Girl Power

Crítica – Coquetel Explosivo

Longa de ação da Amazon Prime Video apresenta elenco feminino inspirado em narrativa que se esgota bem antes do clímax

Nos tempos atuais, temos visto cada vez mais produções do gênero ação lideradas por protagonistas femininas de destaque. Às vezes, expandem ainda mais, recheando a trama com tantas outras mulheres boas de briga, seja na luta corpo a corpo, armas ou qualquer outra coisa que servir para causar algum dano físico irreparável em um possível adversário.

Recentemente, uma atriz hollywoodiana em especial, deixou uma marca inquestionável nos últimos anos: Charlize Theron.

Lá pelo começo do século, já arriscava alguns papéis que necessitavam um tanto de fisicalidade, como Uma Saída de Mestre (2003), Æon Flux (2005) e Hancock (2008), por exemplo. Porém, foi a partir do ótimo Mad Max: Estrada da Fúria (2015) de George Miller, que ela subiu de patamar, tornando-se uma referência dentro do gênero.

Depois de estrelar o último trabalho de Miller, ainda fez Atômica (2017), Velozes e Furiosos 8 (2017), e mais recentemente, The Old Guard (2020).

Por mais admirável que seja testemunhar a atriz de origem sul-africana arrebentando a cara de alguns capangas, ainda é muito pouco! São necessárias mais personagens femininas como ela, estrelando grandes produções de ação de todo tipo, para trazer diversidade e uma visão mais ampla e progressista do que significa ser mulher nos dias de hoje.

Talvez, Coquetel Explosivo, mais nova produção original da Amazon Prime Video possa representar mais um passo nesse caminho para a carismática e habilidosa Karen Gillan.

Dirigido pelo israelense Navot Papushado, acompanhamos Sam (Karen Gillan) que tinha apenas 12 anos quando sua mãe Scarlet (Lena Headey), uma assassina de elite, foi forçada a abandoná-la. Sam foi criada pela A Firma, o sindicato do crime cruel para o qual sua mãe trabalhava. Agora, 15 anos depois, ela seguiu os passos de sua mãe e se tornou uma assassina feroz, usando seus “talentos” para limpar as bagunças mais perigosas da empresa. Mas quando um trabalho de alto risco dá errado, Sam deve escolher entre servir A Firma ou proteger a vida de uma menina inocente de 8 anos. Com um alvo nas costas, a assassina em série tem apenas uma chance de sobreviver: reunir-se com sua mãe e suas associadas: as bibliotecárias (Angela Bassett, Michelle Yeoh e Carla Gugino). As três gerações de mulheres devem agora aprender a confiar umas nas outras, enfrentar A Firma e seu exército de capangas, e levantar o inferno contra aqueles que querem matá-las.

Esquadra boa de briga

Definitivamente, a maior qualidade encontrada em Coquetel Explosivo está no elenco encabeçado por Karen Gillan, que já vem atuando em produções de ação, tipo as franquias Guardiões da Galáxia e Jumanji. Agora, a atriz escocesa de apenas 33 anos de idade, ganha uma chance de ouro como protagonista na obra de Papushado.

E, devemos dizer que ela aproveitou muito bem, já que sua personagem Sam é um tipo bem peculiar, especialmente pela maneira que se comunica com outros, sempre apresentando uma inocência infantilizada na face (narrativamente justificada), que torna toda a matança que vemos, um tanto mais atraente.

Suas comparsas em armas também se saem bem, cada uma diferente, usando de linguagem própria. Dentre elas, Carla Gugino ganha algum destaque como uma bibliotecária que faz um tipo recatada, que é só fachada para uma mulher que sai na mão contra homens usando uma machadinha estilo ‘tomahawk’.

Quando estilo demais compromete

Assistindo Coquetel Explosivo da Amazon Prime Video fica óbvio que Navot Papushado tem influências claras de Quentin Tarantino, Robert Rodriguez e Nicolas Winding Refn, para citar alguns.

O cineasta israelense tenta em aproximadamente duas horas, mostrar todo o arsenal técnico que tem para fazer de Coquetel Explosivo algo incrivelmente atrativo. Ele consegue, mas por pouco tempo.

Antes de chegarmos na metade da projeção perceberemos que Papushado, que possui predicados notáveis na construção de cenários com a direção de arte, além de uma destreza com a câmera, na verdade sobrecarrega demais sua narrativa com muitos elementos que após um certo momento soam cansados, tipo um uso excessivo e ineficaz do efeito slow motion (câmera lenta), por exemplo.

Soubesse modular com mais parcimônia, certamente teria construído uma narrativa que iria do começo ao fim. Mas que infelizmente morre pelo meio do caminho… por exaustão.

Um elenco tão inspirado como este merecia mais.

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