Família Sideral

Crítica: Perdidos no Espaço – 3ª Temporada

Temporada final da popular série sci-fi fecha o ciclo de aventuras no espaço de forma mais emocional sem alterar o fator entretenimento

É sempre uma sensação diferente quando iniciamos um novo volume de uma série, já sabendo que aquilo representará um adeus àqueles personagens.

Ainda no começo de 2020, Perdidos no Espaço foi renovada para uma terceira e última temporada, que chegou agorinha na plataforma Netflix. Dizem que perto do fim, sempre lembramos do começo de tudo, assim, melhor já ir adiantando para os mais fanáticos pelo material que a temporada derradeira recentemente disponibilizada é a melhor das três partes e que provavelmente irá agradar a maior porção destes assinantes devotos da obra que é uma reimaginação da série de 1965 de mesmo nome (ela própria uma reimaginação do romance de 1812 ‘The Swiss Family Robinson’).

Esta terceira parte é o oposto da primeira temporada lançada em 2018, que deixou a desejar pela pouca audácia em um enredo que aborda a exploração espacial. Agora, passado um ano inteiro da missão com as crianças da Resolute, testemunhamos as durezas diante os irmãos Judy (Taylor Russell), Penny (Mina Sundwall) e Will (Maxwell Jenkins) para conseguir o titânio necessário para poderem embarcar para a tão desejada Alfa Centauri.

Para os mais desavisados, Perdidos no Espaço tem início em 2046, dois anos após um evento de impacto que ameaça a sobrevivência da humanidade, quando a família Robinson foi selecionada para a 24ª missão da Resolute (24º Grupo Colonista), uma espaçonave interestelar carregando famílias para colonizar o sistema planetário Alfa Centauri. Entretanto, antes de chegarem ao seu destino, um robô alienígena quebra o casco da espaçonave, sendo forçados a aterrizar em um planeta habitável próximo. Lá, irão enfrentar um ambiente estranho e lutar contra seus próprios demônios pessoais, enquanto procuram um caminho de volta ao destino traçado.

Roteiro

Dentre as três temporadas de Perdidos no Espaço, esta mais atual é a única que disponibilizou apenas oito episódios, diferentemente das anteriores que apresentava dez episódios cada; tal fator contribuiu bastante para um melhor proveito dos momentos definitivos que envolvem a mundialmente reconhecida Família Robinson, pois manteve a dinâmica dos acontecimentos em um ritmo mais alto que de costume, aumentando a ligação entre assinante e material de forma mais energizada.

Outro fator que contribuiu nesta parte final foi iniciar o volume separando crianças dos pais. Os mais jovens encontram-se em um planeta desconhecido tentando sobreviver a qualquer custo; enquanto os chefes de família começam em um planeta tropical sem nome dentro do Sistema Perigo, obviamente em busca de seus filhos.

A partir desta premissa que envolve o encontro familiar, embarcamos com facilidade nas aventuras isoladas de dois grupos que têm a clara intenção de se juntar novamente. Algo que só ocorrerá precisamente na metade da temporada atual, dando espaço para que os personagens cresçam e se desenvolvam distantes um do outro.

Consequentemente, temos um material do tipo familiar, que além de querer juntar pais e filhos, promove chances para também testemunharmos uma história sobre amadurecimento, tanto para os mais velhos quanto para os mais novos.

Crianças

Entre os irmãos Robinson, notamos um maior destaque nesta parte final para a capitã Judy, a mais velha do clã, que se vê como a maior responsável pela tripulação que habita um planeta desconhecido, ao mesmo tempo que busca acertar contas com seu passado.

No quinto episódio intitulado ‘Presos’, veremos o melhor de Judy em cena, que tem em Taylor Russell uma intérprete cativante. Este capítulo revela o porquê da jovem capitã tentar tão além de seus limites mostrar seu valor como líder, além de ser uma referência para outros. Aqui, temos mãe e filha no mesmo patamar, o que indica olhar para a outra e, vice-versa, armadas da verdade sobre como realmente se sentem.

Enquanto o corajoso Will, sempre acompanhado de seu melhor amigo Robô, percebe que existe um algo mais em sua relação com o alienígena metalizado que pode representar a salvação de todos os envolvidos nessa jornada de reencontro.

Agora, Penny só conseguirá mostrar seu valor no último capítulo deste terceiro volume, quando colocará em prática algo que aprendeu com seu irmão mais novo.

Adultos

No grupo dos adultos percebemos dois momentos diferentes: no começo, eles buscam uma solução de como tentar encontrar seus filhos desaparecidos juntando forças com o mecatrônico Espantalho, onde temos uma narrativa do tipo ‘heist’ (roubo); depois em um segundo momento, acompanharemos o sacrifício que normalmente vem junto com o cargo de mãe e pai durante a vida familiar.

Contudo, o momento de maior crescimento para Maureen (Molly Parker) e John Robinson (Toby Stephens) vêm quando vão parar em um planeta pantanoso onde encontram-se separados em duplas. Ali, pela primeira vez, perceberão quem realmente são seus filhos hoje em dia e as mudanças que ocorreram até a chegada desta hora, junto com a tomada de conscientização de que agora em diante, nada mais está sob o controle deles mesmos. Tudo o que resta é acreditar que seus pequenos, na realidade são tão grandes que podem se virar por conta própria a partir de agora.

União familiar

Que Perdidos no Espaço é uma obra que exalta o trabalho familiar ninguém discute, algo mais do que óbvio desde o princípio. Todavia, o que tornou esta temporada derradeira tão mais atraente do que as duas anteriores foi o fator separação, que permitiu que cada um dos membros da família Robinson crescesse de alguma forma, também cada um em seu momento especial.

Esse elemento spielbergiano da trama é o coração que pulsa, e provavelmente deixará saudades para os fãs do material, que viu na cartada final da série produzida pela Netflix algo um pouco mais notável em comparação com o que havia sido disponibilizado antes.

Mostrando que definitivamente todos nós somos capazes de mudar nossa programação para algo melhor, caso estejamos abertos a entender que transformações são o que movem as coisas para frente. Na Terra, Alfa Centauri ou em qualquer outro canto do universo.

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