinos?!

Então, tínhamos um recinto repleto de adultos da alta sociedade inglesa desacompanhados de crianças, perplexos ao reparar pequeninos sentados bem do lado. Quando se erguem as cortinas e inicia-se a peça Peter Pan, qual é a primeira coisa que miram no palco?

Um “cachorro” peludo, bonitinho e engraçadinho.

Pronto! J. M. Barrie precisou de uma única cena para ganhar o coração de seu público, que já soltou tímidos risos só de perceber a contagiante alegria das crianças entusiasmadas e extremamente sorridentes de ver aquele cachorro perambulando pelo palco fazendo truques e coisas divertidas. Dali em diante, todos os adultos compraram de modo sincero a história de um menino perdido que não queria crescer diante o tique-toque da morte no fim da estrada.

Esta experiência vista no longa-metragem de Marc Forster também serve direitinho para a estreia dos cinemas Clifford: O Gigante Cão Vermelho, versão live-action baseada na obra de Norman Bridwell, que conta a história de Emily Elizabeth (Darby Camp), uma estudante do Ensino Fundamental que conhece um salvador de animais mágico (John Cleese) que lhe dá um cachorrinho vermelho, porém, ela nunca imaginou acordar no dia seguinte para encontrar um cão gigante de três metros em seu pequeno apartamento em Nova York. Enquanto sua mãe (Sienna Guillory) está viajando a negócios, Emily e seu tio divertido, mas impulsivo, Casey (Jack Whitehall) partem em uma aventura que os manterão no limite enquanto dão uma “mordida” na Big Apple, junto do filhote gigante Clifford, que vai ensinar o mundo a amar grande!

Diferentes! Mostrem seu valor!

Melhor afirmar logo de cara que Clifford: O Gigante Cão Vermelho foi feito e totalmente direcionado para alavancar o entretenimento das crianças. O fofo filhotinho vermelho e estabanado de três metros de altura é um deleite para os menores de estatura, mas gigantes no entusiasmo!

À parte o fator de termos uma história sobre um ‘dog’ enorme brincando, devorando tudo e fazendo (muito) xixi nas árvores do Central Park em Nova York, observamos que o tipo de humor aplicado pelo roteiro de Jay Scherick, David Ronn e Blaise Hemingway também foca em situações que rondam o mundo dos bem mais jovens, que estão quase saindo da infância e dando os primeiros passos na adolescência.

A protagonista carismática e ligeiramente atrevida Emily, papel da adorável Darby Camp, fisga facilmente qualquer um, ainda mais aqueles que se sentem deslocados ou são chamados de estranhos pelos coleguinhas.

Clifford: O Gigante Cão Vermelho é sobre isso: exaltar que aqueles que são vistos como diferentes também sentem muito quando apontam os dedos em sua direção e que a melhor maneira de mostrarem seu valor para que saibam quem realmente são nessa vida é se comunicar honestamente para que outros saibam suas histórias e verdades.

Caso façam isso, naturalmente se preencherão de amor próprio, além do carinho daqueles que estão em volta.

Agora, para os adultos que forem acompanhar suas crianças nas sessões do filme, melhor se soltar daquelas velhas amarras da vida cotidiana massacrante, e se deixar levar pela doçura que um dia tivemos sobre tudo, mas que permanece brilhando e estourando como fogos de artifício nos espíritos dos pequeninos. Se assim o fizerem, Clifford, Emily e tudo o mais da obra live-action serão o suficiente para que riam e relaxem um pouco. Algo que merecemos todos os dias.

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