Cantante & Dançante

Crítica: Rebelde – 1ª Temporada

Remake da mundialmente famosa telenovela mexicana não foge do trivial e pouco consegue tratar algumas das temáticas dramáticas de modo convincente

É isso mesmo! Você leu certinho!

E sim, estamos no ano de 2022.

Fica fácil imaginar qualquer um se confundindo logo após ler o título do texto. Talvez imaginaram que voltamos para 2006 ou algo assim, quando notaram a palavra ‘Rebelde’, né?!

Totalmente natural.

Mas, só avisando que o título se refere, sim, à telenovela mexicana que fez um enorme sucesso mundialmente entre 2004-2006. A produção televisiva que deu vida ao grupo de pop latino RBD, constituído pelo sexteto: Anahí, Alfonso Herrera, Dulce María, Christopher von Uckermann, Maite Perroni e Christian Chávez.

Já sabendo que a Netflix não é boba nem nada, viu uma oportunidade para tentar recriar o grande sucesso da primeira década do século novamente. Porém, a pergunta que fica é: será que serão capazes de estabelecer mais um fenômeno popular?

Nesta nova versão mais atualizada de Rebelde observamos alunos de diferentes origens socioeconômicas que se cruzam em uma escola particular de elite. Entretanto, convivem com uma sociedade secreta que ameaça acabar com os sonhos musicais dos alunos da escola particular especializada em desenvolver talentos dos palcos.

Bullying

Sendo uma série voltada para o público adolescente/jovem, nada mais natural acompanharmos uma narrativa que aproveite para abordar e discutir alguns temas que são muito comuns àqueles que estão vivendo esta fase atualmente.

Também não é nenhuma novidade que falar sobre bullying escolar em tramas do tipo coming-of-age (amadurecimento) tornou-se um protocolo obrigatório, até mesmo porque isso, infelizmente, continua sendo algo rotineiro na vida de tantos(as) garotos(as) mundo afora.

No elenco principal, formado por oito personagens, temos pelo menos três que se aproveitam de qualquer oportunidade para engrandecer-se usando o próximo de comparativo, logicamente diminuindo seus colegas nessa proposta de chamar a atenção.

Contudo, é uma pena que a narrativa de Rebelde da Netflix falha miseravelmente em se aprofundar no tema. Mas vejam, pois foram capazes de fazer ainda pior, uma vez que reparamos uma ausência de conflitos gritante por toda a temporada, tornando tudo um tanto superficial, inclusive uma abordagem de um assunto tão importante e sério como bullying nas escolas.

O peso do sobrenome

Surpreende que o fio narrativo desenvolvido para esta série Netflix (bem) telenovelesca, resolveu adentrar o terreno que comenta a respeito do peso de carregar alguns nomes de família. Algo que deveria representar certos privilégios, na realidade mostra-se uma grande “maldição” na vida de alguns jovens.

Este é o caso de dois personagens: Luka Colucci (Franco Masini) e Sebastián “Sebas” Langarica (Alejandro Puente).

O primeiro é filho de um homem muito poderoso, um tipo mandachuva capaz de manipular qualquer situação para conseguir o que realmente quer, especialmente quando o assunto é Luka, que se rebela o quanto pode de seu próprio pai; já o outro. é filho da prefeita, e possivelmente futura presidente do México.

Naturalmente testemunhamos ambos sucumbirem à pressão de suas famílias, agindo de modo agressivo, tanto com ações quanto palavras.

Praticamente uma versão (ainda) mais rasa do que aquilo visto em Casa Gucci, mais recente longa-metragem dirigido por Ridley Scott.

“Y Soy Rebelde”

Obviamente que um dos maiores atrativos da telenovela, assim como no grupo RBD, eram as músicas criadas que serviam para embalar os fãs mais entusiasmados que lotavam estádios e arenas para vivenciar aquilo que consideravam uma experiência única.

É mais do que justo afirmar que as canções latinas de estilo pop, que são bem grudentas, conseguem revelar alguns dos bons momentos dessa nova versão de Rebelde para a Netflix. No entanto, também pudemos encontrar alguns momentos bem problemáticos, dois deles estrelados por Giovanna Grigio, atriz brasileira (!) que faz parte do elenco principal.

Tanto na apresentação escolar, quando se veste de maneira toda gótica junto de seu parceiro musical, parecendo como dois modelos de passarela que simplesmente entraram na balada errada; quanto no montado videoclipe musical onde ambos ficam insinuando cenas sensuais ao som de uma música pop do grupo RBD, vimos o que existe de mais constrangedor em Rebelde.

Conclusão

Rebelde da Netflix repete a série espanhola Elite, inclusive no logo que usa letras invertidas!

Ambas representam uma nova geração que costuma ser exibida como algo exclusivamente frívolo. Concordemos: anos-luz longe de ser o caso.

Faltou aprofundamento, conflitos, emoções reais pela narrativa dessa produção mexicana, que contou com apenas um único ator mais dedicado, que sempre conseguiu exprimir verdade em suas cenas, mesmo àquelas mais dramáticas. O jovem Jerónimo Cantillo, que faz o papel do rapper colombiano Dixon, retratou algo honesto pelos episódios desta primeira temporada de Rebelde.

Esperamos que no retorno de uma bem provável segunda parte, vejamos algo um pouco mais marcante do que o pouco visto até o momento.

Tirando Dixon, fica difícil imaginar mais alguém do novo elenco, conseguindo fazer frente aos seis originais: Mía, Diego, Roberta, Miguel, Lupita e Giovanni.

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