Acertando as contas

Crítica – O Bom Velhinho Voltou

Comédia britânica natalina produzida pela Netflix cumpre seu papel, muito pela simpatia do elenco

Fica disponível na plataforma Netflix, mais uma produção natalina. Dessa vez temos a comédia O Bom Velhinho Voltou, que por incrível que pareça não se refere à figura de São Nicolau, todo de vermelho, barba branca e um sacão cheio de presentes nas costas.

Nesta fotografia familiar quatro irmãs (Nathalie Cox; Elizabeth Hurley; Talulah Riley; Naomi Frederick) se reúnem para o Natal em uma mansão em Yorkshire, na Inglaterra. Juntas aprendem uma lição sobre união familiar quando o pai (Kelsey Grammer) reaparece após anos sem dar notícias.

Comédia de exageros

Dentre os tipos variados de comédia, esta aqui vista em O Bom Velhinho Voltou é a que de costume gera maior afastamento do público, que nem sempre tolera situações estapafúrdias representadas pelas personagens em cena.

Além de ganharmos de presente personalidades do tipo unidimensionais, ou seja, aqueles que possuem só uma característica comportamental que os definem por completo, não necessitando de qualquer desenvolvimento, totalmente previsíveis em suas ações, fazendo o público saber do começo ao fim como se portariam em determinadas ocasiões.

Desta maneira, temos: a irmã “perfeita” que faz questão que tudo esteja organizado e simetricamente alinhado, planejando cada detalhe e surtando quando algo dá errado; outra que é bem sucedida e esnobe, reclamando de tudo e todos ao seu redor; uma terceira que faz o tipo “diferentona”, menos social que é obcecada pelo próprio trabalho; e, por último, a caçula rebelde que faz o que quer sem levar em consideração a opinião alheia.

Quatro personalidades diferentes que terão que acertas contas, se quiserem passar o feriado de Natal pacificamente. Já dá para sacar que nada será tranquilo nessa reunião familiar, não?!

Adicionem mais um ingrediente: a figura paterna que largou mãe e filhas, e agora retorna décadas depois para tentar consertar uma vida abstinente. Portanto, também praticam uma tentativa de drama (bem) superficial em O Bom Velhinho Voltou, que só funciona minimamente porque alguns dos atores do elenco se esforçam para conseguir tirar algo real e honesto de um roteiro que só cumpre a tabela sem inspiração alguma.

Elenco salvador

Existe um ditado entre aqueles que trabalham com produções cinematográficas que afirma que a escolha dos atores que formam o elenco, representa praticamente cinquenta por cento (50%) do trabalho no desenvolvimento de uma história.

Longe de querer quantificar em números algo que está sujeito à subjetividade, mas seja qual for a importância da escalação dos atores, fica fácil perceber que não fossem estes seria praticamente intragável assistir à nova comédia natalina da Netflix.

Mesmo unidimensionais, a maioria deles tiram de letra, tanto as partes cômicas, que serão capazes de manifestar mínimas risadas entre os assinantes da plataforma, como também alguns breves momentos que miram acalentar o coração de quem assiste.

No quesito humorístico destacam-se as atrizes Elizabeth Hurley e Talulah Riley, que vivem se engalfinhando com ofensas leves e ironias, como quando tiram sarro da idade da personagem de Hurley, que faz a irmã mais velha do bando; enquanto na parte dramática, só o veterano Kelsey Grammer merece algum destaque positivo, principalmente quando se mostra vulnerável para as quatro filhas, admitindo seus erros.

Só pelo elenco que aguentamos toda a superficialidade de O Bom Velhinho Voltou. Torcer para que os próximos filmes natalinos da Netflix tenham um pouquinho mais a oferecer para seus assinantes, pois se continuar assim, certamente teremos uma ceia muito insatisfatória.

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